Cassio Carvalheiro

segunda-feira, 29 de abril de 2013

POST 07.2013 – OS PRÉ SOCRÁTICOS - TERTULIA (Parte 4)


 POST 07.2013  – OS PRÉ SOCRÁTICOS - TERTULIA (Parte 4)

(Tertúlia domingueira)
Nesta (Parte 4), em relação ao e-mail do Neves de 10.03.2013, principalmente quanto ao questionamento (Parte 3) dos méritos filosóficos dos “Pré-Socráticos, temos a considerar primeiramente que:

1.Comentários e opiniões do Neves apontam para a necessidade de esclarecer pontos controversos  suscitados pelo “Burlesco” no blog Confrarias do Riso.   

2.A expressão “profundidade histriônica” parece ter afetado a imperturbabilidade histórica dos Pré-Socráticos, agravada ainda mais quando em  “B&F – 004.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS”  justificamos:  
“Seriamente falando, os pensamentos dos Pré-Socráticos produzem uma  sensação leve e superficial de pensamentos tornados obsoletos pelo aprofundamento invasivo de filósofos pósteros. Em sua defesa, considero que os Pré-Socráticos foram autênticos em seus pensamentos, retratos temporais da imagem cosmológica daqueles pensadores”. 
Em B&F – 004.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS” estabelecemos também uma primeira aproximação desses filósofos pósteros ao burlesco, quando ponderamos critérios de burlescabilidade (rs,rs): “Os enunciados pré-socráticos passaram pelo crivo dos critérios (a) ou (b) ou ambas, e, quando tratados por outros filósofos  o foram para defender suas próprias idéias filosóficas”.
Com estas considerações (“pensar específico e o fazer concreto”) concluimos que esses filósofos mergulharam nos pensamentos dos Pré-Socráticos, extraindo-lhes raciocínios  incongruentes ou equivocados, e por isto, histriônicos.

E concluimos:

Os Pré-Socráticos, cosmologicamente  afinados com o momento histórico, ganharam certa “Profundidade histriônica” ,  quando cérebros ineptos procuraram se apropriar de suas  idéias originais,  agregando-lhes interpretações próprias.
"Profundidade histriônica" nos lembra o oxímoro então criado naturalmente, com a "profundidade" de uma razão atemporal e uma aparência "histriônica" superficial, craveira atribuída aos Pré-Socráticos, por aqueles que se julgaram aptos a avaliar aqueles pensamentos. Esta foi a minha justificativa para "Profundidade histriônica", num texto escrito em (2011) onde  apresentamos as considerações epistemológicas sobre o burlesco (em segundo lugar):
Epistemologia

Ver postagem : B&F – 003.2013 – Epistemologia

A pesquisa epistemológica levou-nos a joeirar textos e filósofos através de Critérios (a e b) - (burlescabilidade),  permitindo-nos verificar conexões (pareamento) de  filosofias ou doutrinas a pré-condições existentes para aplicação de fundamentos (lógicos, ideológicos e comportamentais) do burlesco,  atentando para o fato de que a busca epistemológica parte de articulações com o que conhecemos em nossa época.

Assim, uma abordagem pela teoria reducionista (reducionismo), aplicável aos pensamentos cosmológicos dos pré-socráticos, por exemplo,  em relação a água, podemos anuir certa aproximação  com o burlesco: para Hegel, Tales busca a unidade, mas segundo ele “isso se dá no fenômeno da consciência” (declaração metafísica, que afeta  muito a Hegel e pouco a Tales), revelando grande  “profundidade” , donde deduzimos o fundamento ideológico (olha o Hegel “puxando a brasa” pra sua sardinha, digo ”Fenomenologia do Espírito”),  no  âmbito do Burlesco.

Um conceito importante na filosofia da ciência (epistemologia), diz que para uma asserção ser refutável ou falseável, em princípio será possível fazer uma observação ou fazer uma experiência que tente mostrar que essa asserção é falsa. (proposto por Karl Popper nos anos 1930).
Logicamente, sem ser falseável, dizer-se que Demócrito teria antecipado a teoria atômica moderna é um momento histriônico na Filosofia dos Pré-Socráticos.

