Cassio Carvalheiro

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

3.BURLESCO-Mod. Estrutural-Gráfico FCB (cont.4)


Descrição do Gráfico FCB

As categorias de estilos burlescos apresentadas em relação ao eixo horizontal, identificadas quanto aos níveis supostamente crescentes de complexidade de Fundamentos do burlesco:  Pobre de Espírito, Gozador,  Espirituoso e Genial.

Acima e abaixo desse eixo, estão indicados os estilos  mais eficazes (Simplório, Cândido, etc), encabeçados por cada uma daquelas categorias de estilos.
A indicação numérica das posições dos estilos  no gráfico está relacionada com o nível de complexidade dos Fundamentos ou do efeito dos condicionamentos.

Em relação ao eixo vertical, procuramos visualizar as curvas dos Condicionamentos, sobre as quais estão indicadas as características dos ambientes externos (ambiguidade, vulgaridade, etc),  que associadas às categorias e estilos do burlesco, evidenciam condições para alterações do estado  de espírito das pessoas presentes nesses ambientes. 
Acima dessas curvas de Condicionamentos, posicionam-se as tendências vetadas nos indivíduos. É onde prevalece a esfera do inconsciente e do pré-consciente e abaixo, prevalecem a esfera dos sentimentos (emoções).

Um eixo vertical auxiliar, de base Ética, admite confrontações (vergonha, verdade, etc) com relação a aspectos   éticos e antiéticos presentes nos estilos, ao lado direito desse eixo. À esquerda desse eixo, situa-se uma região de confusão ou ignorância  do indivíduo, sob o aspecto da ética.  

Observamos que no ambiente criado pelo aforismo de Licht, os discursos das pessoas acusavam indícios de estilos segmentados,   não somente lógicos, mas uma mistura de  modalizações (protocolos).
Veremos que estes segmentos de estilo vinculam a pessoa a uma Competência própria no burlesco, e ao mesmo tempo a desvinculam da imagem do fantoche usada pelos  autores de  comédias, que os manejam  através dos fios invisíveis de conhecidas mazelas ou vícios humanos,  concedendo-nos apenas alguns poucos fios desse fantoche , e a cuja intimidade   habituamos nosso espírito de leitor, expectador ou ouvinte, ávido de vontade de rir. E apenas rir, sem adquirir o controle desse fantoche. Talvez como o verdadeiro fantoche do comediante. Entendendo isto, neste ponto o leitor começa a deixar de ser o fantoche do comediante.


Complementando as idéias para a formalização da estrutura (de geração) do burlesco, acrescentamos ainda:


Em (2.3) associamos “Argumento” burlesco, a um conjunto de  variáveis (Espaço + Causas + Condicionamentos),  idéia sugerida pela dialética dos filósofos gregos, para a resolução lógica de situações próprias de aporias, antinomias, paradoxos e  questões relacionadas a outros campos semânticos, característicos daquilo que conhecemos como piadas ou anedotas.
O leitor poderá apreciar melhor tais argumentos se observar atentamente nas piadas e anedotas, essas ocorrências  que o “Aurélio” define como:
aporia – Hist. Filos. Conflito entre diferentes opiniões contrárias e igualmente concludentes, em resposta a uma mesma questão; Est. Ling. Hesitação fingida na escolha do rumo de um discurso;
antinomia – de uma forma ampla, designa um conflito entre duas idéias, proposições, atitudes, etc.. Por exemplo: antinomia entre fé e razão, entre amor e dever, entre moral e política. Num sentido mais restrito, designa um conflito entre duas leis, contradição entre duas leis ou princípios;
paradoxo – conceito que é ou parece contrário ao comum; contra-senso, absurdo,
disparate; Filos. Afirmação que vai de encontro a sistemas ou pressupostos que se impuseram, como incontestáveis ao pensamento , ou  é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma situação que contradiz a intuição comum

Em (2.4) caracterizamos “Comportamentos burlescos” de alguns personagens e em (2.6) definimos “Arquétipos” associados à conotação de fatalismo e determinismo, circunstanciais, principalmente quando se deseja atribuir  qualidades ou virtudes menos elogiosas a conhecidos personagens e protagonistas da vida real, sérios candidatos á sua inclusão no chamado anedotário popular do burlesco. Observa-se que esses comportamentos corresponderiam a pontos isolados se colocados no gráfico FCB.


Com esta explanação do FCB,  o leitor poderá inferir a coerência do aforismo de Licht , não só em relação a uma piada, mas, generalizando, ao burlesco em geral, com a conveniência de abusar do “estilo  do outro”.
(E voltamos a repetir que o leitor pode ficar tranqüilo, porque nosso objetivo é tratar do “próprio caráter” dentro do estilo burlesco como algo que geralmente observamos nos outros, mesmo que se trate de um clone perfeito do próprio leitor).
Revisões: /30/05/2005 - 04/05/2008 – 25/05/2008 - 18.09.2012
(José Nagado - 19.09.2012)


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