CONFRARIAS DO RISO – Concurso: “REVELANDO ESTEREÓTIPOS” – Parte 3: “USOS
de ESTEREÓTIPOS”
A seguir, iremos expor alguns
estereótipos revelados em postagens feitas no blog Confrarias
do Riso.
Estereótipo
Muito usado no humorismo, é a
imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação, baseados quase
sempre em padrões usados para definir e limitar pessoas ou grupo de pessoas na
sociedade.
Usado como manifestação de racismo,
xenofobia, machismo, misandria, intolerância religiosa e homofobia, é mais aceito
quando manifestado sob este tipo fantasiado de estereótipos, motivando suas
vítimas a se sentirem obrigadas a participar da distorção de sua própria
imagem.
Sua utilização é explicada para
descrever a simplificação que fazemos do mundo e das pessoas a fim de facilitar
a nossa compreensão destes. Uma semântica psicológica, de acordo com as ciências
sociais.
Alguns Tipos básicos de Estereótipos:
- de gênero, sociais e
étnicos, sócio econômicos, profissional,
opções, mundo da estética, nerds (inteligência)
1.Estereótipos – Uso no Cômico, no
Humor e no Chiste
Abaixo incluímos alguns exemplos de
estereótipos, bastante conhecidos, para caracterizar os modelos do Cômico, do
Humor e do Chiste, conforme protocolos (lógico, ideológico e comportamental) utilizados
na estrutura do Burlesco.
1. Sandálias Havaianas - no ponto de venda: (cômico)
Alguns argentinos e brasileiros discutem sobre quem seria
mais "engraçado", brasileiros ou argentinos?
Entretanto, um dos argentinos pergunta ao atendente da loja se não
teria sandálias Havaianas estampadas com a bandeira Argentina. O
atendente não consegue parar de rir e os brasileiros finalmente concordam: os
argentinos são mais engraçados.
Pessoalmente, vejo nessa propaganda, um quase símbolo
nacional representado pelo produto (sandália), ameaçado de ser
"manchado" por um símbolo argentino (a bandeira). Ridículo, bizarro,
impossível!
2. Carro Fox - dentro do carro (humor)
Um rapaz, supostamente gay, confessa, depois de 5 anos de
relacionamento, ao seu parceiro, que ele não é brasileiro, e sim argentino
(impossível não saber pelo seu sotaque inconfundível), ao que o parceiro
brasileiro, sem dar a menor importância ao que o outro falou, responde com
uma pergunta: Tudo o que precisávamos para o churrasco coube no carro? E o
vídeo corta para a enorme quantidade de coisas que cabem no carro.
Aqui eu detecto uma reconciliação das culturas nacionalistas
brasileira e Argentina, quase sempre antagônicas. Não importa se um é
brasileiro e o outro é argentino; o que importa é que estão juntos, ainda
que pareça ter sobrado uma ponta de inocência para o argentino, ao
imaginar que o outro não sabia da sua nacionalidade.
3. Coleção de autores brasileiros, portugueses e hispânicos
em geral (acho que era da Folha). (chiste)
Um peruano, um português e uma "mãe" argentina revelam
seus estereótipos:
O português queixa-se das anedotas habituais;
O peruano queixa-se de que só aparece "tocando su
flautita";
E a "mãe" argentina queixa-se de que "y
yo....(levanta-se após longo silêncio)...más respeto, por favor".
É cruel, mas sutil e sublime.
(cont.)
2.Estereótipos - identificação do Mito -
Ideologia
No “Burlesco”, em “Estereótipos e
Barthes”, registramos que o filósofo-semiólogo Roland Barthes (1915-1980)
formalizou, no âmbito do “Estruturalismo”, a ideia das “mitologias” que nos são
transmitidas como “ideologias” pelos veículos de comunicação e frequentemente
adotados como padrões pelo povo ignorante ou desavisado.
Este conceito de Ideologia associado ao
de Estereótipo pode ser visto pelo leitor na série de postagens – Estereótipos
e Barthes, como no link:
TAN
00.11.02 – ESTEREÓTIPOS E BARTHES – final
https://licburlesco.blogspot.com/2018/02/tan-001102-estereotipos-e-barthes-final.html
A importância dos
“Estereótipos” foi justificada na formação da estrutura do Burlesco com base na
definição de Barthes, em relação ao uso dos chamados “mitos” (ou falas) como
formas de aplicação de “Ideologias”, pelo Poder. Lembramos que os Fundamentos
“Lógicos”, “Ideológicos” e “Comportamentais”, são os Fundamentos basilares da
estrutura que definimos no “Burlesco”.
