Cassio Carvalheiro

quinta-feira, 28 de junho de 2012

3. BURLESCO - modelo Estrutural


3. BURLESCO  - modelo Estrutural   

Bergson
Neste capítulo apresentaremos um modelo funcional  do processo de “fabricação do riso”, que toma os elementos  apresentados nos capítulos precedentes como insumos e  utiliza o crivo sério de importantes nomes  como o do psicólogo Henry Bérgson (1859 -1941) sobre os pensamentos a respeito do riso,
Em  “O Riso” - (Ref. 16) Bergson  faz um estudo de análise e interpretação dos aspectos filosóficos, psicológicos e sociais do cômico,  procurando determinar os processos de “fabricação do riso” na Comicidade das Formas e dos Movimentos,  na Força de expansão do Cômico (ou da fantasia cômica), Comicidade de Situações, Comicidade de Palavras e finalmente, na Comicidade de Caráter.
Nesse contexto, Bérgson trata também de apurar qual é a intenção da sociedade quando ri, procurando justificar três observações fundamentais (“ïnsights”)   .
- “Não há comicidade fora do que é propriamente humano.“
- “O maior inimigo do riso é  a emoção. Para o espectador neutro, muitos dramas se converterão em comédia. O cômico exige algo, como certa anestesia momentânea do coração para produzir todo o seu efeito. Ele se destina à inteligência pura.”
- “O riso parece precisar de eco para repercutir aqui e ali, como ocorre numa condução, na mesa de um bar, ao ouvir pessoas contando um caso. Tem uma função social: deve corresponder a certas exigências da vida em comum. Seu ambiente natural é  a sociedade.”

Embora Bérgson tenha procurado evitar o engessamento de seu estudo a definições   de humor ou comicidade (“seria quimérico pretender extrair todos os efeitos cômicos de uma só fórmula singela”), a definição que apresentamos abaixo, muito aceita pelos autores do início do século XX,  foi apropriadamente utilizada no desenvolvimento do seu estudo, para justificar processos de “fabricação do riso” e apurar a intenção da sociedade quando ri.:

 “Para que uma coisa seja cômica, é preciso que entre o efeito e a causa haja uma desarmonia”.

Bérgson mostra para o leitor a “causa especial dessa desarmonia que provoca nos circunstantes uma manifestação específica – o riso – enquanto que tantas outras qualidades ou defeitos deixam impassíveis os músculos do rosto do espectador”, demonstrando com humor que “para tal desarmonia concorre algo de ligeiramente atentatório (e especialmente atentatório) à vida social, porquanto a sociedade lhe reage com um gesto que tem todo o ar de uma reação defensiva, um gesto que causa uma vaga sensação de medo”

Plataforma do burlesco
O atento leitor irá ver essa idéia de “desarmonia” através de “fundamentos do burlesco”, identificadas em uma plataforma constituída de “protocolos lógicos, ideológicos e comportamentais”, onde apoiamos as configurações possíveis do cômico, humor, chiste , ou qualquer coisa (atitude, situação, ação, palavra, gesto, etc.) que possa fazer o homem rir  ou revelar seu caráter, como disse G. C. Lichtenberg : “Uma pessoa revela o próprio caráter por sua reação a uma piada”
Não se pretende descrever caracteres em nosso texto, isto é, tipos gerais, mas utilizar o conceito, conforme Bérgson, embutido nas idéias de rigidez, automatismo, distração, insociabilidade, etc, do indivíduo: “Em certo sentido, poder-se-ia dizer que todo caráter é cômico, desde que se entenda por caráter  como“ o quê há de já feito em nossa pessoa ”, e que está em nós em estado de mecanismo montado, capaz de funcionar automaticamente”.   Filloux, J.C  em “A Personalidade” (ref. 1) – 1966, define: O caráter é apenas um aspecto da personalidade, seu aspecto expressivo”
Considerando Caráter como um espaço genérico que contém as definições desses protocolos, ao invés de descrever caracteres, utilizamos esses protocolos para desenvolver “estilos” (do burlesco), e aqui admitimos a possibilidade de atribuir a nossa justa “homenagem” a qualquer pessoa que possa servir de modelo ao propósito de geração do Burlesco.
Confirmando o insight de Bérgson, diga-se a bem da verdade, que o campo  de nossas pesquisas foram conversas em bar, no estádio de futebol, no salão de barbeiro, roda de amigos na calçada, na pescaria, e outros lugares nem sempre tão prosaicos, onde  as pessoas fazem graça (ou são engraçadas) utilizando-se de  jargões próprios ao ambiente, em geral expondo de forma tendenciosa ou    atentatória (e especialmente atentatória), fatos e  vícios penosos à vida social.
O fato mais curioso  constatado foi que as pessoas assumem  determinadas atitudes, como se estivessem a agir por semelhança ao estilo de um ícone apropriado a determinado ambiente.
Observação: o livro “O cérebro do século XXI – de Seteven Rose,  expõe sobre uma classe de neurônios (“neurônios espelho”) que excitados em particular quando um indivíduo imita as ações dos outros, e os que são afinados com o registro das emoções e intenções dos outros, ou ao inferir atenção a partir da ação.. Evidentemente nosso
texto não irá explorar tal  perspectiva, embora sua leitura tenha indicado aspectos científicos relacionados com o  Burlesco.

