POST
– 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS
(tertúlia domingueira)
5.4 OXÍMOROS
Considerando esse introito vamos estabelecer a conexão
entre o oxímoro e o pensamento dos
Pré-Socráticos, mormente de Heráclito, sem “enrolations”.
A língua alemã
Um interessante ensaio literário
(preciosidade) diz que em "Hegel
poeta" Haroldo de Campos , nos textos de Fenomenologia
do espírito, identifica no estilo hegeliano, uma associação entre “ambigüidade
formal e conteudística”, o que seria uma característica da poesia.
O texto de Haroldo de Campos
explica a constituição plurissignificativa dos conceitos de Hegel pelo uso de
"palavras-oxímoros" da língua alemã, que contêm simultaneamente um
significado e o seu oposto, a forma de “exploração metafórica e metonímica” de
significantes que revelam a natureza questionante do texto hegeliano. (Como
exemplo, citado por Haroldo, de Aufhebung,
do verbo aufhben, que quer
dizer tanto "abolir" quanto "preservar").
Ref. Alea : Estudos Neolatinos -
Alea vol.8 no.1 Rio de
Janeiro Jan./June 2006 - Da idéia ao texto: uma digressão
“filopoetosófica” – Antonio Andrade
Antítese e Oxímoro
A Antítese e o Oxímoro são
figuras de linguagem a serviço da construção de idéias contraditórias.
A antítese em oposição a uma tese
, subsidia significados pertinentes ao contexto ou domínio analisado, seja na
poética, música, filosofia política, etc. A síntese, nesse contexto, se coaduna
com o sentido de unidade (ideologia), harmonia (música) e outros significados
próprios de cada contexto.
A Antítese atribui uma
contradição explícita através de dois sentidos distintos. (A/B).
O Oxímoro, estabelecendo a
ligação de duas imagens aparentemente excludentes, representa uma intensificação especial da Antítese.
O Oxímoro (ou Antilogia) é uma forma de antítese lúdica e paradoxal, que atribui a uma dada expressão, dois
sentidos (A e B) teoricamente incompatíveis.
Isto significa que (A) não só é
negada por (B), como também, e simultaneamente, se pretende impor a afirmação
dessa mesma negação, instaurando uma “realidade terceira” que funciona como
termo dialético da síntese e que ultrapassa o puro movimento de afirmação e negação.
(Ref. Google: Guilherme Ribeiro –
Recursos Estilísticos – Antítese – Oxímoro – Paradoxo)
Vejamos alguns exemplos de
oxímoros:
Camões
“O amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente”;
(Camões)
Tentando
responder racionalmente o que é o amor, o poeta (Camões)
afirma uma propriedade do amor (arde sem se ver) e em contrapartida surge sua negação ( é ferida
que doi e não se sente). Nesse caso,
perante esses contraditórios, a síntese corresponde a indagação não respondida.
Shakespeare
Em “A
Linguagem de Shakespeare” , Frank Kermode; tradução de Barbara Heliodora – Rio
de Janeiro: Record 2006, o autor cita o
uso dos seguintes oxímoros (pgs. 32, 152, 168): “nobre servo”, “alegria
derrotada” e “ardilosa loucura”. O primeiro oxímoro foi utilizado em
“Coriolano” e os dois outros em “Hamlet”.
Considerando
a objetividade deste texto destaco os comentários sobre o oxímoro “nobre
servo”, apanhado na fala (texto) em que Aufidius medita sobre sua preocupação e
desconfiança com relação ao atual aliado
Coriolano, seu antigo inimigo.
...”Primeiro
ele foi / Um nobre servo para eles (romanos), porém não foi capaz/ De arcar com
equilíbrio suas honras./...”
Trata-se
do dilema de Aufidius, a quem o “nobre servo” representa um misto de respeito, afeição e inveja, asseverando sua dificuldade para
assumir uma posição a respeito da superioridade hierárquica de Coriolano.
O
texto ressalta a natureza e riscos de
poder e equanimidade dos atos de Coriolano, em
reticentes pensamentos de Aufidius, ameaçadoramente obscuros e
destituidos de uma base retórica.
Segue-se
uma série de tentativas de explicação, utilizando-se Shakespeare de sinédoques, hendíade e metáforas como
recursos criativos para simular o
movimento do pensamento, nisto
reconhecendo-se o pensamento de Heráclito. (“tudo flui”)
Entre
as várias explicações, a síntese: “... basta um (defeito) para explicar seu
destino, e mesmo assim é difícil alguém falar deles, sendo tão grandes as suas
virtudes”.
=======================================================
Gostaria que
alguém explicasse tanta profundidade. (j.nagado)
(José Nagado - 28.05.2013)