Cassio Carvalheiro

quinta-feira, 8 de março de 2012

2.4.3 LASTRO CONCEITUAL - Filosofia – cont. (2)


2.4.3 LASTRO CONCEITUAL  - Filosofia – cont. (2)

Comportamento Paradoxal 
Em Filosofia, Paradoxo constitui a subversão tanto do bom senso como do senso comum e como tal uma fonte inevitável do burlesco. “Os estóicos foram os reais inventores de novas formas de pensamento e amantes de paradoxos. É  com os estóicos, que o humor encontra sua dialética, seu lugar natural como puro conceito filosófico”. (sic.  Lógica do Sentido -  Deleuze, Gilles  Ref. 20 ).
Comportamento paradoxal  - caracteriza o comportamento que é ou parece contrário ao comum; contra-senso, absurdo, disparate. Um comportamento aparentemente contraditório é, no entanto, verdadeiro, indo de encontro a sistemas ou pressupostos que se impuseram, como incontestáveis ao pensamento. Assim é o Paradoxo Socrático, tese socrática que afirma: “Ninguém faz o mal voluntariamente, mas por ignorância, pois a sabedoria e a virtude são inseparáveis”.
O Burlesco encontrou o encadeamento do significado de  “paradoxo” com o da palavra “oxímoro” ou “paradoxismo”, figura de linguagem que consiste em reunir palavras contraditórias (exemplos: covarde valentia; silêncio eloqüente). Como é notório observar nos exemplos dados,  oxímoros  podem indicar, sutilmente, comportamentos paradoxais.
Deleuze, Gilles  em  Lógica do Sentido  (Ref. 20),  trata os Paradoxos de forma abrangente  e no capítulo  “Oitava Série - da Estrutura”  expõe “certas condições mínimas de uma estrutura em geral” utilizando-se de  um paradoxo na forma de uma “antinomia”.  A primeira dessas condições determina que “são necessárias, pelo menos, duas séries heterogêneas, das quais uma será determinada como “significante” e a outra como “significada” (nunca uma única série basta para formar uma estrutura)”. Essa condição bem outras ali  definidas serviram de modelo para a Estrutura que apresentaremos no Burlesco mais adiante.
  


Determinismo e Fatalismo
Por determinismo entende-se toda doutrina que nega o livre arbítrio, um problema da liberdade psicológica que abrange as discussões sobre a consciência, vontade, obrigações e responsabilidades, que resultam em sanções morais e sociais.
Muitas vezes certos indivíduos exibem comportamentos caracterizados pela negação do livre arbítrio e provocam  o riso devido ao seu estado aparentemente racional e uma postura que parece normal. Sem que se negue um tratamento humano a que eles têm direito, vamos considerá-los em dois grandes grupos doutrinários:  fatalismo e determinismo.

Fatalismo 
Os estóicos citados como amantes dos paradoxos,  tem, na realidade o fatalismo como parte uma crucial da sua filosofia. No momento veremos apenas os principais requisitos do fatalismo.
Considera-se que  todos os comportamentos são inevitáveis, inclusive os de vontade.(há! Haa!).

Tal pressuposto fatalista  nos diz que esse comportamento ocorre:
a)       Fatalmente, independente do esforço eventual do indivíduo, em sentido contrário.(Ho!Ho!Ho!)
b)       Contingentemente, isto é, nega-se qualquer possibilidade ou ato do indivíduo  no sentido contrário (e necessário).(Hu!Hu!Hu!)
c)       Necessariamente, isto é, não é concedido ao indivíduo, liberdade de negar sua contribuição para o burlesco.  (Hi! Hi! Hi!)

Fatalistamente, aqui encontramos personagens como (a)  “o Nó cego”, (b)  “o pagador de micos” e  (c) “o mala”, que podem fazer rodízio de atributos, sem qualquer constrangimento.

Determinismo
Doutrina filosófica segundo a qual (Barsa) todos os fenômenos do Universo, abrangendo a natureza, a sociedade e a história são subordinadas a leis e causas necessárias, negando, pois o livre arbítrio. Nada ocorre sem esta correlação determinista.
Opõem-se ao fatalismo, que ensina que os fatos são fixados de antemão por uma força externa e superior à vontade. De acordo com o fatalismo, o esforço é inútil, porque tudo ocorre de modo infalível.
O determinismo ensina, apenas, que para cada fato há de ter havido sempre razões suficientes que o determinam. Um aforismo reforça, de forma preconceituosa, este conceito:
“O ser humano é uma obra prima da natureza, por esta razão suficiente: mergulhado no determinismo crê agir como criatura livre”. (Lichtenberg, G.C)

 Acima do fatalismo e do determinismo e da questão ética ou moral, é importante  observar que tais comportamentos podem ser justificados pelo Princípio da Constância e pelo Princípio do Prazer, que afirmam:
O princípio da Constância diz que o organismo tende a persistir num modo de comportamento até que obtenha satisfação.
Princípio do Prazer – Tendência da atividade psíquica a buscar a satisfação e evitar o pesar, sem levar em conta a realidade.

O burlesco admite fatores (Espaços, Causas e Condicionamentos - v. capítulo 2.2 – Argumentos) apoiados em bases Cosmológicas, Fisiológicas e Psicológicas, como determinantes a serem considerados nas  escolhas ou atos voluntários do indivíduo:  

a)       Cosmológicas, quando são regidos por leis fixas, como os demais fenômenos da natureza. Costumamos dizer de certos indivíduos: “Esse, a natureza cuida”,  quando vemos que estão prestes a realizar uma besteira ou coisa engraçada.
b)       Fisiológicas, que seriam conseqüência das reações orgânicas, determinadas pelas circunstâncias externas ao indivíduo, ou seja, seus atos voluntários não passariam de resultante das forças (o meio, hereditariedade, o estado orgânico)  que atuam sobre ele, mas não necessariamente. Deduz-se, então, que a vontade própria, a moral, em suma, tendências supostamente superiores do indivíduo estejam totalmente aniquiladas.  
c)       Psicológicas, como atos voluntários, são definidas pelo motivo mais forte, que seu desejo transforma em motivo de impulsividade maior. Como atividade inteligente, o desejo enviesado do indivíduo escolhe um determinado motivo entre outros que não lhes pareceram convenientes.

Com base nesses determinantes  de análise, poderíamos citar diversos exemplos, mesmo sob o risco de  sermos contestados pelos contemplados:
(a)     o sujeito que se julga esperto e se mete em negócios de que não entende nada.
(b)     o sujeito bajulador,  o chamado “puxa – saco”.
(c)     o compulsivo (o comprador, o jogador)

(j_nagado – 06.03.2012)


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