O Burlesco utiliza as variáveis (caráter, fundamentos, tendências), em uma expressão matemática idealizada para expressar o estilo pessoal caracterizado  por certa lógica, ideologias e comportamentos, destarte existente no arcabouço inconsciente do indivíduo. Esse estilo alcança a eficácia gradualmente, pela adoção e conservação de procedimentos coerentes com aqueles protocolos,  que esta  estrutura pretende mostrar.
A Estrutura para  geração de “estilos burlescos” aqui proposta é autêntica, não possuindo  semelhança com qualquer outro modelo ou forma de  “fabricação do riso”  A formulação matemática associada a este gerador de estilos do Burlesco, com certeza irá estimular outros autores que se mostrarem dispostos a enfrentar o uso de conceitos matemáticos, como por exemplo, a definição de “campos burlescos”, para prospectar evidências do aparecimento de identidades intrinsecamente cômicas, ainda  não exploradas no mundo atual. (j_nagado – 28.06.2012)


Revisão: (01.08.2008 - 28.06.2012)

terça-feira, 19 de junho de 2012

ESTEREÓTIPOS E BARTHES – 04 (conclusão)


ESTEREÓTIPOS E BARTHES – 04 (conclusão)
Conclusão

Mostramos resumidamente a relação entre os  conceitos de mitos, estereótipos e ideologias.
Chamamos a atenção para a função heurística dos (mitos) estereótipos através dos quais podemos avaliar  o personagem burlesco  com  a profundidade de seus conflitos, a superficialidade de suas alegrias e o peso de suas perdas, que regula seu comportamento ou acusa seus problemas psicológicos. Além de  ajudá-lo a desfrutar o burlesco, o conceito de mitos oferece um meio para a leitura (semiótica) contextualizada de atitudes e cursos de ação alternativos e as conseqüências  para o personagem e dessa forma, também para o próprio leitor! Esta é uma função terapêutica do Burlesco, possibilitada pela satirizarão das “falas” donde se extraem “ideologias”  nem sempre bem esclarecidas do falante.   

A característica mais importante da ideologia é que ela quer, antes mostrar a verdade “que se tem de seguir”,  mostrar  um conjunto de enunciados que conduzam à reflexão sobre outros conjuntos de enunciados e assim por diante, sejam quais forem os fundamentos utilizados para evitar o “o jogo de dar e pedir razões”. Assim, é intrínseco à ideologia tomar o valor burlesco dos predicados dos fundamentos mitológicos, teológicos e morais para proceder  ao engodo, a ilusão ou o erro de indivíduos de certas camadas da população quanto à sua visão de mundo. .Os indivíduos dessas camadas, por exemplo,  se apropriam de visões  alienadas que os levam a perceber o capital sempre transfigurado em valor, os bens de consumo em status, as situações em oportunidades, as pessoas em degraus para a ascensão social e assim por diante.(extrato do Burlesco - 3.3.1- Expansão do conceito de fundamentos do Burlesco)
A ideologia, na estrutura do Burlesco está associada a  fundamentos mitológicos, teológicos, filosóficos e morais, comprometidos com os estilos do burlesco. A  postagem de (29.01.2012) – Confraria do Riso  – Raquetadas - 001.2012 – mostra exemplos de utilização dos fundamentos.
(j_nagado – 18.06.2012) 

