Cassio Carvalheiro

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

MEU BLOG NO DIVÃ 04 – O INTELECTUAL DE BOTEQUIM (I.B)




G.A8.04
MEU BLOG NO DIVÃ 04 – O INTELECTUAL DE BOTEQUIM (I.B)

Introdução

O I.B.V.M (Instituto de Burlescologia de Vila das Mercês) tem feito o registro de fatos onde o conceito de “burlesco” se destaca como um dos pilares inalienáveis na Cultura do riso, reconhecido pela intelectualidade, pelos valores próprios e pelos estilos de comportamento peculiares que representa.

O “Intelectual de Botequim”, descrito no “Burlesco”, é o ser neurótico da categoria Gozador, companheiro no boteco e legítimo ocupante de uma cadeira no panteão dos “Estilos de Comportamentos Burlescos”, no IBVM.

O conceito de “burlesco”, aplicado em relação ao “estado de coisas” da Justiça no Brasil, diagnosticou a “esquizofrenia do Judiciário”, pelo triste episódio relatado em “Meu blog no Divã – 03 - Justiça Burlesca”.

Este “Meu Blog no Diva - 04” contextualiza o comportamento do “Intelectual de Botequim” flagrado em pleno gozo de suas prerrogativas vivenciais nesse ambiente (botequim), onde, ao nosso ver, a expressão do seu inefável “estoicismo” é a referência burlesca para toda a narrativa.   

Abaixo, link relativo ao texto anterior sobre MEU BLOG NO DIVÃ


MEU BLOG NO DIVÃ – 03 – JUSTIÇA BURLESCA 
Burlesco: Abordagem filosófica 

Nota: O “Intelectual de Botequim” (I.B) é um texto extraído da última versão do “‘Burlesco”

Intelectual de Botequim (I.B)
(Burlesco - Cap. 02.02 – 4.7.9 )

Intelectual de botequim (I.B) é aquele Indivíduo dotado de espírito e inteligência, que desperdiça talento nos bares da vida. É o resultado de prolongados anos de análise com seu terapeuta freudiano que o levou a admitir que possui todos os sintomas neuróticos e alguns psicóticos, e por isso adotou uma dezena de companheiros de mesa de bar que o aturam e não ficam tentando curá-lo, porque também têm suas neuroses.
Botequim é uma instituição no Brasil. Cada frequentador jura que seu boteco tem o melhor chope, o melhor bolinho, o melhor espetinho, etc. É bem diferente do “pub” inglês que é o local de encontro de tribos diversas e também para um eventual “drink” solitário após o trabalho, enquanto o botequim é um ponto obrigatório do brasileiro, que muitas vezes passa primeiro em sua casa para depois se dirigir ao botequim. Alguns se habituam a encontros semanais com seus amigos em algum boteco na cidade, no clube ou na academia, formando verdadeira confraria que se reúne continuadamente por anos a fio. Muitos grupos têm suas mesas e cadeiras reservadas no boteco preferido cujos componentes aprovam seu chope e quitutes enquanto curtem suas neuroses e decantam sua filosofia de vida.  (IBVM – Instituto de Burlescologia de Vila das Mercês é o pomposo nome de um desses grupos que um dia frequentamos).


I.B
A ficha do Intelectual de Botequim (I.B), dentre os aspectos relacionados aos Fundamentos, distingue com louvor (ou horror) o Princípio (Lógica) do Terceiro Excluído, Fundamento Filosófico (estoicismo) e Fundamentos Comportamentais (eróticos), com os quais procura aferir a abrangência e controle de seus relacionamentos e situações.

Estoicismo

É doutrina fundada por Zenão de Cicio (335-264ª.C) e desenvolvida por várias gerações de filósofos, que se caracteriza por uma ética em que a imperturbabilidade, a extirpação das paixões e a aceitação resignada do destino são as marcas fundamentais do homem sábio, o único apto a experimentar a verdadeira felicidade.

Influenciado pela filosofia popular (estoicismo eclético) o comportamento do Intelectual de Botequim, explora seus traços de neuroses e psicoses que carrega, e também daqueles que se sentam com ele na mesa do boteco.

Sua gozadora lentidão abusa do ser filosófico que é, mostrando, logo na rodada inicial de cerveja quando, com o copo esvaziado, emite a sua primeira opinião: “Essa cerveja é da boa!”. E a seguir, verbaliza sua teoria sobre a boa cerveja, com base (no Princípio da Verificação) naquilo que o seu paladar acaba de confirmar.

