POST 14.2013 – ESQUETES : SIMPLÓRIO – do Grotesco ao Lúdico
Introdução
Em “Burlesco” (http://licburlesco.blogspot.com.br) definimos uma
estrutura (caráter x fundamentos x tendências) que nos possibilita analisar estilos de
comportamentos de nossos semelhantes (uns mais e outros menos), segundo quatro Categorias de estilos do Burlesco: Pobre de Espírito, Gozador,
Espirituoso e Genial. O texto que segue refere-se ao estilo Simplório da categoria
Pobre de Espírito.
Baseados
nessa estrutura, iniciamos a postagem de uma série de ESQUETES para relatar
passagens típicas dos (17) estilos burlescos com o POST 11.2013 - CRICA – Fair Play no Tênis(http://licburlesco.blogspot.com.br/search?q=fair+play+no+tenis). A série dos Esquetes não obedecerá a sequência apresentada
no “BURLESCO”.
O Estilo Cândido (http://licburlesco.blogspot.com/2013/11/post-132013-esquetes-candido) inaugurou a série de esquetes da categoria Pobre de
Espírito que agora tem sequência com o esquete
do estilo Simplório.
Pobre de Espírito
Um resumo da Categoria “Pobre de Espírito”
foi apresentado em http://licburlesco.blogspot.com.br/search?q=pobre+de+esp%C3%ADrito-20.05.2012.
Os estilos desta categoria (Simplório, Cândido, Inocente útil e Ignorantão) foram agrupados devido
a uma disposição permanente do caráter identificado comumente com a imagem
compassiva que nos transmitem. ("E quando aprendemos melhor a divertir-nos,
esquecemo-nos melhor de fazer mal aos outros e de inventar dores". -
Nietszche, em "Assim falou Zaratustra/dos Compassivos").
Simplório
A respeito de
Simplório, o “Aurélio” registra: “Diz-se do indivíduo ingênuo, tolo, papalvo, simples”. Papalvo entre os caçadores é o nome da codorniz, ave
que mal sabe voar, sendo por isso caçada
com facilidade.
No
Burlesco o estilo Simplório, sob o aspecto comportamental, é atribuido aos
meandros do inconsciente do indivíduo, relacionando-se o estilo a uma interpretação
freudiana do chiste, destacando a utilização do Princípio do Prazer, predominante, em uma realidade (Princípio
da Realidade) grotesca em relação aos
demais fundamentos (lógico e ideológico). Portanto, traços de caráter associados a (“identidade” e “ideologia”) integram
o perfil do estilo Simplório neste esquete.
Os termos Simplório e Papalvo poderão ser utilizados no texto para se referir ao estilo comportamental (do Simplório) ou confundido com o próprio indivíduo (Simplório).
Traços de caráter associados aos fundamentos lógico e ideológico identificados em (“identidade” e “ideologia”)
complementam o perfil do estilo
Simplório, omitidos neste esquete.
Erotismo
Em
“Os dez amigos de Freud”, (Rouanet, Sérgio Paulo –– São Paulo: Companhia das
Letras, 2003), ref. (17), o autor comenta a
obra de Mark Twain enquanto fonte de exemplos e justificativas para as teorias
freudianas, destacando-se mecanismos de condensação e deslocamento, pelos quais
o inconsciente se apresenta, como nos sonhos, atos falhos e sintomas.
“Segundo Freud os chistes, têm como
objetivo a satisfação de desejos inconscientes e constituem uma forma
de nos libertarmos de nossas inibições para expressar (tendências) instintos
agressivos, sexuais, cinismo, etc., que, de outra forma, não seriam levados ao
nível consciente”.
O chiste é a formação que mais se insere no
social, necessitando do “outro” para referendá-lo a certa lógica do
inconsciente, fator presente não apenas nos sonhos e sintomas, mas também na
vida cotidiana, nos sonhos, atos falhos, nas práticas religiosas e na arte.
Esse “outro” subsidia a existência do próprio relator.
Considerando as premissas
acima, efetuamos a análise da expressão do chiste constituído pelo estilo Simplório,
envolvendo seu fundamento Comportamental
(o erotismo), de base psíquica e sua tendência
agressiva.