ESTEREÓTIPOS E BARTHES – 03 (continuação)


ESTEREÓTIPOS E BARTHES – 03 (continuação)
O Mito - Roland Barthes trata os Mitos como formas de ideologias.
Ideologia é um termo de diferentes significados e duas concepções: a neutra e a crítica. O termo ideologia é sinônimo ao termo ideário no senso comum, com o sentido neutro de conjunto de ideias, de pensamentos, de doutrinas ou de visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas. Utilizado sob uma concepção crítica, ideologia pode ser considerado um instrumento de dominação que age por meio de convencimento (persuasão ou dissuasão, mas não por meio da força física) de forma prescritiva, alienando a consciência humana. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre).
Tal concepção crítica, conforme Barthes, deve-se a três influências principais  devidas a Hjelmslev (linguística), pela conotação, de Durkheim (psicanálise), pelo enfoque de representação coletiva, e de Marx (política), pela Ideologia, em seu conceito particular, como distorção.
Sem que se relevem tais influências, consideradas polêmicas lingüísticas e psicanalíticas que envolvem tal tema,  para o Burlesco interessa o conceito particular (de Marx) da ideologia como distorção, considerando-se daí a necessidade de combater os estereótipos presentes nos mitos, recomendada por Barthes.
A fala mítica

Para o semiólogo Barthes, o Mito, é um modo de significação, que não nega a factualidade histórica, uma forma de fala inocente, ingênua (conotação), naturalizando e eternizando a  sociedade burguesa (representação coletiva), esta aqui representada pela sociedade francesa   na qual viveu Barthes, mas ocorrência normal alhures. 
A expressão - “o Mito é uma Fala”,  é usada por Barthes para conceituar  o mito como um modo de significação, uma forma, onde tudo que pode ser julgado por um discurso (uma fala) pode se constituir em mito, com seus limites históricos, condições de funcionamento e objetivos sociais. Barthes ainda acrescenta que a fala mítica conjuga não só a “natureza” das  coisas, dependendo  de matéria representativa (ou gráfica) já trabalhada tendo em vista uma comunicação apropriada, postulando uma significação, através da semiologia.  
Nesse sentido, Barthes aborda o Mito, em uma perspectiva negativa: É uma distorção  de sentido. Transforma o cultural em natural e o histórico em eterno. É um discurso (uma divagação) comprometido com o encobrimento, particularizando-se como uma ’’fala despolitizada’’, grifa Barthes.
Barthes aplica este conceito em “Mythologies” (1950), onde apresenta os princípios da semiótica em um ensaio (“Myth today”) sobre fenômenos da cultura popular francesa, e posteriormente (1.957), ele reuniu   seus artigos sobre mitos do cotidiano francês como  em   “A Ordem”  e outros escritos entre 1.954 e 1.956.
Nesses textos Roland Barthes exemplifica conceitos da semiótica  através do  relacionamento dos signos aos objetos ou idéias que representam, e a combinação dos signos em sistemas chamados códigos, decodificados pela atuação simultânea do significante e significado sobre nós.