De acordo com o “Aurélio”: Positivismo, doutrina de Auguste Compte (1798–1857), caracterizada, sobretudo, por uma orientação anti-metafísica e anti-teológica que pretendia imprimir à filosofia, e por preconizar como validade unicamente a admissão de conhecimentos baseados em fatos e dados da experiência. Assim é o I.B.

Simbolismo
As doutrinas inspiradas em Auguste Compte, que fundamentam o conhecimento baseado em dados empíricos, geralmente acabam por privilegiar seu teor subjetivo (sensacionismo, intuicionismo, simbolismo, etc.), muitas vezes levando ao agnosticismo, ao relativismo ou ao misticismo, embora doutrinas criadas por essa época e também derivadas do empirismo de Compte, tiveram como viés o pensamento lógico–matemático (intuicionismo) e estético.

É interessante ressaltar (“Aurélio”) dentre essas doutrinas, o “sensacionismo” como o hábito de produzir sensações ou em Filosofia, doutrina do Macho (v. machismo), segundo a qual todo conhecimento provém, e só provém, das sensações; sensualismo.
Nesse sentido, Machismo, doutrina cultivada por muita gente em conversa de botequim, é atitude ou comportamento de quem não aceita a igualdade de direitos para o homem e a mulher, sendo contrário, pois, ao feminismo,

Como se observa em certa propaganda de cerveja, o machismo do I.B está presente na imagem da sensação produzida pela cerveja servida pela gostosa garota propaganda, que parece oferecer muito mais.  

Vejamos os Fundamentos do I.B que acusam seu Estilo de Comportamento Burlesco.

(F4) – Princípio do Terceiro excluído (referencial / sabedoria popular)
Segundo este princípio, “Entre a afirmação e a negação não há meio termo, ou melhor, entre dois juízos contraditórios, necessariamente um é verdadeiro e não se admite um terceiro juízo”, ou como afirma a sabedoria popular: “as coisas ou são ou não são”.

O I.B tem o hábito de enveredar o teor da sua conversa para o subjetivismo onde ele irá prevalecer com a sua competente linguagem platônica, ética, isenta de interesses.
Embora a história não cite qualquer participação de Platão em conversas de botequim, parece que esse ambiente não lhe era totalmente desconhecido, quando ele dizia lá para seus discípulos que a linguagem é um “pharmakon”, palavra grega que em português, traduz-se por “poção” e pode ser apresentada através de três proposições principais:

a) Remédio para o conhecimento, pois, pelo diálogo e pela comunicação, conseguimos descobrir nossa ignorância e aprender com os outros.
b) Veneno quando, pela sedução das palavras, nos faz aceitar, fascinados, o que ouvimos ou lemos, sem que   indaguemos se tais palavras são verdadeiras ou falsas.
c) Cosmético, maquiagem ou máscara para dissimular ou ocultar a verdade sob as palavras.

Esta competência confere ao I.B a capacidade de posicionar favoravelmente o julgamento crítico do interlocutor, reduzindo qualquer divergência de opinião a uma dessas proposições, deixando o interlocutor sem alternativa, a não ser mostrar sua concordância.  
O fato é que membros honorários e renitentes de conversas de botequim, sem qualquer espécie de preconceito, ficam satisfeitos com essa intervenção. É uma questão de referencial, concordam eles:
“O objeto da divergência ou é uma poção platônica (remédio, veneno ou cosmético) ou não merece discussão”. 

É ou não é? Ou, como disse um professor de português que certo dia apareceu no grupo, encheu a cara e citou uma frase do filósofo austríaco Wittgenstein, Ludwig Josef Johann (1889 – 1951) , criador da Filosofia Analítica :
 “Deve-se abrir os olhos para ver e desvendar como a linguagem funciona”.

E o I.B complementa: “deve-se usar da sabedoria popular

(F7) - Fundamento filosófico - Estoicismo / ataraxia

O intelectual de botequim tem opinião sobre tudo que envolva aspectos daquilo que ele chama vulgarmente de Filosofia popular. E isto (dar opinião) nessa área, ele o faz com a maior e estoica “cara de pau”, arrostando consigo toda consideração irônica da moralidade vigente na sociedade atual.

