Cassio Carvalheiro

quinta-feira, 8 de junho de 2017

TRIBUTO AO NEVES - TAN 05.08.01 SAIL: C.Drumond de Andrade?



TRIBUTO AO NEVES
TAN 05.08.01  SAIL: C.Drumond de Andrade?


O texto a seguir, atribuído a CARLOS DRUMOND DE ANDRADE, provocou alguns dos Confrades da SAIL a questionar sua autoria. O Neves, sempre atento, comenta.  

Mais um

Carlos Drummond de Andrade: Satânico é meu pensamento a teu respeito...
Satânico é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem. A noite era quente e calma, e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste. Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença,aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.
Até nos mais íntimos lugares. Eu adormeci.
Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.
Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.
Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama, te esperar. Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força. Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos. Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo.
Só assim, livrar-me-ei de ti, pernilongo Filho da Puta!!!!



Re: QUEM SABE ESCREVER É OUTRA COISA‏
Para José Nagado, jaymerosa@terra.com.br, nicanordefreitas@gmail.com, IDIR Martin, Breno Vianna
Nagado

Belo e surpreendente final do texto. Um pequeníssimo detalhe me deixou a dúvida de que o texto seja inteiramente do Drumond, ou se houve alguma interferência de terceiros:

..."Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo".

Em todo o poema ele usa os pronomes na segunda pessoa do singular (tu, teu, te, ti,contigo) e aqui ele utiliza a terceira pessoa (seu), no lugar de (teu) - no caso, a licença poética é desnecessária -, saindo do íntimo para um tratamento mais formal. Esse desvio não é comum em Drumond, que preza pela boa concordância. Mas, os gênios também podem ter seus desvios.

Abraços

Neves - 22/12/12


Retrucando..

Menos pragmático, o Nagado lembra a liberdade dos concretistas.

Caro Neves

Comentários sobre o texto de Carlos Drumond de Andrade podem surpreender incautos da crítica literária quando levados apenas pelo prazer da descoberta de erros gramaticais, paternidade e até na intertextualidade, craveiras tradicionais da estatura literária dos nossos acadêmicos.
Concretista (como Ezra Pound, Mayakowski, T.S. Eliot), C.D.A  mostra seu humor nesta prosopopéia usando e abusando do tom coloquial de confidência durante o texto, para realizar concretamente (e sem dúvida),  a quebra daquele tom coloquial, com uma mudança do tratamento pessoal utilizado no texto, de “teu” para “seu”.
Caro Neves, este comentário iria desaparecer em meio ao turbilhão de um final de ano com festas e uma viagem para Natal (após o Natal).  Espero que os pernilongos de Natal sejam mais camaradas que aqueles que infernizaram o C.D.A.
Agora preciso sair para jantar com meus filhos, netos e minha filha Letícia que ...
Até mais.

Abraço


Nagado (22.12.2012)


(CONTINUA

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