Cassio Carvalheiro

quarta-feira, 29 de maio de 2013

POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS – oxímoros (Parte 5.1)

 POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS - oximoros (Parte 5)
(tertúlia domingueira)


5.1 Introdução

Em Pré-Socráticos - Parte 2, um oxímoro  avalia   o pensamento cosmológico daqueles filósofos através da  sobreposição de duas palavras (“profundidade histriônica”). Nesta (Parte 5) faremos  uma conexão entre  oxímoros  e o ambiente dos pensamentos filosóficos dos pré-Socráticos, incluindo-se nesta parte, o pensamento do filósofo Parmênides de Eléia (530 a.C-460ª.C), um dos principais protagonistas do  palco do mundo pré-socrático, onde se questiona:

(3) Não vejo oxímoro nos seus pensamentos filosóficos, mas vejo uma esforçada tentativa de classificá-los assim”.

Formulado dessa forma, esse questionamento suscitou reflexões a respeito da natureza essencial  daqueles  pensamentos, até  chegarmos a uma ponderação que justifica “uma esforçada tentativa de”  classificá-los como oxímoros,  conquanto   pensamentos passíveis de interpretações, para além do tempo em que foram gerados. 

Assim:

Heráclito de  Éfeso
Heráclito (540 – 490 a.C) deixou uma obra (“Da natureza”) composta de fragmentos curtos (cerca de cento e trinta e cinco), dividida em três seções, versando sobre o Universo ou o Todo, sobre a política e a última, sobre teologia. Nesses fragmentos Heráclito revela sua doutrina utilizando uma linguagem ambígua e problemática, características do  estilo aforismático  e de cunho oracular das suas mensagens.  

Recebeu a alcunha de "Obscuro" principalmente em razão da obra a ele atribuída por Diógenes Laércio, “Da  Natureza”. Na vulgata filosófica, Heráclito é o pensador do "tudo flui" (panta rei) e do fogo, que seria o elemento do qual deriva tudo o que nos circunda. [Wikipedia]


Os registros biográficos de Heráclito de Éfeso, cujos antepassados foram fundadores da cidade, comumente o descrevem como um pensador altivo e arrogante. Sabe-se, igualmente, que seu humor é sombrio e melancólico por viver isoladamente, desdenhando o convívio dos pensadores poetas de sua época os quais considerava inferiores à sua linhagem e à sua capacidade intelectual. Esse perfil ensejou entre os comentadores uma série de apreciações negativas, que carecem, todavia, de base histórica.
Embora de família aristocrática, não teve mestre na adolescência, quando dizia que "não sabia nada". Na idade adulta, revelando cômico comportamento anti-social e dizendo que "sabia tudo" decidiu se afastar da plebe inculta da cidade e habitar os campos, onde se alimentava apenas de ervas, o quê o acabou matando  de hidropsia. (se fosse hoje, diriam que foi overdose).

Fragmentos

A seguir, alguns fragmentos da obra de Heráclito revelam seu espírito crítico e aspectos doutrinários:  

Fragmento 49 – mostra desprezo pela plebe inculta e bárbara: pois "se há um que é o melhor, esse, para mim, vale dez mil."

Fragmento 40 - Heráclito não poupa nem as figuras mais glorificadas da cultura grega, condenando-lhes o eruditismo: "A muitos a ciência não ensina a ser inteligente. Pelo menos não o ensinou a Hesíodo e Pitágoras, e depois, a Xenófanes e Hecateu."  

Fragmento 5 - Contra as práticas religiosas populares de seu tempo, investe contra aqueles que "com outro sangue se purificam como quem, maculado de lama, na lama fosse lavar-se."

Fragmento 10 - Heráclito afirma enigmaticamente: "Conexões: completo e incompleto, concordante e discordante, consonante e dissonante; de tudo, um; de um, tudo."


Fragmento 80 – Heráclito reflete sobre o jogo de contrários que rege o universo e a existência, a perpétua luta entre as oposições e as transformações radicais que se operam na natureza, proclamando, desafiadoramente, que "importa saber que o Prélio [...] é comum, e que a justiça é querela, e que tudo sucede segundo a querela e a necessidade."


(José Nagado - 28.05.2013)

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