A formação de um chiste e sua constituição bem como o pensamento expresso por ele gera satisfação e nos faz rir e ainda com mais intensidade neste caso, em que o chiste cumpre um propósito ou uma "tendência" embutida em seu pensamento.
A realidade erótica do Simplório tem para si
apenas o aspecto lúdico do prazer de olhar, simular situações ou
taras de fato grotescas, de brincar com coisas, palavras ou imagens eróticas. E
para isso, o Simplório é muito prolífico e confidencial ao relatar casos
para seus amigos. Isto lhe satisfaz desejos e ansiedades mas enseja as mulheres
a chamá-lo maldosamente de “inofensivo”.
Esse aspecto tem o feitio exato para o gozo da galera (seus amigos gozadores) que não deixa o Papalvo em paz. Sempre que podem, eles ficam à espreita observando-o em suas investidas, para depois contar para os demais. Além disso, aguardam o relato do próprio Simplório para as maiores gargalhadas. Puro Sadismo.
Vamos verificar que o humor atua como uma válvula de escape para alguma verdade do Simplório, que até então, ele não fora capaz de externar e que o
Simplório se livra dos recalques, sem
pagar o preço neurótico da angústia ou do padecimento dos sintomas, preocupação
de psicanalistas. Mas o Simplório não
consegue ficar desembaraçado do juízo crítico do seu interlocutor ou
interlocutores.
O Estilo Simplório utiliza-se
de alusões ao erotismo e ao lúdico nos
casos que relata, deslocando sua agressividade ou insatisfações (contra a
mulher, autoridades, etc), condensando na fantasia do seu estilo confidencial, a realidade de suas tendências.
Desempenho
Um chiste do estilo Simplório
provoca um simulacro de risos quando relatado e provoca gargalhadas quando captamos
a amplitude de seu envolvimento.
Estado
Constatar que o
Simplório encontra o equilíbrio psíquico quando conta seus “causos” é verificar
a validade do princípio da homeóstase. Realmente ele precisa relaxar sua tensão
como todo mundo, só que o Simplório desconhece suas próprias tendências e está equivocado quanto às alusões e
circunstâncias psíquicas envolvidas no “causo”.
Ei-lo!!
Confira o estilo Simplório
Sexo
O negócio anda tão violento ultimamente
que ninguém mais acredita em amor puro, angelical.
Outro dia perguntaram a uma menina muito
tímida:
- Por que é que as mocinhas baixam o olhos
quando recebem declaração de amor dos rapazes?
E ela responde:
- Prá conferir se é verdade.
(ref. “Mil piadas de salão” – Alan
Viggiano)
Sorte
Dizia um amigo:
- Rapaz, eu tenho uma sorte bárbara.
- Ganhaste na loteria?
- Nada disso, cara!. Ontem de noite eu
vinha saindo de um desses hotéis de alta rotatividade ali na Boca do Lixo,
justamente na hora que a minha mulher ia entrando. Puta sorte, meu! ...Ela não me viu!!
(ref. “Mil piadas de salão” – Alan
Viggiano)
(Equívoco)
Enviado pela C.R. Essas e Outras (obrigado Moacyr)
VOCÊ É O PAI DE UMA DAS MINHAS CRIANÇAS...
Um sujeito está na fila da caixa no supermercado.
De repente, observa que uma loiraça lhe acena e
lança um sorriso daqueles de cair o queixo.
Ele deixa por momentos o carrinho das compras na
fila, dirige-se à loiraça e lhe diz suavemente:
- Desculpe, será que nos conhecemos?
Ela responde, sempre com aquele sorriso:
- Não se lembra de mim? disse, sorrindo.Você é o pai de uma das
minhas crianças...
O tipo põe-se imediatamente a vasculhar a memória e
pensa na única vez em que foi infiel à esposa, perguntando de imediato à
loiraça:
- Não me diga que você é aquela stripper do puteiro
da Zuleika Drinks, que depois de um show de sexo total com quatro
caras, eu acabei te comendo sobre uma mesa de bilhar, diante de todos os
presentes, totalmente bêbado, enquanto uma das suas amigas me flagelava o tempo
todo com uns nabos molhados e me enfiou um pepino no rabo?!
Resposta imediata da loiraça:
- Bem... acho que o senhor está equivocado... Sou a
professora do seu filho...
(José Nagado – 19.12.2013)
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