Cassio Carvalheiro

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

POST 01.2015 – SUPORTE PARA ESQUETES DE ESTILOS - GOZADOR (02.02.2015)

POST 01.2015 – SUPORTE PARA ESQUETES DE ESTILOS - GOZADOR

Esta postagem fornece informações básicas sobre o Gozador, uma das categorias de Estilos do Burlesco, visando a redução dos textos dos Esquetes de Estilos do Burlesco. 
Os dezessete estilos (17) das categorias do Burlesco – Pobre de Espírito, Gozador, Espirituoso e Genial serão apresentados na forma de esquetes. (Ver POST 17.2013 - ORGANIZAÇÃO DOS ESQUETES DE ESTILOS 
http://licburlesco.blogspot.com/2014/04/post-172013-organizacão-dos-esquetes-de.html)
Observe-se que os esquetes irão manter sua sequência na forma: Post XX.2013.

GOZADOR – Estilos

O estilo burlesco praticado pelo indivíduo da categoria Gozador, mostra como ele sente prazer íntimo, delicia-se, ri, do ato de alguém ou fato acontecido a outro, e avacalha com instituições e valores da sociedade em que vive. Costuma tirar proveito para si fazendo gozações ou ridicularizando as fraquezas humanas, hábitos e costumes.
Aqui, marcadores de estilos (entre parênteses) lembram a diversidade de comportamentos dos agentes de Estilos da Categoria Gozador. Modernamente chamaremos de “hashtags”, como por exemplo:  #sarcasmo, #filosofia popular, etc.  

a. Satírico - (sarcasmo: Ironia amarga, um modo de falar no qual o que se diz é o oposto do que se pensa).
b. Intelectual de botequim – (uso de filosofia popular)
c. Emergente Ativista - (“para que fazemos isso”) – (*)
d. Bizarro – (“por que chegamos a isso”) – (**)
e. Tergiversador – (esperteza deslocada)
f.  Crica (maldade - criador de casos, chato e maldoso) - (***)



Esta categoria em geral é caracterizada pelo Princípio do prazer. – “Tendência da atividade psíquica a buscar a satisfação e evitar o pesar, sem levar em conta a realidade”, incluindo-se práticas de indivíduos que lutam grotescamente para adquirir consideração e predomínio social, procurando levar vantagem sobre o outro, utilizando muitas vezes de recursos menos nobres, como o sarcasmo do Satírico (a) ou a maldade do Crica (f), desprezando o senso de sociabilidade e de humanidade.

Como estilos complementares entre si, consideramos o Emergente Ativista (c) e o Bizarro (d): o primeiro ao abraçar uma causa (ainda que errada) do contexto (“para que fazemos isso”) e o segundo, ao tirar proveito, do contexto, certamente egoísta (“porque chegamos a isso”).
Observamos também que o Intelectual de botequim (b) e o Tergiversador (e) se contrapõem, o primeiro, pela inteligência fina ao levar seu interlocutor a acreditar em seus argumentos baseados na filosofia popular e o segundo, pela esperteza deslocada, isto é, aquele que se julga capaz de ludibriar a inteligência do seu interlocutor. 
O agente desta categoria usa de modo especialmente ferino as “disposições” e fundamentos ideológicos (mitos) do Burlesco, tendo como principal postura “ficar desobrigado da necessidade de experimentar sentimentos penosos”. Assim, abusando de ideologias fantasiadas de mitos, provoca contrariedades e raiva na cabeça das pessoas, não tendo complacência nem com aquelas que se encontram em estado carente, moral e psicologicamente.

Os estilos Emergente Ativista (c) e Bizarro (d) foram apresentados nas postagens (*) e (**) abaixo, usando dessa postura ao qual eles se auto definem como “descolada”:

(*) Emergente Ativista.  (#para que fazemos isso)


O título do livro “Em defesa das causas perdidas” nos faz lembrar o “Emergente ativista”, e, aspectos desse perfil, aderem literalmente ao perfil do filósofo Slavo Zizek, imagem sugerida, intencionalmente ou não, pela entrevista que originou a postagem de 06.02.2013:  B&F – 002.2013 – Slavo Zizek (filósofo)
Discutir com um emergente ativista nos faz sentir na pele o calor da ignorância misturada com a admiração dele pelos motivos errados (compra a briga errada), ou no mínimo, ambíguos. Esta foi a imagem sugerida pela entrevista, em relação ao filósofo Zizek.
O “emergente” fica por conta do seu hábito de aparecer repentinamente, em momentos especiais de tensão, em que o público espera ouvir palavras salvadoras ou ver “a luz no fim do túnel”. Nem palavras salvadoras e nem a claridade no fim do túnel será a contribuição do emergente ativista, joguete infeliz no “estado de coisas” em que se meteu. Confira o “ninismo”, uma das figuras de expressão criada por Roland Barthes, e que identifica um estereótipo mítico bastante evidente nos dias de hoje. (Estereótipos do Poder - B&F – 006.2013.01 – Estereótipos – Mitos e Ideologias - 15.06.2014)

(**) Bizarro. (# “Porque chegamos a isso”)

O escritor, poeta e teatrólogo irlandês Oscar Wilde (1856-1900), ratificou de forma mordaz e picante esta afirmação “Porque chegamos a isso”, ao considerar as mensagens que as pessoas transmitem ao público, quer tenham consciência disso ou não, ao dizer: “Apenas as pessoas superficiais não julgam pelas aparências”.
Nesse contexto, o indivíduo (o Bizarro) opera uma mudança de perspectiva para levar as pessoas a acreditarem como fato natural, falsas evidências que o estilo Bizarro   construiu para si.
V. postagem de 24.05.2013: Categorias e Estilos do Burlesco: Gozador Bizarro.

