Cassio Carvalheiro

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

2.4 – Comportamentos - Um ato bizarro

Um ato bizarro
Certo dia, ao iniciar o retorno à esquerda no trânsito de São Paulo,  sofri um abalroamento. Eu permanecia dentro do meu carro, quando o motorista do outro carro veio tirar satisfações comigo, sabendo esse idiota, que ele estava completamente errado. Olhando pelo retrovisor, eu o vira espertamente passando à direita da  fila de carros que se forma na faixa especial à esquerda na Avenida (Ricardo Jafet, em São Paulo) tudo devidamente sinalizado para que  os carros em fila entrem a esquerda, seja para cruzar ou para fazer o retorno na avenida. Quando o semáforo abriu, aquele motorista idiota  entrou repentinamente à esquerda e abalroou o meu carro, junto à ilha que limita a entrada de mais de um carro nesse retorno. O que se viu, foi muito cômico: o sujeito se postou em frente ao meu carro e bateu com as duas mãos fechadas no capô do  carro e depois foi até o meu lado e deu um soco no vidro lateral do carro, que ainda estava levantado. O sujeito urrava: “Viu o que v. fez no  meu carro?“. O motorista de um caminhão que estava logo atrás tirou a cabeça para fora e gritou: “Vamos chamar a polícia aí do posto da esquina, que vai tomar a carteira desse vagabundo folgado que furou a fila”.
Enquanto isso, vendo que eu não me alterara e nem mostrava medo algum, o idiota foi até o seu carro, procurou alguma coisa e parou, ameaçador, em frente do meu carro. Minha esposa, ao meu lado, gritou  “Cuidado, ele está armado!”, e saiu rapidinho do carro. Foi muito cômico o que se viu a seguir. O sujeito era baixinho, gordo, e estava agitado, procurando alguma arma, que, pelos movimentos nervosos que fazia, devia estar na sua cintura, onde apalpou várias vezes. Enquanto isso, o motorista do  caminhão desceu do seu veículo disposto a dar uns sopapos no idiota. Este, vendo a situação ficar feia para o seu  lado, entrou no seu carro e conseguiu fugir, antes que o sinal fechasse para ele.
O quê levou aquele sujeito a ter um comportamento tão grotesco, ali naquela movimentada avenida?  Ele sabia que tinha sido o culpado pelo acidente e que o dano no seu carro, afinal,  não tinha sido tão grande. A impaciência do motorista do caminhão e dos outros motoristas que se achavam na fila pode tê-lo pressionado psicologicamente a cometer aquele  “ato grotesco”,  hilariante mesmo. Mas, qual o sentido de “procurar” uma arma que ele sabia que não tinha?  
Ato falho, ou qual seja o nome que se possa dar a tal comportamento irracional daquele sujeito, o melhor que se pode dizer, é que naquele momento ele vivia a  realidade de um trânsito violento, onde deveria se impor de alguma maneira, mesmo que tivesse que recorrer a uma arma para impor respeito, situação que já vira muitas vezes  no noticiário e já gravado no seu inconsciente. Seu comportamento nada mais representou que o limite do estado de coisas dessa realidade chamada trânsito, aflorando intempestivamente do seu inconsciente, mas de forma hilária!  Bizarra!
J_nagado (23.01.2012)

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