Cassio Carvalheiro

sexta-feira, 3 de março de 2017

Tributo ao Neves -TAN 05.03 - Trav. do Tempo” (J.C. Neves) com Haicais Burlescos




TAN 05.03 – “Travessia do Tempo” (J.C. Neves) com Haicais Burlescos

Introdução

Princípio de Identidade
“Travessia do Tempo” nos levou ao Poema de Parmênides de Eleia (530 a.C-460ª.C) onde os versos de “Travessia da Existência” discutem o “ser” (ou “não ser”) do homem, inaugurando o Princípio de Identidade, na história da Filosofia.
Segundo este princípio, em seus estudos sobre a lógica, o filósofo Pré-Socrático Parmênides (*) afirma:
“todo objeto é idêntico a si mesmo”.
Em outros termos, explicando essa questão de Identidade, o Filósofo Neves diria: 
"É o conjunto de caracteres próprios e exclusivos com os quais se podem diferenciar pessoas, animais, plantas e objetos inanimados uns dos outros, quer diante do conjunto das diversidades, quer ante seus semelhantes".
Nestes termos, consideramos que o texto “Travessia do Tempo”, ilumina a jornada filosófica do (Neves) Transmontano, em busca da Identidade do amigo (Transmontano) Neves.    

Falando em Identidade, é preciso não esquecer do lusitanismo do amigo Neves (veja a “Batalha de Galos”), eis que no texto atual, ele omite intencionalmente (ou não), qualquer referência ao lusitano viver.  

É preciso também lembrar que o Transmontano já foi alvo de dúvidas em relação à sua origem (Espanhola?), carecendo de convicção, portanto, qualquer crença na identidade especular do Neves e do Transmontano, conforme aduzimos em: “Entendeu?”, no link: http://licburlesco.blogspot.com/2016/12/tributo-ao-neves-02-entendeu.html )

Em todo caso, confira a identidade especular de dois seres semelhantes (Neves e Transmontano), após 60 anos de convívio, ao que parece, inevitável.

Notas:

A linguagem dos haicais burlescos utilizada na “Travessia do Tempo”, é resumida em seus termos mais simples nos textos:





(*) Parmênides -

O Prêmio Parmênides, concedido pelo Blog Confrarias do Riso ao amigo Neves em 2013, será o próximo tema deste Tributo neste blog.


Um tributo especial

O Neves revela grande senso de humor, além de mostrar desapego a seu próprio texto, aprovando a inserção de haicais alheios em “situações literárias” de sua lavra. Ele inferiu, usando seu elevado senso de humor e muita sabedoria lógica, que os “haicais burlescos” ministrados gota a gota no texto, funcionaram como remédios oportunos transferidos ao combalido personagem (“cotista social”), o amigo Transmontano, proporcionando-lhe uma “mais suave” “Travessia do Tempo”.
                    
Sob este contexto, o nosso homenageado ressalta a importância de um olhar diferenciado para os textos que lemos.ou que produzimos.  O Princípio de Identidade, tema que pensamos explorar no início da avaliação deste tributo ao Neves, sofreu uma virada do viés temático (filosofia) para o objeto (personagem), que realmente interessava ao autor.

Aproveitando o espaço criado pelo nosso comentário, fazemos uma homenagem ao nosso guru (em relação ao Burlesco), Georg Christoph Lichtenberg, sábio alemão da Universidade de Göttingen, que disse, certa vez:

“Texto é espelho. Macaco, quando olha no espelho, não vê apóstolo, só vê macaco”.

Neves, mais uma vez, obrigado!





A seguir:
- o e-mail do Neves
- texto (parcial) de “Travessia do Tempo” com a inserção dos haicais burlescos.


Para José Nagado, nicanordefreitas@gmail.com, jaymerosa@terra.com.br, IDIR Martin

Amigos

Depois de alguns exames, e já liberado da Banca examinadora - se não com notas elevadas, suficientes para passar raspando - aqui estou de volta para "sargentear".

Além de sábio, o Nagado é previdente. Ele sempre tem um elevado e variado estoque de remédios (Haicais) que servem para todos os males (situações literárias), e quase sempre aplica a "doseometria" (termo jurídico da moda no laboratório do STF) na medida certa. Quando eu crescer - afinal, o futuro pode não ter acabado ainda - quero ser um Douto alquimista de haicais como ele. E nem se importou com o ter de "atravessar" a madrugada para pinçar e aplicar os remédios mais eficazes para uma mais suave "Travessia do Tempo". Domo arigatoo gozaimasu, nee!

