Cassio Carvalheiro

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

TAN 00.11.01 “ESTEREÓTIPOS E BARTHES” - ESCLARECIMENTOS


TAN 00 11.01 – “ESTEREÓTIPOS E BARTHES” - ESCLARECIMENTOS

1. Introdução

O objetivo deste trabalho é alinhar o conteúdo das postagens feitas no blog Confrarias do Riso   em relação ao tema “Estereótipos e Barthes”, visando proporcionar o entendimento do conceito de Estereótipos, dentro da concepção do “Burlesco” e da sua Estrutura.

Em atenção a:
[Confraria do riso] Novo comentário em TAN 00 11 – “ESTEREÓTIPOS E BARTHES”.
L. Roberto de Barros Santos deixou um novo comentário sobre a sua postagem "TAN 00 11 – “ESTEREÓTIPOS E BARTHES”":

Nagado, continuo tendo grande dificuldade em entender os textos aqui publicados. Mas continuarei tentando...

L. Roberto de Barros Santos
Ter 26/12/2017, 10:21


TAN 00.11

Em TAN 00.11, postado em (12.12.2017, destacamos a crítica do amigo Neves, a respeito de textos do “Burlesco”, postados no blog Confrarias do Riso.

Faz parte de uma homenagem ao amigo Neves, iniciado em (20.12.2016), com o post:


2. Histórico

Em 2012, postei uma série de textos no blog Confrarias do Riso, dispondo sobre o tema “Estereótipos e Barthes”.

O GOOGLE registrou, como resultado de busca para ESTEREÓTIPOS E BARTHES”, o post (2.5) no blog Confrarias do Riso -licburlesco.blogspot.com/.../2.5-estereótipos – cont.de elementos do.ht...4.abr.2012– associada ao combate aos estereótipos e revela também o caráter contestador de Roland Barthes em relação à ideologia contida nos textos: “É ...


“ESTEREÓTIPOS E BARTHES”, postado a partir de (04.04.2012) expõe a essência desse tema, nos links citados abaixo:

http://licburlesco.blogspot.com/2012/04/25-estereotipos-cont-de-elementos-do.html
http://licburlesco.blogspot.com/2012/06/estereotipos-e-barthes-02-continuacao.html
http://licburlesco.blogspot.com/2012/06/estereotipos-e-barthes-03-continuacao.html
http://licburlesco.blogspot.com/2012/06/estereotipos-e-barthes-04-conclusao.html

(Conteúdo para leitura: Estereótipos, Mitos como forma de ideologia, Figuras de Expressão de Barthes, Metonímia, Estrutura do Burlesco e Função Heurística dos mitos)


  
2.1 Comentário de JC Neves

A propósito dessas postagens (“Estereótipos e Barthes”), JC Neves comentou:

“Gostaria muito de fazer um comentário consistente sobre os últimos textos que postaste sobre a teoria de Barthes, mas não me sinto capaz de fazê-lo. As definições casam com o sentimento que tenho de cada uma das doutrinas e me parecem coerentes e sensatas. Não tenho, entretanto, a profundidade de conhecimento nem para avalizá-las, nem para rechaçá-las; afinal, Barthes é Barthes, para usar o Ninismo e a Tautologia. ...” JC - 26/06/12

2.2 Comentários do Autor

Em resposta ao comentário do Neves agreguei informações esclarecendo a relação entre Estereótipos, Mitos e Ideologias.

A origem da ideia de Fundamentos Mitológicos, no Burlesco, está associada ao uso de Mitos com o objetivo de direcionar ideologicamente indivíduos de uma sociedade, alinhado com o conceito de Mitologia, desenvolvido por Roland Barthes (1915 -1980), sob os auspícios do vínculo entre o Estruturalismo (da década de 1950) e a Semiologia.

Nesta concepção, o mito foi considerado como a designação de falsas evidências de fatos que o senso comum trata como natural, mascarando realidades e neste sentido, perfeitamente histórica, caracteriza um abuso ideológico dissimulado. Barthes trata os Mitos como forma de ideologia, uma ferramenta de dominação burguesa, como vimos em – “a Ordem”, postada em ESTEREÓTIPOS E BARTHES – 03 (continuação).
Afirmações feitas nesse sentido, em (04.07.2012):


3. Estereótipos e Barthes - Informações adicionais

Em (15.06.2014), postei no blog informações adicionais ao tema, através de B&F – 006.2013.01 – “Estereótipos – Mitos e Ideologias”



Burlesco

Este B&F expõe o significado de estereótipos, sua inserção em textos do blog Confrarias do Riso e especialmente no estudo de Estilos de comportamentos Burlescos.  