Uma fala mítica: “A Ordem”, de Barthes.            
Em A Operação Astra , Roland .Barthes demonstra uma relação de causa-efeito  (metonímia) entre a ordem (regra ou lei estabelecida) e o “poder”, apontando um processo paradoxal e maniqueísta, através do qual este restaura “a Ordem” (como signo do bem transcendental), para uma sociedade estruturada como objeto de  tutela política, penal, religiosa, etc, isto é, dos valores que a Ordem defende.
O paradoxo consiste em:
- isolar certo valor (o exército, a Igreja, etc) que a Ordem quer restaurar,
- expor-lhes  toda sua imperfeição natural, através de suas mesquinharias, injustiças e piadas que suscita 
- e depois,  considerar todo o mal ou revolta que isso provoca, como uma obsessão, doença  comum, natural e desculpável,  que  a ordem exorciza,
- e finalmente, levar o doente (o povo) a representar  a natureza da sua revolta, e ela desaparece.
A atuação (apesar de tudo, fatal, vitoriosa e finalmente  benéfica) maniqueísta da Ordem,  é resgatada  pelo bem transcendental da Igreja, do exército, etc.
A Igreja, denunciada  pelo excessivo formalismo e pela hipocrisia de seus comedores de hóstia condena o crente em nome da  fé mesma e depois, num gesto extremo, usando o Verbo, ainda que rigoroso  e duro proclama a salvação pelo rigor moral e  santidade de suas vítimas.
A imagem do militar fazendo continência à bandeira, o signo de sua disciplina e respeito pela pátria, contrasta com a rotina tirana que seus chefes manifestam para o espectador. Sob a ordem de “Sentido!”, imediatamente vê-se rigidamente enfileirado, a imagem de um exército triunfante sob bandeiras tremulantes.  O clichê é muito  batido, mas nada se espera do espectador além do seu compromisso de fidelidade a essa Ordem.
Barthes em suas Mitologias (Barthes, Roland. Mitologias. 2003),  utiliza sete figuras de expressão de mitos,  explicitados a seguir.
Figuras de expressão dos Mitos
1. Vacina:  consiste em confessar o mal acidental de uma instituição de classe, para camuflar o seu mal indispensável.  

2. A omissão da história:  Quando o Mito fala sobre um objeto, despoja-o de toda a História. “A omissão da história” atua surrupiando, através do discurso do mito sobre um objeto. Trata-se da “irresponsabilidade do homem”, quando se refere à ausência do questionamento da origem do objeto;

3. A  identificação:  O pequeno-burguês é um homem incapaz de imaginar o Outro. “A identificação” observa apenas a semelhança de características, como dizer que “o outro só existe quando concorda comigo”. Acaba-se por transformar esse “outro”, em puro objeto, um espetáculo ou, até mesmo, uma marionete.

4. A tautologia:  É um processo verba, que consiste em definir o mesmo pelo mesmo (“o teatro é o teatro”) (ver  truismo.). “A tautologia” é uma redundância como”subir para cima”, ou tratar o mesmo pelo mesmo.

5. O ninismo (nem - nem  ismo):  Consiste em colocar dois contrários e equilibrar um com o outro, de modo a poder rejeitar os dois.(não quero isto nem aquilo). Recusam-se igualmente termos para os quais uma escolha  era difícil e foge-se do real intolerável.  

6. A quantificação da qualidade: Consiste em reduzir  toda a qualidade a uma quantidade.

7. A constatação:  O Mito tende para o provérbio. A “constatação” pode ser tratada como um axioma: todos os nossos provérbios populares representam mais uma fala ativa que pouco a pouco se solidificou em uma fala reflexiva, reduzida a uma constatação, e, de algum modo, tímida, ligada o máximo possível ao empirismo.(experiência como formadora de idéias).
 Estas figuras de expressão associadas aos mitos são reconhecidas  em diversos estilos do burlesco.(j_nagado-18.06.2012)

sexta-feira, 15 de junho de 2012

ESTEREÓTIPOS E BARTHES - 02 (continuação)


ESTEREÓTIPOS  E BARTHES - 02 (continuação) 

