Cassio Carvalheiro

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

B&F – 002.2013 – Slavo Zizek


B&F – 002.2013 – Slavo Zizek


MARCUS QUINTAES, psicólogo junguiano  autor de  “Letras Imaginativas: Breves ensaios de Psicologia Arquetípica", (Editora Paulus – 2010) , em 19.06.2012, linkando no FACEBOOK – licburlesco.blogspot.com  nos apresentou Zizek de forma bem sucinta:

Ideologia.

zé, vc já leu Zizek? acho que vc vai curtir seu pensamento sobre a questão.
www.facebook.com/jose.nagado - respondeu
Foi muito interessante e oportuna a leitura de Zizek, exposta por Eduardo Barbosa Parra – PIBIC / CNPq em “A Construção Contemporânea da Ideologia Cínica” – 4º.Encontro de Pesquisa na Graduação em Filosofia da UNESP.
Apreciei sua tese ideológica anti – totalitária: “(...) a origem do totalitarismo é um apego dogmático à palavra oficial: a falta do riso, do desprendimento irônico” (ZIZEK, 1999b, p.311). Ao nosso ver, em relação ao Burlesco, Zizek estabelece o senso de homologia entre a postura ‘(desprendimento irônico da ideologia) e a “posição cínica que conhece a realidade à qual está inserida e continua a agir como se não soubesse”.

Nota 1
Na postagem - ESTEREÓTIPOS E BARTHES – 04 (conclusão), mostramos resumidamente a relação entre os  conceitos de mitos, estereótipos e ideologias.

Chamamos a atenção para a função heurística dos (mitos) estereótipos através dos quais podemos avaliar  o personagem burlesco  com  a profundidade de seus conflitos, a superficialidade de suas alegrias e o peso de suas perdas, que regula seu comportamento ou acusa seus problemas psicológicos. Além de  ajudá-lo a desfrutar o burlesco, o conceito de mitos oferece um meio para a leitura (semiótica) contextualizada de atitudes e cursos de ação alternativos e as conseqüências  para o personagem e dessa forma, também para o próprio leitor! Esta é uma função terapêutica do Burlesco, possibilitada pela satirizarão das “falas” donde se extraem “ideologias”  nem sempre bem esclarecidas do falante.   

APRESENTAÇÃO (ref. Revista Filosofia Ano V – No.61 – julho/2011)

Slavoj Zizek, filósofo, psicanalista e um dos principais teóricos contemporâneos, veio ao Brasil em Maio de 2011 para lançar seu excelente livro “Em Defesa das causas perdidas” pela Boitempo Editorial

O autor é apresentado com seu “estilo sempre contestador e sagaz”. Žižek desfaz ponto a ponto a trama das análises prontas e desgastadas, elaborando sua defesa das causas perdidas para, de acordo com ele, não “defender, como tal, o terror stalinista, mas tornar problemática a tão facilzinha alternativa democrático-liberal”.

“De acordo com o jurista e filósofo Alysson Leandro Mascaro, que assina o prefácio da obra, Žižek faz a passagem entre a constatação factual e a plena intervenção política, alcançando o estágio que denota a maturidade política de um filósofo: o apontar dos caminhos”.
“Tudo isso sem deixar de lado as provocações que o tornaram conhecido do grande público, articulando Lacan, Hegel e Marx, o cinema, a música, a cultura popular e os objetos de consumo”.

Nota 2
Na entrevista de Zizek à Revista Filosofia, de julho de 2011, comentários ressaltam a veia burlesca de Sizek.

- Eventos como o holocausto e o Gulag mostram, como dizia Kant (1724-1804), que o progresso talvez não tenha ocorrido. (Nota 2.1. Cômico: Kant extemporâneo)

- Parece-me muito mais apropriado do que esta instância flexível de praticar o que, no darwinismo contemporâneo, se tem chamado de exaptação.(Nota 2.2. Ideológico: Filosofismo)

- Não confio na idéia de comunismo como um retorno (num nível mais alto) a formas pré-modernas de vida comunal, ou a idéia de que nós podemos nos apoiar nessas formas como uma defesa contra as forças corrosivas da modernização. (Nota 2.3: v.Figuras de Expressão de Mitos)
Na postagem - ESTEREÓTIPOS E BARTHES – 03 (continuação)- Roland Barthes trata os Mitos como formas de ideologias e em suas Mitologias (Barthes, Roland. Mitologias. 2003),  define o “ninismo” como uma das sete figuras de expressão de mitos.
O ninismo (nem - nem  ismo):  Consiste em colocar dois contrários e equilibrar um com o outro, de modo a poder rejeitar os dois.(não quero isto nem aquilo). Recusam-se igualmente termos para os quais uma escolha  era difícil e foge-se do real intolerável.  

Nota 3 : Emergente ativista (conf. Burlesco) 
O título do livro  “Em defesa das causas perdidas” nos faz lembrar o Gozador, estilo “ Emergente ativista” e aspectos desse perfil que poderemos conferir com auxílio do breve resumo desse Estilo descrita no Burlesco (dezembro/2011), parece aderir de forma interessante ao perfil de Sizek.   
No Burlesco, como estilos complementares entre si, incluímos o Emergente Ativista (3)  e o Bizarro (4), o primeiro ao abraçar uma causa (ainda que errada) do contexto (“para que fazemos isso”) e o segundo, ao tirar proveito,  certamente egoísta, do contexto (“porque chegamos a isso”)
O estilo do emergente ativista lembra o militante do ativismo filosófico,  doutrina marcada  por  qualquer tipo de oposição entre a ação e os domínios diversos do conhecimento, e que dá primazia à ação, com maior ou menor radicalismo, em diferentes graus e preocupações filosóficas,  sociológicas  e antropológicas.
Demonstra alto senso de preocupação com a sua própria biografia e tendência para se apossar de uma personalidade fictícia e  desempenhar  papel que não combina com a realidade, isto é, vive de representar. 
O “emergente” fica por conta do seu hábito de aparecer repentinamente,  em momentos especiais de tensão ou em que o público espera ouvir palavras salvadoras ou ver “a luz no fim do túnel”.
O estilo do emergente ativista vincula sua atuação a uma colagem   orgânica a um  personagem (fictício) que se opõe a convicções alheias principalmente nos campos da filosofia, Sociologia, antropologia, e qualquer outro conhecimento ou faculdade que excite seu poroso (permeável, maleável) cérebro. 
Discutir com um emergente ativista nos faz sentir na pele o calor da ignorância misturada com a admiração dele pelos motivos errados (compra a briga errada),  ou no mínimo, ambíguos. Isto o torna rejeitado no ambiente dos debates reais,  ao procurar respostas baseadas em atitudes de defesa amparadas pela imagem do outro,  como por exemplo:
- revela  seus próprios impulsos, seus conflitos internos, apossando-se de um fato ou de uma característica alheia ou considera - os proveniente de outrem, e mais generalizadamente do mundo externo.
- Transfere seu sentimento para outro indivíduo, que recebe o ônus da responsabilidade dos seus atos, estribado numa identificação inconsciente.

Fim. Bom carnaval a todos. (José Nagado – 06.02.2013)

Nenhum comentário:

Postar um comentário