Abaixo, um resumo  dessas considerações.


Critérios-Burlescab.
Pré-Socráticos
Epistemologia
Fundam. Burlesco
a)filosofismos
Tales (água...)
Reducionismo
Ideológico




b)equívocos   
Demócrito (indivis...)
Falseabilidade(Popper)
lógico   

As abordagens feitas (reducionismo e falseabilidade) consideram:

Reducionismo – 1. ato ou prática de analisar ou descrever um fenômeno, desenvolver a solução de um problema, etc., supondo ou procurando mostrar que certos elementos ou conceitos complexos não devem ser compreendidos ou explicados em si mesmos, mas referidos a, ou substituídos por outros, situados em um nível de explicação ou descrição considerado mais básico. 2. Modo de pensar ou perspectiva teórica em que se propõe ou se faz uso sistemático desse tipo de procedimento intelectual. 3. P.ext. deprec. Simplificação excessiva daquilo que é objeto de estudo ou análise. (“Aurélio”)
Falseabilidade, falsificabilidade ou refutabilidade de uma asserção - conceito proposto por Karl Popper em (1930), diz que em princípio será possível fazer uma experiência física que tente mostrar que essa asserção é falsa. Uma observação que torne uma asserção falseável ou refutável foi a  solução encontrada para o chamado problema da indução (a conhecida asserção filosófica:  "todos os corvos são pretos" poderia ser falseada pela observação de um corvo vermelho).
Teorias de Humor

Teorias de Humor constam do crivo epistemológico na pesquisa do Burlesco onde tutelam conceitos utilizados na configuração daquilo que faz rir, o Burlesco.
Nas teorias de humor o Burlesco encontrou a geração do riso justificada pela homeóstase (medicina), excentricidade de pensamentos (Bergson), Metáfora e metonímia (Lacan e linguistas), behaviorismo e outras teorias, e as associou a uma plataforma de protocolos lógicos, ideológicos e comportamentais constituídos por Princípios que denunciam o caráter de agentes de estilos de comportamentos burlescos.
(Segundo Freud, a função do riso é a de  liberar “energia psíquica”, que tinha sido erradamente mobilizada por expectativas incorretas ou falsas).
Diversas teorias projetam o humor no âmbito da Filosofia, seja nas proposições apresentadas pelos filósofos, seja na biografia dos filósofos ou até no senso de humor daqueles que expõem suas apreciações sobre os filósofos.
Além dessas teorias, destacamos outras que representam uma forma  certamente  mais sofisticada de ver o  humor, em contrapartida da ingênua leitura que pode ser feita dos textos filosóficos e certamente neste texto estamos falando  dos Pré-Socráticos. Assim, tem-se:

Teoria do raciocínio equivocado

Esta teoria reforça a teoria da capacidade do cérebro para encontrar erros em estruturas de crenças ativas, isto é, para detectar raciocínio enganado, um indicador confiável de uma característica de sobrevivência importante: a capacidade de detectar raciocínio equivocado. 

Teoria da Incongruência

 A teoria da incongruência sugere que o riso é a expressão de uma incongruência percebida  por aquele que ri. É o humor percebido quando a lógica e familiaridade são sub stituídas por elementos que normalmente não andam juntos.
Filósofos como  Arthur Schopenhauer, Marx  e Hegel compartilharam desta teoria de forma diferente, cada qual procurando reforçar suas teorias tendo como fundo a idéia de que   incongruência é percebida entre um conceito e o objeto real que ele representa. Hegel compartilhava do conceito como uma “aparência” (como vemos uma situação) e “essência” como o real.
É de Kant a versão mais famosa da Teoria da Incongruência: é "a súbita transformação de uma expectativa tensa em nada." 
Existem objeções a esta teoria sendo a principal   é que há incongruências que não são percebidas  como humorísticas e assim, a incongruência por si só não explica a razão porquê certas histórias ou situações são humorísticas.
Teoria da Atribuição Errônea

É  uma teoria do humor que trata da incapacidade de uma audiência para identificar exatamente o que eles acham de  engraçado em uma piada. 


