Sigmundo Freud – Posturas
O Cômico, o Humor e o Chiste
Em “Os dez
amigos de Freud”, (Rouanet, Sérgio Paulo –– São Paulo: Companhia das Letras,
2003), ref. (17), o autor comenta a obra de Mark Twain enquanto
fonte de exemplos e justificativas dos comportamentos conforme as teorias
freudianas, que entre outras coisas identificou “posturas” relacionadas
com o Cômico, o Humor e o Chiste, que no
Burlesco, estão associadas a estilos de
comportamentos (burlescos), dos quais falaremos mais adiante.
Assim,
- representamos o Cômico quando tentamos colocar do nosso lado o
julgamento crítico do interlocutor.
- mostramos o Humor quando nos desobrigamos da necessidade de
experimentar -sentimentos penosos.
- exibimos o Chiste quando
procuramos nos desembaraçar do julgamento crítico do interlocutor.
O
inconsciente e o chiste
Para Freud o Chiste é um compromisso
entre os impulsos localizados no inconsciente e as exigências do pensamento
crítico e tem como objetivo básico proporcionar o prazer. Dessa relação do inconsciente com os chistes (piadas e
gracejos) resultariam as piadas inócuas e as tendenciosas.
As piadas
inócuas, como os jogos de palavras, representação pelo oposto, condensação,
etc. nos proporcionam prazer apenas por causa das técnicas utilizadas para
formá-las, e consistem basicamente nos
mesmos processos utilizados pela censura para gerar o conteúdo manifesto dos
sonhos. Nestes, os desejos
são confrontados com a censura através
de associações da mente, usando grande poder de condensação de idéias e
deslocamentos para sentidos presumivelmente oposto das idéias das críticas.
Já as piadas tendenciosas são aquelas que tendem a
cumprir alguma finalidade, e o seu objetivo é a satisfação de desejos
inconscientes,
A formação de um chiste e sua constituição como o
pensamento expresso por ele gera satisfação e nos fazem rir e ainda com mais
intensidade neste caso, em que a piada cumpre um propósito ou uma "tendência" embutido no pensamento
expresso pelo chiste.
Segundo Freud, piadas
constituem uma forma de nos libertarmos de nossas inibições para expressar
instintos agressivos, sexuais, cinismo, etc., que, de outra forma, não seriam
levados ao nível consciente.
Percebemos como as piadas nos livram de nossas inibições quando rimos,
por exemplo, de uma piada de conteúdo sexual, bem contada, com o rigor da técnica que torna esse conteúdo uma piada.
Caso contrario, provavelmente não riremos, e o contador será qualificado apenas
como uma pessoa de mente "suja". A piada bem elaborada, de maneira
geral o é, quanto mais velada for a
expressão do seu conteúdo.
Freud ilustra com um chiste, como uma pessoa subalterna se livra das inibições,
ao atacar uma pessoa superior a quem se dirige como ao expressar conteúdo
sexual envolvendo a mãe deste. (j_nagado)