Cassio Carvalheiro

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

“QUADROS E HAICAIS” - uma Coletânea

 “QUADROS E HAICAIS” - Apresentação 
http://licburlesco.blogspot.com/2013/10/lancamento-de-quadrose-haicais-quadros.html

No ano (2000) fotos e quadros produzidos por mim passaram a servir de temas para os primeiros exercícios de composição de Haicais. Sem métrica ou rima, essas composições tinham apenas os três versos do Haicai. A contextualização do tema procurava, sim,  o compartilhamento de sentimentos, a transformação do objeto literário (poemeto) em objeto estético, o haicai.

Entre os anos 2.000 a 2004 “compus muitos haicais, entre imagéticos, ideológicos e libertinos”, sem imaginar que  aquelas sensações permaneceriam incólumes no decorrer desses anos todos. Organizei, então,  uma coletânea de Quadros & Haicais que pendurei na parede do tempo, onde essa coletânea  revelou seu potencial de experiência  enriquecedora, espiritual, intelectual e criativa, e apesar de coletados em eventos datados, duradouros.   

Uma Introdução  e uma  descrição  sucinta  dos  Quadros e dos Haicais , preparam o espírito do leitor para  uma seção de  Vinte quadros e haicais , seguidos de contextualizações  colimados com  o  objetivo da coletânea , afirmado pelo Autor em seus comentários finais junto com os seus agradecimentos.
"Quadros e Haicais"  concluído em 2003, revisado em sua estrutura em 2013,  será editado     a cores caso não resulte muito cara a impressão. (dezembro, 2013).

 A seguir mostramos, uma triíade de  quadros e haicais da coletânea


(Q & H/01)
A Ponte



A Vila cresceu,
Cruzando o rio,
Virou cidade.
(j.nagado)




(Q & H/02)
A Igreja


A Igreja dos homens
Aponta para o céu
A cruz da sua fé.



(j.nagado)




(Q & H/03)
A Ladeira


Tarde modorrenta,
Na romântica ladeira,
A sombra aumenta.
(j.nagado)



Estudo

São Luiz do Paraitinga (SP), dia de Corpus Christi (22/06/2000)

A Igreja ainda vazia, esperava o povo agitado bem perto dali, nas ruas próximas com o chão enfeitado.
A Ponte sobre águas ligeiras, cartão postal da cidade, permanecia em sua pose solene, desejando   boas vindas ou de feliz regresso aos visitantes.

O sol oblíquo da tarde projetava nas pedras irregulares da  ladeira deserta as sombras das antigas casas.
(Em clima de expectativa a cidade toda foi para a rua principal, ver passar a Procissão de Corpus Christi, deixando momentaneamente desertas a ponte, a ladeira e a Igreja.)

(j.nagado)
(j-nagado - Quadros e Haicais - 28.02.2002) 









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Comentários finais do Autor

A postagem de “Haicais e o Burlesco”, no blog Confrarias do Riso – http://licburlesco.blogspot.com, em 19.07.2012, evidenciou um público interessado no haicai,  o que serviu de  estímulo para publicar a coletânea “Quadros & Haicais”,  citada naquela postagem.    
A coletânea  “QUADROS & HAICAIS”  composta entre os anos 2001 e 2003, ficou sob suspeita de Imaturidade renitente no decorrer dos  “cinquenta anos”   (até  2005), adquirindo espaço na verve da terceira idade precoce, a partir dos “sessenta anos” do autor.
O “amador-ecimento” tardiamente revisto (2013)  nos Quadros & Haicais cometidos nos permitiu dizer:
-   A coletânea apresenta fidelidade temática e estética com  o objetivo pretendido.
- Contextualizações temporais e concisas envolvem a temática e a estética de cada Quadro.
-  O haicai não se apega ao texto   e procura a concisão no próprio quadro : é antes a arte de, com o mínimo, dizer o suficiente”. 

José Nagado

Agradecimentos

Agradecimento especial à Sra. Celeste Mascarenhas, Diretora do Conservatório Musical Jardim América pelo apoio dado a partir da seleção dos quadros e comentários feitos logo ao início da organização da coletânea, em 2001. 
Aos amigos ,..................................................................................................................................nosso grato reconhecimento pelo estímulo recebido. .