Vamos encerrando  esta (parte 4) da “Tertúlia Domingueira”  em respeito ao Neves que deve estar se recuperando do intenso trabalho que dá uma mudança. Ontem, 27 de abril de 2013, finalmente o Neves e a Eiko anunciaram  ao mundo a sua nova toca na Para (rio)  Katu (bom), que o Neves viu como um chamado : vem “para cá, tu”.( Nessa rua havia uma pizzaria que bem poderia ser local de encontro da Confraria SAIL).
Hoje, 28 de abril de 2013, Domingo, esta “tertúlia domingueira” irá pegar o Neves ainda curtindo a “quarentena” a que condenou  o blog Confrarias do Riso. A peixaria (blog)  do Nicanor continuou com as portas abertas, vendendo seu peixe durante a Quarentena e assim lá postei um comentário, que ninguém viu. Acho que os comentários dos leitores  deveriam possuir o “status” de temas  para serem discutidos, da maneira como estamos fazendo com os comentários do Neves.
Concluiremos esta tertúlia domingueira tratando de forma instigante o ponto (3): ” Não vejo oxímoro nos seus pensamentos filosóficos (dos Pré-Socráticos), mas vejo uma esforçada tentativa de classificá-los assim”.
 Abraço a todos e bom fim de domingo.

Nagado (28.04.2013) 

terça-feira, 23 de abril de 2013

POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS – TERTÚLIA(Parte 2)


POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS – TERTULIA (Parte 2)
(tertúlia domingueira)

O Neves, que conhecemos por seus excelentes textos (crônicas, ensaios, poesias) possui um humor refinado e um  "sócio" Trasmontano para mostrar o lado lusitano dos lamurientos fados, forma  a dupla unificada no intelectual cosmopolitano e cidadão poliglota  que tanto nos agrada como crítico de nossas postagens no Blog Confrarias do Riso. Esta "tertúlia domingueira", como ele mesmo denominou, mereceu da nossa parte  muita seriedade  para tratar com humor o tema anunciado na postagem : B&F - 004.2013 - Os Pré-Socráticos. 


De: José Nagado <j_nagado@hotmail.com>
Para: jose neves , jaymerosa; nicanordefreitas; IDIR Martin ; Breno Vianna
Enviadas: Sexta-feira, 8 de Março de 2013 19:44
Assunto: B&F – 004.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS


Caro Neves,  seu “mas” quase abala  convicções instaladas no cérebro desvirtuado deste “sócio do Berg”, que teve que voltar à leitura sobre os “Pré-Socráticos” para lembrar os motivos da adjetivação deletéria para tantos cérebros brilhantes responsáveis pelo  desenvolvimento da Filosofia  no mundo Ocidental.
 Muito obrigado pelos comentários e pela questão formulada. Com a postagem do B&F – 004.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS, espero responder à questão formulada e justificar os méritos atribuídos ao texto – POST 05. 2013 - “Os Filósofos e Eu”.

 P.S. O Berg (G.C. Lichtenberg) ficou um pouco agitado lá na tumba, com a sua reclamação: "Acho que o teu sócio Berg atrapalha a minha total compreensão das teorias expostas".  Vou
ter que responder pelo Berg, pois êle não é tão falante como o seu Trasmontano. 

Abraço a todos os Confrades

José Nagado (08.03.2013)

segunda-feira, 22 de abril de 2013

POST 06.2013 - RESPOSTA A COMENTÁRIO DE LUIZ ROBERTO



POST 06.2013 - RESPOSTA A COMENTÁRIO DE LUIZ ROBERTO 



Comentário de

Para JOSE NAGADO

"UMA PESSOA REVELA SEU CARÁTER (ÍNDOLE, NATUREZA, TEMPERAMENTO), EXPONDO VOLUNTARIAMENTE OU NÃO, SUAS TENDÊNCIAS E INCLINAÇÕES JUNTO COM SEUS  CONDICIONAMENTOS (PERMISSÕES E BLOQUEIOS), QUANDO   UTILIZA SEU ESTILO BURLESCO MAIS EFICAZ."