As referências desta filosofia de vida (estoicismo / ataraxia) associam o “modo como as coisas funcionam” na natureza e a competência de agir de acordo com essas leis da natureza. Assim, os estoicos consideravam fútil a resistência às devastações que a vida impõe às pessoas (doença, envelhecimento, pobreza, dor e morte) e consideravam inteligente não negar essas realidades, mas encontrar um meio de conviver com elas. (v. estoicismo, fundado por Zenão, em 313 a.C.).

Aí está o foco do I.B: considerando que grande parte daquilo que acontece está fora do seu controle, ele muda aquilo que está ao seu alcance – a sua atitude, e encontra a felicidade.

A ataraxia é a representação figurativa desse alcance do ideal supremo da felicidade: a imperturbabilidade. Ou impassibilidade em face da dor ou do infortúnio.

Diz a lenda do botequim, que o I.B é sempre um homem imperturbável. A história a seguir,  procura não desmentir essa lenda.


O Chifrudo

E eis que um dia o vemos à nossa frente, o I.B, discursando sobre o direito da mulher de trair o homem, por todos os motivos que o homem possa dar. E além de tudo, ele (o I.B) se insere como o protagonista da história e diz que ele é um chifrudo de marca maior.

Assim, ao chamar a atenção pela forma tão despojada de dizer que não tem pena de si mesmo por ser traído pela mulher, o chamado “corno”, o I.B se sente desobrigado de experimentar sentimentos penosos, perante aqueles que realmente usam esse adorno.
Ao seu lado, ouvindo o discurso, estava o sensível Fred (nome fictício), companheiro apaixonado pela esposa, que em seguida foi vomitar na privada.

(F.9) - Fundamento erótico (medo do castigo / suas verdades)

Na Conferência Burlesca da Periferia, promovida pelo  I.B.V.M, em junho de  2005, um sócio da nossa mesa de bar, psicólogo terapeuta, apresentou, para  distintos “sócios” de diversos botequins da periferia, sua antológica palestra sobre como “ampliar a capacidade de reduzir sua ansiedade, aliviar tensões e diminuir o estresse, eliminando ou reduzindo seus sentimentos de culpa por negligenciar seus desejos e ter desistido de agir conforme seu impulso ou desejo, com medo do castigo ou do arrependimento” (isto é freudiano, certamente!). Foi nesse dia que descobrimos algo que o nosso I.B sempre conseguiu disfarçar, seu (fundamento) erótico reprimido.

Homem que é homem, o I.B, o machão em versão moderna, liberado de valores ultrapassados, esmiuçou suas neuroses e psicoses para seu terapeuta durante quinze anos, e foi aplaudi-lo nessa “circunferência”, como disse um dos participantes que afirmou ter gostado “quando o terapeuta falou da frustração que você sente na primeira vez que não consegue dar a segunda e do desespero que você sente na segunda vez que você não consegue dar a primeira”.

Pelo jeito, esse sujeito só entendeu uma parte da palestra, ligada ao problema da sua disfunção erétil, a popular “brochada”.
A postura descolada que o intelectual de botequim transmite, tem tudo a ver com o seu poder de comunicação, promovendo o ambiente motivador de pilhérias dentro do grupo e ao mesmo tempo satisfazendo de forma conveniente aos desejos da (santa) mulher que cada um tem em casa, ela que até incentiva o marido a frequentar o boteco, onde o santo marido elimina toda a ansiedade mas em casa, ou melhor, na cama, faz tudo direitinho. É a filosofia popular da mulher do intelectual de botequim.

É essa tese que o descolado I.B difunde para seus pares de botequim, todos neuróticos, gozando de prazer ímpar, pois como diz ele, ao neurótico cabe acreditar em seus próprios sintomas e descobrir por si mesmo, suas próprias verdades, alinhando seu comportamento na busca constante do prazer às evidências dessas verdades.

Nesse dia, o I.B confessou na mesa do boteco, que já tinha tirado o “time de campo”, mas o melhor de tudo, diz ele, é “Ficar desembaraçado do julgamento crítico do interlocutor”. Esse interlocutor, a “santa”, jamais o critica quando volta “meio chumbado” para casa após algumas cervejas com os amigos.