Estereótipo

O dicionário (Wikidicionário [1]) define estereótipo como “Conceito infundado sobre um determinado grupo social, atribuindo a todos os seres desse grupo uma característica, geralmente depreciativa; modelo irrefletido, imagem preconcebida e sem fundamento”
Neste sentido o Estereótipo é utilizado como  manifestação de machismo, aversão a homossexuais, aversão a pessoas e coisas estrangeiras (xenofobia), racismo e intolerância religiosa, sendo mais aceito frequentemente quando usado como salvo – conduto e presunção de inocência com o objetivo de fazer rir.
Esta definição alinha-se normalmente com os conceitos  de Sigmundo Freud (1856 – 1939) – sobre as posturas associadas ao Cômico, ao Humor e ao Chiste, conforme post no blog em (2.4.1) – Revendo Comportamentos – (f)Inconsciente.
Exemplos do Cômico, Humor e Chiste postados (02.06.2012) em CONFRARIAS DO RISO -TRASMONTANO - 001.2012, mostram comportamentos estereotipados identificados com aquelas  posturas mencionadas.
Os estereótipos são considerados preconceituosos (chiste) quando adentram o espaço da agressividade ou da discriminação. Em caso contrário, apenas realçam características sociais, culturais ou mesmo de ordem física comuns a grupos, o quê por si só não representam preconceito.
Tais características podem denotar simplesmente os costumes, modos de determinados grupos ou mesmo a aparência de povos de determinadas regiões, pura e simplesmente como forma ilustrativa ou educativa.
O conceito de estereótipo acima possui um significado bem comportado que não justificaria a necessidade do seu  combate como algo perigoso, a não ser quanto aos aspectos ideológicos vistos sob o enfoque da lingüística,  finalmente algo  novo para dimensionar o humor dentro do Burlesco

Ideologia

O blog (e o Google) acima citado  inclui  o texto:  
Kadota, Neiva Pitta (ref. 22) em “A Escritura Inquieta – Linguagem, Criação, Intertextualidade” - Estação Liberdade, 1999, reflete sobre os conceitos de Roland Barthes.(1915-1980), em “Elementos de Semiologia”, onde ele acentua a questão ideológica da língua, que  “nada tem de ingênuo em sua formulação... o que lhe permitiu estabelecer, e quase sempre manter, as diferenças entre classes sociais e os povos ditos superiores e inferiores...”, associada ao combate aos  estereótipos.
Kadota revela também o caráter contestador de Barthes em relação ã ideologia contida nos textos:  “É preciso, para fugir à ideologia que cerceia todo signo, trabalhar numa linha deformatória do texto anterior, praticar a anamorfose escritural. A anamorfose que se imprime à obra é, segundo Barthes, guiada  pelos constrangimentos formais dos sentidos”, ou seja, pelas alterações nela introduzidas e que poderão ser múltiplas (....), resultarão em uma outra fala, que tem algo mais ou algo novo a dizer, nunca, porém, o mesmo”.
Barthes trata os Mitos como ideologias, formas de dominação burguesa, como veremos no Burlesco, em Fundamentos Mitológicos (05.02).

ESTEREÓTIPOS E BARTHES - 01


Estereótipos  e Barthes

O GOOGLE registra como resultado de busca para “Estereótipos  e Barthes”, o post (2.5)  no blog Confrarias do Riso -licburlesco.blogspot.com/.../2.5-estereótipos – cont. .de elementos do.ht...4.abr.2012– associada ao combate aos estereótipos. Kadota revela também o caráter contestador de Roland Barthes em relação ã ideologia contida nos textos: “É ...
A postagem (2.5) no blog Confrarias do Riso aborda  os estereótipos  segundo Roland Barthes, justificando apenas que o estereótipo subvenciona uma das necessidades estruturais do Burlesco, a Ideologia. É isto que procuraremos esclarecer no que segue.



sábado, 2 de junho de 2012

CONFRARIAS DO RISO -TRASMONTANO - 001.2012


CONFRARIAS DO RISO -TRASMONTANO - 001.2012
       Sob este título – CONFRARIAS DO RISO - são  comentadas no blog as contribuições das Confrarias, observando-se o uso de termos e conceitos do Burlesco. 
        
E-mail de (26.05.2012) da CONFRARIAS DO RISO – TRASMONTANO, dos amigos José Neves e Trasmontano,  conferem conceitos  sobre o Cômico, o Chiste e o Humor segundo Sigmundo Freud (1856 – 1939) – psiquiatra, postado no blog em (2.4.1) – Revendo Comportamentos – (f)Inconsciente.
Trata-se de  uma leitura que nos ajudou a introduzir a idéia de “posturas” que implicam na realização do cômico, do chiste e do humor, segundo Freud.
         Em “Os dez amigos de Freud”, (Rouanet, Sérgio Paulo –– São Paulo: Companhia das Letras, 2003), ref. (17), o autor comenta que Freud usa a obra de Mark Twain enquanto fonte de exemplos e justificativas para  suas teorias, inclusive para a Teoria Freudiana do Chiste, do Cômico e do Humor, que utilizamos como referência para o desenvolvimento da estrutura do Burlesco. Freud  fornece  prescrições básicas de posturas para a ocorrência do Cômico, Chiste e do Humor.          