O Blog Confrarias do Riso aborda os estereótipos como ferramenta ideológica segundo Roland Barthes, em sua visão sociológica, semiológica e filosófica, que estabelece a relação entre o mito (fala mítica), estereótipos e ideologia.
Ao lado dos fundamentos lógicos e comportamentais, a ideologia constitui uma das necessidades estruturais do “Burlesco”.

Barthes 

A origem de Fundamentos Mitológicos, no Burlesco, está associada ao uso de Mitos com o objetivo de direcionar ideologicamente indivíduos de uma sociedade, alinhado com o conceito de Mitologia, desenvolvido por Roland Barthes (1915 -1980), sob os auspícios do vínculo entre o Estruturalismo (da década de 1950) e a Semiologia.

“O Mito é uma Fala”, afirmado por Barthes para conceituar o mito como um modo de significação, diz respeito a uma forma onde tudo aquilo que pode ser julgado por um discurso (uma fala), pode se constituir em mito, “com seus limites históricos, condições de funcionamento e objetivos sociais”. 

Barthes usou sete figuras de expressão para esclarecer aquela afirmação (“o mito é uma fala”) em suas “Mitologias” (2003).  
Neste B&F exemplificamos algumas dessas figuras identificadas com o humor burlesco quando associados aos discursos, falas, ou até a simples bilhetes emitidos por conhecidos personagens.

No livro de Ruy Castro – O Poder de Mau humor – Companhia das Letras (1996), disfarçados no título, descobrimos exemplos de estereótipos decodificados pelas figuras de expressão usadas por Barthes: (1) A Vacina, (2) A Omissão da história, (3) A Identificação, (4) A Tautologia, (5)O Ninismo, (6) A Quantificação da Qualidade e (7) A Constatação. Apesar de antigas, as falas identificam estereótipos bastante correntes nos dias de hoje..

Figuras de expressão dos mitos, de Barthes.

1.    Vacina:  consiste em confessar o mal acidental de uma instituição de classe, para camuflar o seu mal(maior) indispensável.  
(Corrupção) - É dando que se recebe. (Roberto Cardoso Alves)

2.   A omissão da história:  Quando o Mito fala sobre um objeto, despoja-o (surrupia-o) de toda a História.
(Dívida) - Abençoados sejam os jovens, porque eles herdarão as dívidas nacionais. (Herbert Hoover)
(Tecnocratas) - Dê o Saara a um tecnocrata e, em cinco anos, o deserto estará importando areia. (Henri Jeanson)

3. A identificação: “A identificação” observa apenas a semelhança de características, como a dizer que “o outro só existe quando concorda comigo”.
(Bajulação) Não concorde comigo até eu acabar de falar, pô! (Darry F. Zanuck)

4.A tautologia:  É um processo verbal, que consiste em definir o mesmo pelo mesmo (“o teatro é o teatro”) (v. truísmo). “A tautologia” é uma redundância como ”subir para cima”, ou tratar o mesmo pelo mesmo.

5. O ninismo (nem - nem ismo):  Consiste em colocar dois contrários e equilibrar um com o outro, de modo a poder rejeitar os dois (não quero isto nem aquilo). Recusam-se igualmente termos para os quais uma escolha era difícil e foge-se do real intolerável.  

6. A quantificação da qualidade: Consiste em reduzir toda a qualidade a uma quantidade.
(Quantidade) - Certo político, falando da qualidade da sua administração referindo-se aos milhares de quilômetros de faixas exclusivas para ônibus implantadas no trânsito de São Paulo. (2013)

7. A constatação:  O Mito tende para o provérbio. A “constatação” pode ser tratada como um axioma: todos os nossos provérbios populares representam mais uma fala ativa que pouco a pouco se solidificou em uma fala reflexiva, reduzida a uma constatação, e, de algum modo, tímida, ligada o máximo possível ao empirismo.(experiência como formadora de idéias).
(1981-Mentiras) - Em nosso país (URSS), a mentira tornou-se não apenas uma categoria moral, mas um pilar do Estado. (Alexander Soljenitsin)
(Agricultura) - Se você tiver uma fazenda e, na hora da colheita, tiver que optar entre um administrador petista e uma nuvem de gafanhotos, fique com os gafanhotos. (Paulo Maluf)
...


