POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS - oximoros (Parte 5)
(tertúlia domingueira)
5.1 Introdução
Em Pré-Socráticos - Parte 2, um oxímoro
avalia o pensamento cosmológico daqueles filósofos
através da sobreposição de duas palavras
(“profundidade histriônica”). Nesta (Parte 5) faremos uma conexão entre oxímoros e o ambiente dos pensamentos filosóficos dos
pré-Socráticos, incluindo-se nesta parte, o pensamento do filósofo Parmênides
de Eléia (530 a.C-460ª.C), um dos principais protagonistas do palco do mundo pré-socrático, onde se
questiona:
(3) ” Não vejo oxímoro nos seus pensamentos filosóficos, mas vejo uma esforçada
tentativa de classificá-los assim”.
Formulado dessa forma, esse questionamento suscitou reflexões a respeito da natureza
essencial daqueles pensamentos, até chegarmos a uma ponderação que justifica “uma
esforçada tentativa de” classificá-los
como oxímoros, conquanto pensamentos passíveis de interpretações, para
além do tempo em que foram gerados.
Assim:
Heráclito de Éfeso
Heráclito
(540 – 490 a.C) deixou uma obra (“Da natureza”) composta de fragmentos curtos
(cerca de cento e trinta e cinco), dividida em três seções, versando sobre o
Universo ou o Todo, sobre a política e a última, sobre teologia. Nesses fragmentos
Heráclito revela sua doutrina utilizando uma linguagem ambígua e problemática, características
do estilo aforismático e de cunho oracular das suas mensagens.
Recebeu a
alcunha de "Obscuro" principalmente em razão da obra a ele atribuída
por Diógenes Laércio, “Da Natureza”. Na
vulgata filosófica, Heráclito é o pensador do "tudo flui" (panta rei)
e do fogo, que seria o elemento do qual deriva tudo o que nos circunda.
[Wikipedia]
Os
registros biográficos de Heráclito de Éfeso, cujos antepassados foram
fundadores da cidade, comumente o descrevem como um pensador altivo e
arrogante. Sabe-se, igualmente, que seu humor é sombrio e melancólico por viver
isoladamente, desdenhando o convívio dos pensadores poetas de sua época os
quais considerava inferiores à sua linhagem e à sua capacidade intelectual. Esse
perfil ensejou entre os comentadores uma série de apreciações negativas, que
carecem, todavia, de base histórica.
Embora de família aristocrática, não
teve mestre na adolescência, quando dizia que "não sabia nada". Na
idade adulta, revelando cômico comportamento anti-social e dizendo que
"sabia tudo" decidiu se afastar da plebe inculta da cidade e habitar
os campos, onde se alimentava apenas de ervas, o quê o acabou matando de hidropsia. (se fosse hoje, diriam que foi
overdose).
Fragmentos
A seguir, alguns fragmentos da
obra de Heráclito revelam seu espírito crítico e aspectos doutrinários:
Fragmento 49 – mostra desprezo pela plebe inculta e bárbara: pois "se há um que é o melhor, esse, para mim, vale dez mil."
Fragmento 40 - Heráclito não poupa nem as figuras mais glorificadas da cultura grega, condenando-lhes o eruditismo: "A muitos a ciência não ensina a ser inteligente. Pelo menos não o ensinou a Hesíodo e Pitágoras, e depois, a Xenófanes e Hecateu."
Fragmento 5 - Contra as práticas religiosas populares de seu tempo, investe contra aqueles que "com outro sangue se purificam como quem, maculado de lama, na lama fosse lavar-se."
Fragmento 10 - Heráclito afirma enigmaticamente: "Conexões: completo e incompleto, concordante e discordante, consonante e dissonante; de tudo, um; de um, tudo."
Fragmento 80 – Heráclito reflete
sobre o jogo de contrários que rege o universo e a existência, a perpétua luta
entre as oposições e as transformações radicais que se operam na natureza,
proclamando, desafiadoramente, que "importa saber que o Prélio [...] é
comum, e que a justiça é querela, e que tudo sucede segundo a querela e a
necessidade."
(José Nagado - 28.05.2013)
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