Cassio Carvalheiro

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

POST 13.2013 – ESQUETES : CÂNDIDO – Afilhado de Político



POST 13.2013 – ESQUETES : CÂNDIDO – Afilhado de Político

Introdução
  
   Em “Burlesco” definimos uma estrutura (caráterxfundamentosxtendências) para analisar estilos de comportamentos de nossos semelhantes (uns mais e outros menos), identificados em quatro grandes Categorias de estilos do Burlesco: Pobre de Espírito, Gozador, Espirituoso e Genial. O texto que segue refere-se à categoria Pobre de Espírito. (Ref.“Burlesco”, no blog  http://licburlesco.blogspot.com.br)

Nota: com  http://licburlesco.blogspot.com.br/search?q=fair+play+no+tenis – (POST 11.2013 - CRICA – Fair Play no Tênis), iniciamos a postagem de ESQUETES (sugerem outra palavra?) com passagens típicas dos (17) estilos burlescos. Os Esquetes não obedecerão a sequência apresentada no “BURLESCO”.

   A série de Esquetes tem continuidade com uma passagem típica do estilo Cândido, da categoria Pobre de Espírito do Burlesco.   

Pobre de Espírito   

   Um resumo da Categoria “Pobre de Espírito” foi apresentado em http://licburlesco.blogspot.com.br/search?q=pobre+de+esp%C3%ADrito-20.05.2012.
   Os estilos desta categoria apresentados no Burlesco (Simplório, Cândido, Inocente útil e Ignorantão) foram eleitos devido a uma disposição permanente do caráter identificado comumente com a imagem   compassiva que nos transmitem.  ("E quando aprendemos melhor a divertir-nos, esquecemo-nos melhor de fazer mal aos outros e de inventar dores". - Nietszche, em "Assim falou Zaratustra/dos Compassivos").

   “Com certa freqüência podemos chegar a nos sentir maldosos quando conseguimos obter o  riso de  um  indivíduo desta categoria, pois o seu riso chega  a soar como um grito de angústia, quase que uma súplica de luz para sua mente”.
“Sua lógica obtusa o protege....”
Nota: Extratos (entre aspas)  conectam este esquete ao texto do “Burlesco”

   Em relação à estrutura de análise (caráterxfundamentosxtendências) mencionada na introdução, esclarecemos que este esquete incide apenas sobre o fundamento (comportamento) lógico do Cândido, considerando-se integrados os demais fundamentos (ideológicos e comportamentais) e seus limites, que são explorados no texto do Burlesco.  

Cândido
                                                                                           
   Apresentaremos neste esquete uma faceta marcante do estilo Cândido (v. “BURLESCO”) e, para que não restem dúvidas, estilo e agente do estilo se fundem no nome: Cândido. (me perdoem aqueles punidos desde o berço com este nome).
    “Trata-se de Indivíduo cujo estilo faz rir tanto pelos seus defeitos como pelas suas qualidades .....” ...  “faz parte de seu estilo, a pouca capacidade de “se ligar” para captar o cômico, o divertido, o ridículo, a graça, enfim, o Burlesco. Sob este aspecto é popularmente conhecido como  Travado”.

 Afilhado de Político
  
   Chegou a nos comover bastante a maneira como o Cândido descreveu, em termos até elegantes, quando justificou sua conduta ao aceitar um “presente de casamento” enviado por um político safado que nem o conhecia pessoalmente e, o mais grave, todo  mundo sabia ser corrupto e réu acusado de desviar dinheiro de obras públicas, em ...(qualquer cidade brasileira)
   Nessa época o Cândido era jovem e dava um duro danado por um salário miserável no almoxarifado da empresa em que trabalhava. Muito zeloso, foi escolhido pela chefia do almoxarifado para cuidar dos uniformes esportivos e acabou se tornando o lider dos esportes na empresa.  Por tanta dedicação, foi agraciado pelo político acima citado, irmão do dono da empresa, tornando-se um “afilhado” de fulano, como ele costumava dizer a todo mundo. Esse comportamento, não seguia nenhum princípio que indicasse um futuro melhor para o Cândido, seja pelo lado prazeroso de regalias no trabalho, seja pelo lado do nível cultural e social em que vivia. e ao qual parecia condenado.
    Era dessa forma, formando eleitores afilhados  que o político angariava  votos.  Outras vezes distribuia jogos de camisa de futebol para os clubes da periferia. Esses políticos tornavam-se padrinhos de comunidades inteiras, a troco de badulaques presenteados em ocasiões especialmente informadas pelos seus cabos eleitorais, apadrinhados também, como não, pelo político safado.
   Certa feita, em uma grande festa (comício) na empresa, indicando com um largo e fraterno gesto  o tal político safado, o Cândido contou com orgulho que era “afilhado de casamento deste político” e acrescentou: “Ele rouba  mas faz.”.  Risada geral . Só o Cândido não entendeu.
Na maioria das vezes essa afirmação (“Ele rouba  mas faz.”)vem a hipostasiar-se em critério de realidade ou quando não, na própria realidade, aceita por essa gente compassiva que não vê limites para quem tem o poder. Complacência inconsciente ou irresponsável.
E isto é “razão suficiente” para a (eterna) duradoura admiração do Cândido pelo “padrinho”.

José Nagado (27.11.2013)


4 comentários:

  1. Caro Nagado, você faz algumas perguntas ao leitor, mas não diz como o leitor pode responder privadamente, isto é, sem ter que postar no blog já de saída. Isso tem solução?

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    1. Caro Luiz Roberto
      uma solução seria enviar comentários através do meu e-mail. Desconheço recurso do blog que permita um prévio "ajuste" entre o leitor e o autor do texto, sem que isto pareça censura prévia. Em todo caso, vou verificar a possibilidade, pois sei que muitos leitores se acanham em fazer comentários no blog . Obrigado pelo comentário e disponha do meu e-mail.

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    2. Esse acanhamento existe até por prudência: não aconteça que o comentário seja mal interpretado e deixe mal parado alguém, sem ter tido essa inteção.

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  2. Caro Luiz Roberto,
    seu comentário possui sentimentos elevados e levou-me a versos de
    Fernando Pessoa, Mensagem, em "Os Castelos", D. Afonso Henriques.

    A retórica do quiasmo aplica-se criativamente na sua frase:
    "Esse acanhamento existe até por prudência: não aconteça que o comentário seja mal interpretado e deixe mal parado alguém, sem ter tido essa intenção." Veja como fica, imitando o Fernando Pessoa.

    (O Neves vaí checar a referência. Por favor, Neves. )

    comentário mal interpretado
    deixa alguém mal parado;
    o acanhamento como prudência:
    a prudência como intenção!.

    abraço a todos (para/cc/cco). É gostoso ter amigos como vocês!

    (nagado-27.12.2013)

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