O estilo Bizarro

O vídeo de uma cerveja (X) Argentina com um título (“O que sabe, sabe!”) por si só bastante sugestivo, nos ajudou a identificar o estilo Bizarro, no personagem que deveria mostrar que “o que sabe, bebe a cerveja X”. 

A peça começa com três jovens (argentinos, sim!) conversando e tomando cerveja num “pub”, quando um deles toma seu último gole naquele copo triplo de cerveja e se despede jogando no pescoço um par de sapatilhas de balé!!

Resumindo: Apesar do preconceito que envolve qualquer rapaz que faça balé, a peça promocional da cerveja conseguiu mudar favoravelmente o julgamento crítico que os dois jovens poderiam fazer a esse amigo descolado, antepondo um comportamento superficialmente delicado a uma realidade certamente masculina, quanto à escolha da cerveja (“o que sabe, sabe”) além de provar, de forma bizarra, que “MACHO QUE É MACHO, FAZ BALÉ!!!.

A propaganda nos leva ao Princípio de Razão Suficiente, segundo Leibnitz – “Não há que não tenha uma razão de ser ou existir”, ou Kant – “Tudo o que existe tem uma razão de ser”, mostrando com muita sutileza que o rapaz utiliza a Razão como a faculdade de conhecer o real por oposição ao que é aparente ou acidental, outra visão filosófica desse princípio. Eis o estilo Bizarro, Argentino, claro!

O estilo Crica
(***) Crica (um livro a ser editado brevemente). 
A expressão burlesca do estilo Crica (#maldade) vista no Esquete já postado - Post 11.2013 – Esquetes: Crica – Fair Play no Tênis, é bastante diferenciada da expressão do estilo Satírico (#sarcasmo), do qual trataremos neste esquete.

O estilo Satírico

Em sua forma hegemônica no Burlesco, o Satírico é um ser isento de preconceitos ou amarras. Apresenta-se com total liberdade de comportamento, em qualquer situação ou “estado de coisas” em que estiver metido. (ou envolvido).

A irreverência satírica mostra um caráter denunciador e moralizador, muitas vezes eivado da consciência mítica, criada (muitas vezes) pelo próprio agente do estilo perante o público. Busca, assim, atacar seus inimigos (reais ou imaginários) com falas ou atos histriônicos com os quais visa "castigá-los” pelo riso. Tal caráter denunciador revela-se essencialmente paródica, construindo-se através do rebaixamento ou desqualificação de pessoas (reais ou fictícias), em geral de hierarquia acima daquela desfrutada pelo agente, da deturpação    de convenções do conhecimento de uso público, que deveriam ser tratadas com a devida coerência e bom senso, sob o risco de provocar...o riso.

(José Nagado – 01.02.2015)





4 comentários:

  1. Nagado, não está nada fácil, na verdade está cada vez mais perto, chegar a entender e guardar na memória as tuas explanações sobre os diferentes "tipos" burlescos.
    Vá em frente!

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  2. Luiz Roberto de Barros Santos
    Acredito que a apresentação dos estilos burlescos, na forma de esquetes, tem trazido uma simplificação de leitura para o leitor, mas outras informações para esclarecimentos do leitor serão postadas sempre que necessárias.

    Nos textos publicados em Confrarias do Riso utilizamos a palavra “burlesco” com o significado de tudo aquilo que faz rir. “Estilo burlesco” diz respeito a um estilo de comportamento que nos faz rir, analisado através de fundamentos (lógicos, ideológicos e comportamentais) e tendências, observados em relação ao agente de determinado estilo, vinculados ao seu caráter. Este conceito (caráter) também é utilizado no modelo estrutural que apresentamos no blog, através do qual nossos leitores irão se aproximar dos (17) estilos de comportamento Burlesco, sem necessidade de memorizar explanações sobre os diferentes estilos burlescos.
    Sugiro reler as postagens sobre o modelo estrutural, cujos links apresentamos abaixo:

    http://licburlesco.blogspot.com/2014/07/b-0072013-ref-modelo-estrutural-do.htm
    POST 01.2013 - MODELO ESTRUTURAL - final (1)
    http://licburlesco.blogspot.com/2013/01/post-o12013.html

    Luiz, muito obrigado pelo apoio que tem dado a este blog.

    abraço/ Nagado

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  3. Nagado, finalmente descobri que o problema dos comentários era meu, ou melhor, da configuração do meu Google Chrome. Espero que a partir de agora poderei postar meus comentários normalmente. Este é apenas um teste.
    Abraços
    Freitas

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    Respostas
    1. Nicanor, obrigado pela atenção que tem dado a este blog. O texto acima é de fundamental importância para o entendimento do Burlesco, conquanto resume uma das Categorias de Estilos, o Gozador.

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