JOSÉ NAGADO – 28.10.2013



domingo, 27 de outubro de 2013

HAICAIS COM DESENHOS DO ALEXANDRE - (26.10.2013)

HAICAIS com desenhos do Alexandre

http://licburlesco.blogspot.com/2013/10/haicais-com-desenhos-do-alexandre.html

Alexandre, dedicado estudioso  da Arte Pop Japonesa, seus trabalhos o tem destacado principalmente  pelo seu conhecimento sobre o HQ japonês. Produz trabalhos gráficos para Empresas. Seu blog Sushi Pop – nagado.blogspot.com.br é vibrante e sempre atualizado. Alexandre é o autor da caricatura  (Eu) na Postagem 05.2013 – Os Filósofos e Eu. 

Na postagem - HAICAIS E O BURLESCO,  Item (2), de 20.07.12, comentamos que ao Ilustrar o Haicai, Millôr pretendia  fazer a aproximação psicológica do leitor ao tema. Nesta postagem mostramos estudos feitos em 2002 pelo Alexandre, tendo como roteiro alguns dos meus haicais ao “estilo do Millor”.  Os resultados foram muito interessantes. Outros artistas poderão se manifestar. (José Nagado - 27.10.2013)






(357)


GENIALIDADE
É TALENTO COM TRABALHO.
E PUBLICIDADE.









(360)




EM SUA DEFESA,
FAÇA O GOL DA ALEGRIA:
CHUTE A TRISTEZA.




(365)



SER PERFEITO DEMORA.
SE ESTA É SUA INTENÇÃO,
COMEÇAI AGORA.




(349)



NÃO FOI POR MALDADE,
CONFESSA O CRIMINOSO,
FOI POR BONDADE.


(341)



AMOR TEMPORÃO,
ESPERADO, MADURO,

COM MUITA TESÃO.




José Nagado - 26.10.2013

domingo, 20 de outubro de 2013

CRÔNICA - NOME DE VIA PÚBLICA

(CRÔNICAS ANACRÔNICAS)

 NOME DE VIA PÚBLICA
 http://licburlesco.blogspot.com/2013/10/cronica-nome-de-via-publica.html

   Parecia manchete de jornal (“AMOR E TRAIÇÃO NAS RUAS DE SÃO PAULO”), e chamava minha atenção porque o remetente do e-mail era um sisudo amigo, que jamais imaginaria interessar-se por  notícia policialesca de jornal.

    O texto falava sobre  personagens que viveram uma história dramática e que deram seus nomes a conhecidas ruas de São Paulo: “As ruas Dona Veridiana, Major Sertório, Maria Antônia e Avenida Angélica são próximas na cidade, e o foram na vida".

  Dona Veridiana Prado, rica filha de fazendeiro do café, casou-se com o Major Sertório, com quem teve filhos, dentre eles, Angélica”, cujo maior mérito foi ter sido morta pela Maria Antônia. Angélica foi vítima acidental no imbróglio entre as duas mulheres, na disputa pelo Major Sertório, que também não deveria ser grande coisa... .

   Tenho curiosidade sobre as origens dos nomes de vias públicas, e em particular, em relação à origem do nome Avenida Angélica, em uma  crônica de 2001, perguntava quem teria sido a Angélica que deu seu nome a uma importante Avenida no bairro da Consolação.

Se a história contada no e-mail é verdadeira, talvez o meu amigo sisudo estivesse contestando o fato de se dar nomes a vias públicas homenageando personagens envolvidos em um caso passional, que deve ter escandalizado a sociedade da época.  E apenas por isso.

A Crônica – “Nome de Via Pública”  faz uma reflexão sobre a importância histórica e cultural dos nomes das Vias Públicas.


NOME DE VIA PÚBLICA – (José Nagado)

   Rua Angaturama. Meu dicionário diz que Angaturama significa “Espírito protetor”, entre os índios Muras. Gostei. Diria que é até poético um nome indígena.

  Muitas vias públicas possuem nomes encantadores como as ruas do bairro de Moema, batizadas com nomes de pássaros da fauna brasileira, tais como Periquito, Graúna, Rouxinol, Pavão, Cotovia, Sabiá, e outros.

   Outras vias públicas têm um apelo cosmopolita, possuindo nomes de Países como Irlanda, Itália, Áustria, Suécia, França e México, existentes no bairro de Pinheiros.

