2.4.3 LASTRO CONCEITUAL - Filosofia – cont. (2)
Comportamento Paradoxal
Em Filosofia, Paradoxo constitui a subversão tanto do
bom senso como do senso comum e como tal uma fonte inevitável do burlesco. “Os estóicos foram os reais inventores de
novas formas de pensamento e amantes de paradoxos. É com os estóicos, que o humor encontra sua
dialética, seu lugar natural como puro conceito filosófico”. (sic. Lógica do Sentido - Deleuze, Gilles Ref. 20 ).
Comportamento paradoxal - caracteriza o comportamento que é ou parece
contrário ao comum; contra-senso, absurdo, disparate. Um comportamento
aparentemente contraditório é, no entanto, verdadeiro, indo de encontro a
sistemas ou pressupostos que se impuseram, como incontestáveis ao pensamento.
Assim é o Paradoxo Socrático, tese socrática que afirma: “Ninguém faz o mal
voluntariamente, mas por ignorância, pois a sabedoria e a virtude são
inseparáveis”.
O Burlesco encontrou o encadeamento do significado de “paradoxo” com o da palavra “oxímoro” ou “paradoxismo”,
figura de linguagem que consiste em reunir palavras contraditórias (exemplos:
covarde valentia; silêncio eloqüente). Como é notório observar nos exemplos
dados, oxímoros podem indicar, sutilmente, comportamentos paradoxais.
Deleuze, Gilles
em Lógica do Sentido (Ref. 20), trata os Paradoxos de forma abrangente e no capítulo “Oitava Série - da Estrutura” expõe “certas condições mínimas de uma
estrutura em geral” utilizando-se de um
paradoxo na forma de uma “antinomia”. A
primeira dessas condições determina que “são necessárias, pelo menos, duas séries
heterogêneas, das quais uma será determinada como “significante” e a outra como
“significada” (nunca uma única série basta para formar uma estrutura)”. Essa condição
bem outras ali definidas serviram de
modelo para a Estrutura que apresentaremos no Burlesco mais adiante.
Determinismo e Fatalismo
Por determinismo entende-se toda doutrina que nega o
livre arbítrio, um problema da liberdade psicológica que abrange as discussões
sobre a consciência, vontade, obrigações e responsabilidades, que resultam em sanções
morais e sociais.
Muitas vezes certos indivíduos exibem comportamentos caracterizados
pela negação do livre arbítrio e provocam
o riso devido ao seu estado aparentemente racional e uma postura que
parece normal. Sem que se negue um tratamento humano a que eles têm direito,
vamos considerá-los em dois grandes grupos doutrinários: fatalismo e determinismo.
Fatalismo
Os estóicos citados como amantes dos paradoxos, tem, na realidade o fatalismo como parte uma crucial
da sua filosofia. No momento veremos apenas os principais requisitos do
fatalismo.
Considera-se que todos os comportamentos são inevitáveis,
inclusive os de vontade.(há! Haa!).
Tal pressuposto fatalista nos diz que esse comportamento ocorre:
a)
Fatalmente,
independente do esforço eventual do indivíduo, em sentido contrário.(Ho!Ho!Ho!)
b)
Contingentemente,
isto é, nega-se qualquer possibilidade ou ato do indivíduo no sentido contrário (e
necessário).(Hu!Hu!Hu!)
c) Necessariamente, isto é, não é concedido ao indivíduo,
liberdade de negar sua contribuição para o burlesco. (Hi! Hi! Hi!)
Fatalistamente, aqui encontramos personagens como
(a) “o Nó cego”, (b) “o pagador de micos” e (c) “o mala”, que podem fazer rodízio de atributos,
sem qualquer constrangimento.
Determinismo
Doutrina filosófica segundo a qual (Barsa) todos os
fenômenos do Universo, abrangendo a natureza, a sociedade e a história são
subordinadas a leis e causas necessárias, negando, pois o livre arbítrio. Nada ocorre sem esta correlação determinista.
Opõem-se ao fatalismo, que ensina que os fatos são
fixados de antemão por uma força externa e superior à vontade. De acordo com o
fatalismo, o esforço é inútil, porque tudo ocorre de modo infalível.
O determinismo ensina, apenas, que para cada fato há
de ter havido sempre razões suficientes que o determinam. Um aforismo reforça,
de forma preconceituosa, este conceito:
“O ser humano é uma obra prima da natureza, por esta
razão suficiente: mergulhado no determinismo crê agir como criatura livre”.
(Lichtenberg, G.C)
Acima do
fatalismo e do determinismo e da questão ética ou moral, é importante observar que tais comportamentos podem ser
justificados pelo Princípio da Constância e pelo Princípio do Prazer, que
afirmam:
O princípio da Constância diz que o organismo tende a
persistir num modo de comportamento até que obtenha satisfação.
Princípio do Prazer – Tendência da atividade psíquica
a buscar a satisfação e evitar o pesar, sem levar em conta a realidade.
O burlesco admite fatores (Espaços, Causas e
Condicionamentos - v. capítulo 2.2 – Argumentos) apoiados em bases
Cosmológicas, Fisiológicas e Psicológicas, como determinantes a serem
considerados nas escolhas ou atos voluntários do indivíduo:
a)
Cosmológicas,
quando são regidos por leis fixas, como os demais fenômenos da natureza. Costumamos
dizer de certos indivíduos: “Esse, a natureza cuida”, quando vemos que estão prestes a realizar uma
besteira ou coisa engraçada.
b)
Fisiológicas,
que seriam conseqüência das reações orgânicas, determinadas pelas
circunstâncias externas ao indivíduo, ou seja, seus atos voluntários não
passariam de resultante das forças (o meio, hereditariedade, o estado
orgânico) que atuam sobre ele, mas não
necessariamente. Deduz-se, então, que a vontade própria, a moral, em suma,
tendências supostamente superiores do indivíduo estejam totalmente
aniquiladas.
c)
Psicológicas,
como atos voluntários, são definidas pelo motivo mais forte, que seu desejo
transforma em motivo de impulsividade maior. Como atividade inteligente, o
desejo enviesado do indivíduo escolhe um determinado motivo entre outros que
não lhes pareceram convenientes.
Com base nesses determinantes de análise, poderíamos citar diversos
exemplos, mesmo sob o risco de sermos
contestados pelos contemplados:
(a)
o sujeito
que se julga esperto e se mete em negócios de que não entende nada.
(b)
o sujeito
bajulador, o chamado “puxa – saco”.
(c)
o
compulsivo (o comprador, o jogador)
(j_nagado – 06.03.2012)
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