Sobre os demais temas, responderei nos e-mails referentes a cada um deles.

Abraços

Neves - 10/12 




TRAVESSIA DO TEMPO   j.c. neves – out.2012

                       Nascemos e crescemos em busca do futuro; é a nossa esperança.
                      Amadurecemos, socializamos, multiplicamos; é a nossa realização.
                       Envelhecemos, estorvamos, nos isolamos; é o nosso crepúsculo. (JCN)


“Aleluia! Esfuziante, o Transmontano só não pulou de alegria porque seu corpo, um pouco acima do peso e cansado, não logrou levantar os pés grudados ao chão, como imantados”.

56) (Velhice)

TEMPO DA VELHICE.
AQUELA SERENIDADE
PLENA DE MEIGUICE.

     “Intrigante! Era a primeira vez que alguém se referia explicitamente ao meu amigo como idoso. Essa palavra sempre lhe havia parecido tão atemporal para si que demorou a dar-se conta de que a observação do manobrista era com ele mesmo. Na verdade, ele nunca havia tido percepção da sua idade real”.

55) (Passado)

VOLTO AO PASSADO.
UM ROMANCE ESQUECIDO...
RETRATO RASGADO.

“Não se lembrava de que houvesse passado por uma idade infantil, sentindo a infância como tal, ainda que tivesse algumas lembranças fatuais do período. O mesmo com a adolescência; com o jovem adulto; com a meia idade; e mesmo com a idade madura, diga-se até aos 60 anos”

341 (amor temporão)

AMOR TEMPORÃO,
ESPERADO, MADURO,
COM MUITA TESÃO.

“Talvez o fato de haver tido uma infância e adolescência – ou a ausência delas – quase nulas, i.e., por raramente desfrutar da leveza e do direito de vivê-las no que elas têm de prazeroso e inocente, mas vivê-las intensamente com o peso da responsabilidade e dever de um adulto”

                          193 (OUTONO)                                   

TER SONHOS AGORA,
OUTONO QUE PREPARA,
NÃO ME APAVORA.

Ele se lembra de alguns atos do quase bebê;

241 (O ESPERMATOZOIDE)

QUASE NÃO SENTI.
DORMI COM PAPAI,
COM MAMÃE SAI.


        “Até aos 60 anos, o meu amigo sempre teve a sensação de que o seu futuro ainda estava por chegar. Embora considerasse os sexagenários já entrados na terceira idade, isso acontecia só com eles. Ele seguia buscando seu futuro, até que este viesse buscá-lo. Ao completar 60 anos, a Eiko e o Cláudio decidiram fazer-lhe uma festa-surpresa. E, pela primeira vez, deparou-se com seu futuro.”

54) (Futuro)

SEMPRE ME ESQUEÇO
QUE O FUTURO CHEGOU-
É SÓ O COMEÇO.

“Talvez ainda não tivesse tocado nessa realidade mais cedo – que começa em torno aos 45 – porque passou mais de 30 anos na mesma empresa.  Sobram-lhe experiência profissional e intelectual, acima da média. Mas o paradoxo é que também lhe falta/sobra empregabilidade. Agora, quase no extremo crepuscular da ponte que liga as margens etárias, está bem próximo de completar a travessia do seu tempo.”

359

A ETERNIDADE
É CAMINHO SEM VOLTA,
COMO A IDADE.

                          (José nagado – 23.10.2012)
(Para qualquer reclamação de invasão de propriedade intelectual ao Procon, do autor ou de leitores de “Travessia de seu tempo”, sugiro acessar o meu Perfil.)


                           (Tributo ao Neves continua, após o Carnaval) – (jn 03.03.2017)


2 comentários:

  1. Nagado, estou um bocado atrasado, mas quero, preciso dizer-te que as inserções dos teus haicais enriqueceram muito a minha crônica. Talvez devêssemos pensar em algo a quatro mãos. Seria interessante ver o resultado conjunto de um cérebro trasmontano e um nipônico. Grande abraço. JC - 21/04/17

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  2. Neves, obrigado! Suas palavras me tranquilizaram em relação a sentidos (ou sentimentos) que meus haicais poderiam ter invadido, eventualmente, em áreas de conforto abrangidas pela argumentação do seu texto. Afinal, repetindo nosso guru Berg: “Texto é espelho. Macaco, quando olha no espelho, não vê apóstolo, só vê macaco”.- Vou fazer a proposta de um roteiro de trabalhos envolvendo temas de humor sugeridos pelo Burlesco. Grande abraço.jn-17.05.2017.

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