4. Considerações finais

a.Realmente, em TAN 011 – “ESTEREÓTIPOS E BARTHES”, o entendimento do leitor ficou prejudicado sem a apresentação completa e exemplos das figuras de expressão de Barthes (Vacina, Omissão da História, etc.).

b. B&F – 006.2013.01 – Estereótipos – Mitos e Ideologias (15.06.2014)

Apresenta as figuras de expressão de Barthes e cita exemplos dentro do escopo (ideologia) retiradas do livro de Ruy Castro. Conecta a ideia de Estereótipos, Mitos e Ideologias e destaca sua importância para a Estrutura do Burlesco (Protocolo Ideológico).

c. A manifestação do amigo Transmontano (“Portugueses vencem Espanhóis em Aljubarrota!”) dias após a derrota (26.06.2012) da seleção de futebol de Portugal perante a da Espanha, pela EUROCOPA da UEFA.) (ver e-mail de  Nagado para JCN, de 03.07.2012), chama a atenção para uma figura de expressão de mito.

Explica-se: O Transmontano não iria admitir a derrota esportiva sem colocar em evidência a “fabulosa vitória de Portugal perante a Espanha em Aljubarrota – ocorrida em (1483) !!”. Uma autêntica expressão da figura do mito (omissão da história). Kkkk!


4. Vale a pena lembrar-nos  do mito do futebol, relatado em “TRIBUTO AO NEVES - 03 - BATALHA DE GALOS, postado no blog Confrarias do Riso em 2016,

Esse mito do futebol, assim como o “Mito de Aljubarrota”, constituem-se em uma verdade antropológica, uma questão de identidade nacional.para os lusitanos!


  

O Mito de Aljubarrota

A Batalha de Aljubarrota, entre Portugal (casa de Aviz) e Espanha (Casa de Castela), em 1483, terminou com uma heroica vitória dos Portugueses, apesar de estar um número de combatentes muito menor. O fato é considerado como um mito, integrado ao traço de personalidade do Português, logo ao início do século XVI (1500) das grandes descobertas marítimas portuguesas, cantada em versos por Luiz de Camões:

“Não sofre o peito forte, usado à guerra.
Não ter o inimigo já a quem faça dano,
E assi, não tendo a quem vencer na terra,
Vai cometer as ondas do oceano.”


5. Concluindo, conseguimos reafirmar o entendimento:

- do conceito de (ideologia/figuras de expressão) no Burlesco e no Blog Confrarias do Riso.

- das figuras de expressão de Barthes (ideologias), a serem introduzidas no texto do “Burlesco”.




Agradecemos a atenção e Comentários no blog Confrarias do Riso - https://licburlesco.blogspot.com  ou através de e-mail para

José Nagado j_nagado@hotmail.com   (10.01.2018)





  
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De: José Nagado <j_nagado@hotmail.com>
Para: jose neves <jcneves45@yahoo.com.br>
Terça-feira, 3 de Julho de 2012 0:45

José,

O amigo Transmontano reage: “Portugueses vencem Espanhóis em Aljubarrota!” (O Transmontano vai acabar me detestando por esta brincadeira!).
Portugal venceu em Aljubarrota e isto aconteceu faz muito tempo (1483), mas os castelhanos de hoje, lembraram do desejo de Castela anexar Portugal, principalmente meio time da seleção espanhola, que é de Barcelona, que fica, por acaso, na região de Castela. 
Voltando ao sério(!!), achei interessante postar no blog os esclarecimentos suscitados por seu e-mail e o comentário (e resposta) ao Marcus, no Face book. 


Pá, abraços! e obrigado !

José 

José, bom dia!
... a postagem é interessante, e faz jus ao foco do Blog, vá em frente!
.....E já que estou a escrever na linguagem do Transmontano,
Uma forte mãozada e bem hajas
JC - 03/07/12

 

Um comentário:

  1. Aproveitando o tema, pergunto ao leitor: "leitor de blog" pode ser considerado um estereótipo cultural? (o leitor se considera inteligente, com senso de humor, bem informado, capaz de entender sutilezas de uma narrativa, etc?)

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