POST 13.2013 – ESQUETES : CÂNDIDO – Afilhado de
Político
Introdução
Em “Burlesco” definimos uma estrutura (caráterxfundamentosxtendências)
para analisar estilos de comportamentos de nossos semelhantes (uns mais e
outros menos), identificados em quatro grandes Categorias de estilos do
Burlesco: Pobre de Espírito, Gozador, Espirituoso e Genial. O texto que segue
refere-se à categoria Pobre de Espírito. (Ref.“Burlesco”, no blog http://licburlesco.blogspot.com.br)
Nota: com http://licburlesco.blogspot.com.br/search?q=fair+play+no+tenis
– (POST 11.2013 - CRICA – Fair Play no Tênis),
iniciamos a postagem de ESQUETES (sugerem outra palavra?) com passagens típicas
dos (17) estilos burlescos. Os Esquetes não obedecerão a sequência apresentada
no “BURLESCO”.
A série de Esquetes tem continuidade com uma
passagem típica do estilo Cândido, da categoria Pobre de Espírito do Burlesco.
Pobre de Espírito
Um resumo da
Categoria “Pobre de Espírito” foi apresentado em http://licburlesco.blogspot.com.br/search?q=pobre+de+esp%C3%ADrito-20.05.2012.
Os estilos desta categoria apresentados no
Burlesco (Simplório, Cândido, Inocente útil e Ignorantão) foram
eleitos devido a uma disposição permanente do caráter identificado comumente com
a imagem compassiva que nos transmitem. ("E quando aprendemos melhor a
divertir-nos, esquecemo-nos melhor de fazer mal aos outros e de inventar
dores". - Nietszche, em "Assim falou Zaratustra/dos
Compassivos").
“Com certa freqüência podemos chegar a nos
sentir maldosos quando conseguimos obter o
riso de um indivíduo desta categoria, pois o seu riso
chega a soar como um grito de angústia,
quase que uma súplica de luz para sua mente”.
“Sua lógica obtusa o protege....”
Nota: Extratos (entre aspas) conectam
este esquete ao texto do “Burlesco”
Em relação à
estrutura de análise (caráterxfundamentosxtendências) mencionada na introdução,
esclarecemos que este esquete incide apenas sobre o fundamento (comportamento) lógico
do Cândido, considerando-se integrados os demais fundamentos (ideológicos e
comportamentais) e seus limites, que são explorados no texto do Burlesco.
Cândido
Apresentaremos
neste esquete uma faceta marcante do estilo Cândido (v. “BURLESCO”) e, para que
não restem dúvidas, estilo e agente do estilo se fundem no nome: Cândido. (me
perdoem aqueles punidos desde o berço com este nome).
“Trata-se de Indivíduo cujo estilo faz rir
tanto pelos seus defeitos como pelas suas qualidades .....” ... “faz parte de seu estilo, a pouca capacidade
de “se ligar” para captar o cômico, o divertido, o ridículo, a graça, enfim, o
Burlesco. Sob este aspecto é popularmente conhecido como Travado”.
Afilhado de Político
Chegou a nos
comover bastante a maneira como o Cândido descreveu, em termos até elegantes,
quando justificou sua conduta ao aceitar um “presente de casamento” enviado por
um político safado que nem o conhecia pessoalmente e, o mais grave, todo mundo sabia ser corrupto e réu acusado de desviar
dinheiro de obras públicas, em ...(qualquer cidade brasileira)
Nessa época o
Cândido era jovem e dava um duro danado por um salário miserável no
almoxarifado da empresa em que trabalhava. Muito zeloso, foi escolhido pela
chefia do almoxarifado para cuidar dos uniformes esportivos e acabou se
tornando o lider dos esportes na empresa. Por tanta dedicação, foi agraciado pelo
político acima citado, irmão do dono da empresa, tornando-se um “afilhado” de
fulano, como ele costumava dizer a todo mundo. Esse comportamento, não seguia
nenhum princípio que indicasse um futuro melhor para o Cândido, seja pelo lado
prazeroso de regalias no trabalho, seja pelo lado do nível cultural e social em
que vivia. e ao qual parecia condenado.
Era dessa forma, formando eleitores
afilhados que o político angariava votos. Outras
vezes distribuia jogos de camisa de futebol para os clubes da periferia. Esses
políticos tornavam-se padrinhos de comunidades inteiras, a troco de badulaques
presenteados em ocasiões especialmente informadas pelos seus cabos eleitorais,
apadrinhados também, como não, pelo político safado.
Certa feita, em
uma grande festa (comício) na empresa, indicando com um largo e fraterno gesto o tal político safado, o Cândido contou com
orgulho que era “afilhado de casamento deste político” e acrescentou: “Ele
rouba mas faz.”. Risada geral . Só o Cândido não entendeu.
Na maioria das vezes essa afirmação (“Ele rouba mas
faz.”)vem a hipostasiar-se em critério de realidade ou quando não, na própria
realidade, aceita por essa gente compassiva que não vê limites para quem tem o poder.
Complacência inconsciente ou irresponsável.
E isto é “razão suficiente” para a (eterna) duradoura
admiração do Cândido pelo “padrinho”.
José Nagado (27.11.2013)