Caríssimo José Nagado,
a afirmação acima depende das definições dos seus termos (especialmente a de "estilo burlesco", bem como "mais eficaz", 'permissões" e "bloqueios"). Eu não estou a altura de entender os teus textos, pego apenas alguma coisa. Não obstante posso afirmar que uma pessoa não pode ser representada completamente por uma equação matemática. A pessoa é livre e imprevisível. Claro que dá para se ter uma tendencia, uma expectativa sobre seu comportamento, mas poderá não ocorrer. Isso não é assim na matemática (a não ser no cálculo de probabilidades).
Por ora é tudo. Um forte abraço,


Caro Luiz Roberto
Um aforismo de G.C. Lichtenberg (1742 – 1799) deu origem àquela afirmação, à  qual  denominamos  “Nexo Berg-Nagado”,   que serve para homenagear o autor do aforismo original (Lichtenberg) e sua   extemporânea parceria burlesco-filosófica com o Nagado (1945 - .....).
As definições reclamadas (“estilo burlesco”, “permissões”, etc)  certamente irão propiciar o entendimento do “Nexo Berg-Nagado”, sem o qual  ficaria  impossível debater o Burlesco, cujas idéias nos propusemos apresentar através do Blog Confrarias do Riso. Essas definições são encontradas no Blog.
O “Nexo Berg-Nagado” foi resultado de uma estratégia do esforço:  “em 2005 iniciei pesquisa epistemológica sobre os velhos esquemas do cômico, do humor e do chiste, que resultou  na estrutura do "Burlesco"
·         Epistemologia (do gr. Episteme, “ciência”; “conhecimento” + o+ -logia) . S.f. conjunto de conhecimentos que tem por objeto o conhecimento científico, visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles técnicos, históricos, ou sociais, sejam lógicos, matemáticos, ou lingüísticos), sistematizar as suas relações, esclarecer os seus vínculos, e avaliar os seus resultados e aplicações.

·         A epistemologia é hoje frequentemente subsidiada por uma coisa chamada ciência cognitiva, um híbrido de lógica, lingüística, psicologia e informática, que tem a ver com a criação de modelos do raciocínio, quer humano, quer mecânico..


Caro Luiz Roberto, seu ceticismo (“eu não estou á altura de entender seus textos”) nos  leva  a compreender suas  reivindicações de afirmações de conhecimento, devido a forma e natureza  do  campo pouco comum da  atividade epistêmica, no caso, do Burlesco.
Vemos então, que tal ceticismo não insufla uma polêmica vazia e sim assume argumentos diversos que motivam tais reinvidicações. Vejamos quais são os seus  argumentos:
Não obstante, posso afirmar que uma pessoa não pode ser representada completamente por uma equação matemática”.
“A pessoa é livre e imprevisível. Claro que dá para se ter uma tendencia, uma expectativa sobre seu comportamento, mas poderá não ocorrer”.
“Isso não é assim na matemática (a não ser no cálculo de probabilidades)”.
A leitura atenta do blog irá sugerir que esses argumentos céticos  foram devidamente considerados justificando propostas avaliadas  por critérios que rejeitaram o apenas aceitável e razoável , quando o evidente poderia ainda ser insuficiente.
No plano do cálculo lançamos no blog a idéia de que conceitos matemáticos do tipo “campos burlescos” poderão ser explorados no futuro avaliando-se expectativas (probabilidades) de comportamentos, considerados pontuais, reforçarem características interessantes para os futuros especialistas de RH.!

Luiz Roberto, sugiro que veja também:

- o B&F 003.2013 – Epistemologia.
- duas referências bibliográficas sobre a Teoria do Conhecimento:
1)Chisholm, Roderick M. – Teoria do Conhecimento – Curso moderno de Filosofia – Zahar Editores – Rio de Janeiro (1969) e
2) Kant, Immanuel – Crítica da Razão Pura – Ed. Nova Cultural Ltda. – S.Paulo (1999)
                                                                                                                      José Nagado - (22.04.2013)

Obrigado , L.Roberto
abraço, 
José Nagado