Desempenho
O I.B de botequim conduz suas conversas para um final pronta e logicamente aceito por seus interlocutores, que não percebem de imediato que foram embromados. Esta consciência de terem sido logrados só vem depois, quando percebem que um ou outro deu uma escorregada e abriu a guarda, seja revelando   certa desconfiança em relação à própria mulher, ou que está tendo problema de disfunção erétil, ejaculação precoce, ou qualquer coisa do gênero. O estoico intelectual de botequim, como se viu, não promove a discórdia e concede a todos a igualdade de oportunidade de se revelarem, pobres de espírito, de moral ou simplesmente materialmente pobres.


Frases da filosofia positivista (acho),  para iniciar uma discussão sobre as leis da natureza, no boteco, desinteressadamente, segundo o I.B.
.
“Transar é arte, gozar faz parte, engravidar é moda, assumir é que é foda!"

“A diferença entre uma mulher na TPM e um sequestrador, é que com o sequestrador ainda existe uma  possibilidade de negociação".

“Os problemas da vida se parecem com um tarado bem dotado: é melhor enfrentar, porque se você  virar as costas, vai ser bem pior!"

"Ninguém vencerá a guerra dos sexos: há muita confraternização entre os inimigos".

"Mulher é igual a macarrão: você enrola, enrola, enrola... e  come!"

"Casar é trocar a admiração de várias mulheres, pela crítica de uma só!"

“O chifre é como o consórcio... quando você menos espera é contemplado."

"A diferença entre o homem e a mulher é que o pau que está entre as pernas do homem é sempre o mesmo".

‘‘Sogra é como onça: todos temos que preservar, mas ninguém quer ter em casa”.

“Mulheres são como traduções: as boas não são fiéis e as fiéis não são boas"

"A diferença entre a mulher decidida e o homem mulherengo é que a mulher decidida está sempre pronta para o que der e vier, e o homem mulherengo está sempre pronto para quem vier e der."

"O que há de comum entre um bolo queimado, cerveja estourada no congelador e mulher grávida? - Nada, mas se você tivesse tirado antes nada disso teria acontecido".

Estado

Nada se pode afirmar quanto às verdades do intelectual de botequim quando ele diz que “as coisas ou são ou não são”, em relação a um tema controverso, mas quando ele concorda com a frase - “Deve-se abrir os olhos para ver e desvendar como a linguagem funciona”, ele aprova a linguagem referencial de cada um e a sabedoria popular como sua orientação no sentido da verdade e do ideal supremo da felicidade: a ataraxia, a impassibilidade, como seu estado permanente.

Ataraxia

Para cépticos, epicuristas e estoicos, completa ausência de perturbações ou inquietações da mente,

concretizando o ideal tão caro à filosofia helênica, da tranquila e serena felicidade obtida através

do domínio ou da extinção de paixões, desejos e inclinações sensórias.



Conclusão: O I.B é um estoico.

1) Competência burlesca do I.B: Estoicismo.
2) Estado de coisas da realidade do I.B: conexões com seus fundamentos

3) Ataraxia: ausência de perturbações - exprime a realidade do I.B



(j.nagado – 23.08.2018)

sábado, 4 de agosto de 2018

MEU BLOG NO DIVÃ – 03 – JUSTICA BURLESCA



MEU BLOG NO DIVÃ – 03 – Burlesco: Abordagem filosófica 

Continuacão de “Meu Blog no Divã – 02” v. (link):


JUSTIÇA BURLESCA 

1.Introdução

A revista Veja de (18.julho.2018), publicou (Roberta Paduan, Laryssa Borges e Thiago Bronzatto) “A Justiça Burlesca”, abordando a palhaçada que foi a tentativa malograda de soltura do ex-presidente Lula, por si só, muito cômica.
A Justiça, definida no sentido moral, como o sentimento da verdade, da equidade e da humanidade, colocada acima das paixões humanas, é avaliada hoje, pelo poder de provocar o riso e o escárnio, perante o “estado de coisas” que a mídia vem mostrando ao povo brasileiro.
Sem expor julgamentos definitivos sobre o comportamento dos atores dessa peça “burlesca”, “Justiça Burlesca” é registro de fina sátira, envolvendo agentes da mais alta corte do pais e o protagonismo ridículo de um de seus elementos na tentativa histórica de soltura do preso de alcunha “Lula” (ex-presidente do Brasil).

