Cassio Carvalheiro

sábado, 2 de junho de 2012

CONFRARIAS DO RISO -TRASMONTANO - 001.2012


CONFRARIAS DO RISO -TRASMONTANO - 001.2012
       Sob este título – CONFRARIAS DO RISO - são  comentadas no blog as contribuições das Confrarias, observando-se o uso de termos e conceitos do Burlesco. 
        
E-mail de (26.05.2012) da CONFRARIAS DO RISO – TRASMONTANO, dos amigos José Neves e Trasmontano,  conferem conceitos  sobre o Cômico, o Chiste e o Humor segundo Sigmundo Freud (1856 – 1939) – psiquiatra, postado no blog em (2.4.1) – Revendo Comportamentos – (f)Inconsciente.
Trata-se de  uma leitura que nos ajudou a introduzir a idéia de “posturas” que implicam na realização do cômico, do chiste e do humor, segundo Freud.
         Em “Os dez amigos de Freud”, (Rouanet, Sérgio Paulo –– São Paulo: Companhia das Letras, 2003), ref. (17), o autor comenta que Freud usa a obra de Mark Twain enquanto fonte de exemplos e justificativas para  suas teorias, inclusive para a Teoria Freudiana do Chiste, do Cômico e do Humor, que utilizamos como referência para o desenvolvimento da estrutura do Burlesco. Freud  fornece  prescrições básicas de posturas para a ocorrência do Cômico, Chiste e do Humor.          

Caro José

Entrei no Burlesco e me encontrei com as bizarrices argentinas, e elas parecem estar fazendo um tremendo sucesso na propaganda brasileira. Não me recordo de haver visto essa que comentaste, mas há outras 3 atualíssimas que podem traduzir perfeitamente conceitos do Burlesco:

1. Sandálias Havaianas - no ponto de venda: (cômico)

     Alguns argentinos e brasileiros discutem sobre quem seria mais "engraçado", brasileiros ou argentinos?
     Entretanto, um dos argentinos pergunta ao atendente da loja se não teria sandálias Havaianas estampadas com a bandeira Argentina. O atendente não consegue parar de rir e os brasileiros finalmente concordam: os argentinos são mais engraçados.

Pessoalmente, vejo nessa propaganda, um quase símbolo nacional representado pelo produto (sandália), ameaçado de ser "manchado" por um símbolo argentino (a bandeira). Ridículo, bizarro, impossível!

2. Carro Fox - dentro do carro (humor)

      Um rapaz, supostamente gay, confessa, depois de 5 anos de relacionamento, ao seu parceiro, que ele não é brasileiro, e sim argentino (impossível não saber pelo seu sotaque inconfundível), ao que o parceiro brasileiro, sem dar a menor importância ao que o outro falou, responde com uma pergunta: Tudo o que precisávamos para o churrasco coube no carro? E o vídeo corta para a enorme quantidade de coisas que cabem no carro.

Aqui eu detecto uma reconciliação das culturas nacionalistas brasileira e Argentina, quase sempre antagônicas. Não importa se um é brasileiro e o outro é argentino; o que importa é que estão juntos, ainda que pareça ter sobrado uma ponta de inocência para o argentino, ao imaginar que o outro não sabia da sua nacionalidade.

3. Coleção de  de autores brasileiros, portugueses e hispânicos em geral (acho que era da Folha). (chiste)
      Um peruano, um português e uma "mãe" argentina revelam seus estereótipos:
O português queixa-se das anedotas habituais;
O peruano queixa-se de que só aparece "tocando su flautita";
E a "mãe" argentina queixa-se de que "y yo....(levanta-se após longo silêncio)...más respeto, por favor".
É cruel, mas sutil e sublime.

A propósito dos argentinos, o nosso amigo Trasmontano já sente saudades deles. 
Abs, e bom fim de semana.

JC - 26/05/12
       

        COMENTÁRIOS DO blog

         Vamos conferir essas posturas considerando as piadas recebidas.

         1. A primeira piada reveste-se de uma postura do CÔMICO.
 O argentino tenta  colocar do seu lado o julgamento crítico do interlocutor (brasileiro), mas o faz de forma                              cômica. O amigo Neves  se diverte: “Ridículo, bizarro, impossível!”

         2. A segunda piada mostra a postura do HUMOR.
Ao fazer pergunta o brasileiro pretende ficar desobrigado da necessidade de experimentar sentimentos penosos (reconhecer a parceria homossexual) , ou como analisa o Neves, “pareça ter sobrado uma ponta de inocência para o argentino, ao imaginar que o outro não sabia da sua nacionalidade”.

3. A terceira piada, como diz o Neves,  “ É cruel, mas sutil e sublime” e associa a postura do chiste
revelando o condicionamento do interlocutor (brasileiro?)  em relação ao estereótipo transferido pela mãe do argentino :"y yo....(levanta-se após longo silêncio)...más respeto, por favor".
Observando a atitude do brasileiro, sua postura mostra que ele tenta se livrar das inibições e do julgamento crítico do interlocutor. Obs.: Para Freud, tal comportamento revela um sentimento de inferioridade.
        Estas posturas serão justificadas nas postagens que tratarão da Estrutura do Burlesco.
(j_nagado – 01.06.2012)

2 comentários:

  1. As propagandas citadas realmente são muito boas e foram bem colocadas. Apenas não vejo que o argentino da propaganda do FOX seria supostamente gay.
    Quanto as posturas citadas, no conceito que tenho de cada uma elas (chiste, cômico, humor) senti dificuldade em distingui-las da forma como foi feita pelo autor do blog.
    Continuarei acompanhando o blog para entender melhor os conceitos.
    Abraços,

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  2. (j_nagado - 06.06.2012)

    Refletindo sobre o comentário do Gustavo, acho que ele tem um bocado de razão quando diz que "Apenas não vejo que o argentino da propaganda do FOX seria SUPOSTAMENTE gay".

    A expressão "supostamente gay" utilizada pelo narrador, ajuizada pela filosofia criada por Thomaz Reid (1710-1796, faz apologia do senso comum ao expor a idéia particular de uma cultura específica (a do brasileiro) em relação
    a (todo) argentino, o quê deixaria de ser politicamente correta a piada. Entretanto, de acordo com o contexto, olhando-se para o quê é constante na pessoa, percebe-se que aquele (específico) argentino é SINTOMATICAMENTE gay.

    Reid creditava ao senso comum a base de todo o pensamento filosófico. Contemporâneo e crítico do cepticista David Hume, Reid afirmava que o mundo está à nossa vista para que façamos julgamentos claros sobre aquilo que vemos, preto ou branco, certo ou errado, gay ou não.
    Talvez não se deva levar essa preocupação filosófica ao plano consular e admitir politicamente que o Messi é o melhor
    jogador de futebol do mundo. Isto deixaria os argentino felizes e eles esqueceriam a questão.

    (Vejam até onde a preocupação com a ética pode levar um blogueiro).
    (j-nagado - 06.06.2012)

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