  Para lembrar a origem dos moradores da Capital, no Jardim Paulista e Bela Vista ruas possuem nomes de cidades do estado de São Paulo, como Santos, Itu, Franca, Campinas e Ribeirão Preto.

   Da Avenida Paulista, não é necessário se dizer nada, ou, como já foi dito por alguém, é a mais Paulista das ruas, amada por todos os paulistanos.

  Não sei quem teria dado tais nomes a essas vias públicas. Ninguém pode ter nada contra esses nomes e muitos outros que seriam aprovados com unanimidade pela população. Não é o que acontece com algumas vias públicas, que homenageiam políticos desonestos e até seus parentes. É o trabalho de vereador puxa-saco ou sem competência para elaborar propostas mais importantes.Propor nomes de ruas, já faz parte do anedotário da Câmara, onde diversos edis não fazem outra coisa.

   Falando ainda de nomes de vias públicas característicos de alguns bairros de São Paulo, não se poderia deixar de lembrar das Ruas do Bairro do Ipiranga, um festival de nomes históricos ligados à Independência do Brasil, como por exemplo, Brigadeiro Galvão, Lucas Obes, Almirante Lobo, General Lécor, Labatut, Lima e Silva, e muitos outros.

Um desses, Lorde Cochrane, foi distinguido pelo seu aspecto infame, no rescaldo dos comentários sobre as comemorações dos Quinhentos Anos do Brasil.


“Onde havia um herói surge apenas um mercenário”, publicou o jornal O Estado de São Paulo, em um dos seus números do mês de janeiro deste ano. Curioso, fui procurar a história desse Lorde. Pelo que sabemos, no Brasil não existe oficialmente esse título. Na realidade, o homenageado foi um mercenário (entre tantos) britânico, que havia sido expulso da Marinha Britânica e do Parlamento Britânico, onde os membros da Câmara Alta tinham o título de Lorde. Conta a história, que o motivo da expulsão foi fraude.

   De acordo com a enciclopédia Barsa, a convite do General San Martin, herói nacional da Argentina, Cochrane veio para a América do Sul onde participou, antes de vir ao Brasil, de algumas batalhas e ficou conhecido por “seu espírito interesseiro e mesquinho, ao fazer algumas presas com intuito exclusivo de lucro desonesto”. 

  Contratado por D.Pedro I, participou da nossa Guerra da Independência como Almirante, comandando uma esquadra Britânica contra  tropas leais à Coroa Portuguesa. Deixou o país em 1825, sem licença, para nunca mais retornar.

  Mercenário, porém herói Nacional? Mercenário como o Comandante Taylor e Greenfell, também nomes de ruas do bairro do Ipiranga, Cochrane apenas fazia parte do “auxílio militar” com que a Coroa Britânica buscava as vantagens que a sua “colônia” lhe proporcionaria, garantindo-lhe em contrapartida a independência política e econômica de Portugal.

   Duas considerações podem ser feitas sobre Cochrane:
- Considerando-se sua participação na história brasileira, seria mais correto denominar a rua com o título de Almirante e não de Lorde. Almirante Cochrane, como são denominadas, em São Bernardo do Campo e Diadema, as ruas que lembram esse inglês.

- Considerando-se a mancha histórica no aspecto moral e cultural que os escusos interesses da Coroa Britânica produziram ao Brasil, não seria mais correto atribuir a Cochrane (e demais mercenários) o devido valor, coisa já feita ao pé da letra, em libras esterlinas, retirando-lhe a malfadada homenagem ao militar mercenário e substituindo-a por uma alusão histórica ao fato ou objetivo conquistado?

Nunca soube quem teria sido o “notável homem” que cedeu seu nome à rua onde morei durante alguns anos.Também nunca procurei saber. Era um nome comum, sem qualquer título que pudesse indicar a atividade ou o mérito do homenageado. Pode ter sido cometido uma grande injustiça ao se negar-lhe um título. Assim como ocorreu com a Avenida Angélica, cujo nome, acredito, deve homenagear a sóror Joana Angélica, mártir pouco conhecida da nossa independência. Sóror Angélica já estaria de bom tamanho. Se não for essa Angélica, quem teria sido homenageado?

  Valeria a pena mudar nomes de vias públicas? No caso do Cochrane, diria que sim e historiadores sérios  poderiam opinar. A opinião pública também poderia ser ouvida em muitos outros casos.

JN – 07/02/01