Barthes – figuras de
expressão
Barthes usou sete figuras
de expressão para esclarecer aquela afirmação (“o mito é uma fala”) em
suas “Mitologias” (2003).
Exemplificamos algumas
dessas figuras identificadas com o humor burlesco quando associados aos
discursos, falas, ou até a simples bilhetes emitidos por conhecidos
personagens.
No livro de Ruy Castro – O
Poder de Mau humor – Companhia das Letras (1996), disfarçados no título,
descobrimos exemplos de estereótipos decodificados pelas figuras de expressão
usadas por Barthes: (1) A Vacina, (2) A Omissão da história, (3) A
Identificação, (4) A Tautologia, (5)O Ninismo, (6) A Quantificação da Qualidade
e (7) A Constatação. Apesar de antigas, as falas identificam estereótipos
bastante correntes nos dias de hoje.
Figuras de expressão dos
mitos utilizadas por Barthes.
1. Vacina:
consiste em confessar o mal acidental de uma instituição de classe, para
camuflar o seu mal(maior) indispensável.
(Corrupção) - É dando que
se recebe. (Roberto Cardoso Alves)
2. A
omissão da história: Quando o Mito fala sobre um objeto, despoja-o (surrupia-o) de
toda a História.
(Dívida) - Abençoados
sejam os jovens, porque eles herdarão as dívidas nacionais. (Herbert Hoover)
(Tecnocratas) - Dê o Saara
a um tecnocrata e, em cinco anos, o deserto estará importando areia. (Henri
Jeanson)
3. A identificação: “A
identificação” observa apenas a semelhança de características, como a dizer que
“o outro só existe quando concorda comigo”.
(Bajulação) Não concorde
comigo até eu acabar de falar, pô! (Darry F. Zanuck)
4.A tautologia: É um
processo verbal, que consiste em definir o mesmo pelo mesmo (“o teatro é o
teatro”) (v. truísmo). “A tautologia” é uma redundância como ”subir para
cima”, ou tratar o mesmo pelo mesmo.
5. O ninismo (nem - nem
ismo): Consiste em colocar dois contrários e equilibrar um com o outro,
de modo a poder rejeitar os dois (não quero isto nem aquilo). Recusam-se
igualmente termos para os quais uma escolha era difícil e foge-se do real
intolerável.
6. A quantificação da
qualidade: Consiste em reduzir toda a qualidade a uma quantidade.
(Quantidade) - Certo
político, falando da qualidade da sua administração referindo-se aos milhares
de quilômetros de faixas exclusivas para ônibus implantadas no trânsito de
São Paulo. (2013)
7. A constatação: O
Mito tende para o provérbio. A “constatação” pode ser tratada como um
axioma: todos os nossos provérbios populares representam mais uma fala ativa
que pouco a pouco se solidificou em uma fala reflexiva, reduzida a uma
constatação, e, de algum modo, tímida, ligada o máximo possível ao empirismo.(experiência
como formadora de ideias).
(1981-Mentiras) - Em nosso
país (URSS), a mentira tornou-se não apenas uma categoria moral, mas um pilar
do Estado. (Alexander Soljenitsin)
(Agricultura) - Se você
tiver uma fazenda e, na hora da colheita, tiver que optar entre um
administrador petista e uma nuvem de gafanhotos, fique com os gafanhotos.
(Paulo Maluf)
Final:
Não sem motivos
intelectuais e literários (e muitos), a campanha de certo candidato a
Presidente da República pautou-se pelo apelo ao “Mito”, que seus apoiadores souberam explorar com
inteligência. Parabéns aos marqueteiros do Presidente eleito, Jair Bonsonaro.
O Blog Confrarias do Riso
irá sugerir temas especiais para o exercício de “Revelando Estereótipos”, em
próxima postagem.
Boa sorte!
(j.nagado-13.12.2018)
Um estereótipo étnico: O Mito de Aljubarrota
ResponderExcluirA Batalha de Aljubarrota, entre Portugal (casa de Aviz) e Espanha (Casa de Castela), em 1483, terminou com uma heroica vitória dos Portugueses, apesar de estar um número de combatentes muito menor. O fato é considerado como um mito, integrado ao traço de personalidade do Português, logo ao início do século XVI (1500) das grandes descobertas marítimas portuguesas, cantada em versos por Luiz de Camões:
“Não sofre o peito forte, usado à guerra.
Não ter o inimigo já a quem faça dano,
E assi, não tendo a quem vencer na terra,
Vai cometer as ondas do oceano.”
(j.nagado-03.01.2019)