Nota Burlesca (sic)

 “O Desembargador Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª.Região (TRF4) que armou uma manobra canhestra ao julgar que Lula, sendo pré-candidato, precisava ficar livre para fazer campanha – e sua pré-candidatura, entendeu Favreto, era um “fato novo”.”

2. Conexões

Este blog “Confrarias do Riso” compartilha conexões do relato dos profissionais da revista Veja ao status “burlesco” do fato (cômico-grotesco) desenrolado no âmbito da Justiça.

a) Comportamentos burlescos    

No livro “Burlesco” (item 2.5), sugerimos uma orientação para localizar os comportamentos burlescos e os elementos dessas situações:
“Comportamentos burlescos (3) ocorrem na fronteira entre tudo aquilo que constitui um estado de coisas de uma realidade (2), e de outro lado, tudo que designa ou exprime o estado de coisas dessa realidade (1)”. (j.nagado-0ut.2008)

b) Estereótipos
Observadores desse “estado de coisas” passam a identificar estereótipos dos personagens e protagonistas, de acordo com padrões que lhes são familiares.
“O protagonista burlesco que observamos nessa “fronteira” é calcado e orientado pelo espírito de uma realidade cultural e social específica,  que tende a reproduzir indefinidamente os mesmos totens lógicos com suas múltiplas máscaras ideológicas e  comportamentos controlados por fios como em um teatro de marionetes, embora pareçam atores experientes, que seguem com eficiência e arte, roteiros peculiares estruturados para dominar um espaço psicológico de confrontações de valores, de diferenças psicossociais, de crenças políticas e de comportamentos.
Para tanto, utilizam-se de paródias e paradoxos, caricaturas e farsas, realismo e imaginação. Atua como se fosse especialmente predestinado a reproduzir finas e humorísticas caracterizações arraigadas dos comportamentos humanos, ideologicamente submissos à ordem natural dos estereótipos, combatida por Roland Barthes (1915-1980) ...”
“Caricaturas, paródias, alusões, farsas, metáforas, etc. fazem parte do acervo público para reforçar os estereótipos de um “estado de coisas” que faz um povo rir e assimilar, para o bem ou para o mal.” 
(Burlesco-J. Nagado)

c) Conexões imperdíveis com o burlesco, na matéria da Veja

- “Moleque”, alcunha recebida pelo desembargador Favreto.
- A Versão 2.0 dos Aloprados: Damous, Pimenta e Teixeira: trapalhadas, confusões e tiros no próprio pé.  
- Lula, desconfiando das chances de sucesso da tramoia petista, disse: “Mas se colar, colou”
- Exageros, Chicanas e Bizarrices: coisas imprescindíveis no burlesco.


d) Estilos do Judiciário

Dois ‘ESTEREÓTIPOS” identificam estilos muito sugestivos dessa “Justiça Burlesca”:

- estilo Arquipélago, onde cada juiz é uma sentença e as sentenças podem ser tendenciosamente contraditórias.
- estilo “Ioiô”: tendência atual, também chamado de “Estilo Prende-Solta”
Os estilos abaixo complementam a experiência dos juízes, para o bem e para o mal, da nossa Justiça:
- estilo formalista: até 1980, segue a letra da lei, abrindo pouco espaço a interpretações mais flexíveis.
- estilo Voluntarista: começou a ganhar espaço no fim da década de 80.
- estilo consequencialista (ou neoconstitucionalista): a partir dos anos 1990, fortaleceu-se e buscou a “aplicação da justiça”, muitas vezes à custa do não cumprimento de determinados ritos e da invasão da competência de outros órgãos.

Destaque

A tribo da “Justiça Burlesca” recebeu o ex-ministro Eros Grau, aposentado, que registrou sua nota magna (advertência) para chefes, conselheiros menores e mensageiros da tribo. (texto na revista Veja).

3) Final

“Justiça Burlesca” confere a orientação dada em Conexões (2.a) - Comportamentos burlescos:

(1) o “voluntarismo crescente dos seus magistrados,
(2) que passam a decidir com base não no que está escrito na lei, mas no que lhes parece justo .
(3) Diagnóstico burlesco: esquizofrenia do Judiciário.

Amigos,
este "meu blog no divã - 03" colabora com a proposta do livro "Burlesco" , divulgado pelo blog Confrarias do Riso. 

(José Nagado – 04.08.2018)