Caro José

Entrei no Burlesco e me encontrei com as bizarrices argentinas, e elas parecem estar fazendo um tremendo sucesso na propaganda brasileira. Não me recordo de haver visto essa que comentaste, mas há outras 3 atualíssimas que podem traduzir perfeitamente conceitos do Burlesco:

1. Sandálias Havaianas - no ponto de venda: (cômico)

     Alguns argentinos e brasileiros discutem sobre quem seria mais "engraçado", brasileiros ou argentinos?
     Entretanto, um dos argentinos pergunta ao atendente da loja se não teria sandálias Havaianas estampadas com a bandeira Argentina. O atendente não consegue parar de rir e os brasileiros finalmente concordam: os argentinos são mais engraçados.

Pessoalmente, vejo nessa propaganda, um quase símbolo nacional representado pelo produto (sandália), ameaçado de ser "manchado" por um símbolo argentino (a bandeira). Ridículo, bizarro, impossível!

2. Carro Fox - dentro do carro (humor)

      Um rapaz, supostamente gay, confessa, depois de 5 anos de relacionamento, ao seu parceiro, que ele não é brasileiro, e sim argentino (impossível não saber pelo seu sotaque inconfundível), ao que o parceiro brasileiro, sem dar a menor importância ao que o outro falou, responde com uma pergunta: Tudo o que precisávamos para o churrasco coube no carro? E o vídeo corta para a enorme quantidade de coisas que cabem no carro.

Aqui eu detecto uma reconciliação das culturas nacionalistas brasileira e Argentina, quase sempre antagônicas. Não importa se um é brasileiro e o outro é argentino; o que importa é que estão juntos, ainda que pareça ter sobrado uma ponta de inocência para o argentino, ao imaginar que o outro não sabia da sua nacionalidade.

3. Coleção de  de autores brasileiros, portugueses e hispânicos em geral (acho que era da Folha). (chiste)
      Um peruano, um português e uma "mãe" argentina revelam seus estereótipos:
O português queixa-se das anedotas habituais;
O peruano queixa-se de que só aparece "tocando su flautita";
E a "mãe" argentina queixa-se de que "y yo....(levanta-se após longo silêncio)...más respeto, por favor".
É cruel, mas sutil e sublime.

A propósito dos argentinos, o nosso amigo Trasmontano já sente saudades deles. 
Abs, e bom fim de semana.

JC - 26/05/12
       

        COMENTÁRIOS DO blog

         Vamos conferir essas posturas considerando as piadas recebidas.

         1. A primeira piada reveste-se de uma postura do CÔMICO.
 O argentino tenta  colocar do seu lado o julgamento crítico do interlocutor (brasileiro), mas o faz de forma                              cômica. O amigo Neves  se diverte: “Ridículo, bizarro, impossível!”

         2. A segunda piada mostra a postura do HUMOR.
Ao fazer pergunta o brasileiro pretende ficar desobrigado da necessidade de experimentar sentimentos penosos (reconhecer a parceria homossexual) , ou como analisa o Neves, “pareça ter sobrado uma ponta de inocência para o argentino, ao imaginar que o outro não sabia da sua nacionalidade”.

3. A terceira piada, como diz o Neves,  “ É cruel, mas sutil e sublime” e associa a postura do chiste
revelando o condicionamento do interlocutor (brasileiro?)  em relação ao estereótipo transferido pela mãe do argentino :"y yo....(levanta-se após longo silêncio)...más respeto, por favor".
Observando a atitude do brasileiro, sua postura mostra que ele tenta se livrar das inibições e do julgamento crítico do interlocutor. Obs.: Para Freud, tal comportamento revela um sentimento de inferioridade.
        Estas posturas serão justificadas nas postagens que tratarão da Estrutura do Burlesco.
(j_nagado – 01.06.2012)