Cassio Carvalheiro

quarta-feira, 29 de maio de 2013

POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS – (Parte 5.5)

POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS 
(tertúlia domingueira)

5.5 Conclusão

Os aspectos citados anteriormente nos dizem  que:

1.Os exemplos acima (Shakespeare e Camões)  exemplificam a idéia representada pelos oxímoros, basicamente:

a)O Oxímoro, estabelecendo a ligação de duas imagens aparentemente excludentes, representa  uma intensificação especial da Antítese.

b)O Oxímoro (ou Antilogia) é  uma forma de antítese lúdica e paradoxal, que atribui a uma dada expressão, dois sentidos (A e B) teoricamente incompatíveis.

c)Tal significa que (A) não só é negada por (B), como também, e simultaneamente, se pretende impor a afirmação dessa mesma negação, instaurando uma “realidade terceira” que funciona como termo dialético da síntese e que ultrapassa o puro movimento de afirmação e negação.

d) Essa síntese    assume a profundidade de uma reflexão sobre um   dilema proposto, consideradas   as ambiguidades do ambiente  em que ocorre e diversidade de soluções racionais possíveis.


e) Arnaldo Jabor em sua crônica “As idéias não correspondem aos fatos” diz que “temos de recorrer aos chamados “oxímoros”. Sabem o que são? O oxímoro é a figura de retórica mais útil no mundo atual. Nascem de duas palavras contraditórias e se unem para chegar a um terceiro sentido. São como bichos de duas cabeças, centauros da sintaxe, para dar conta da ambivalência do mundo”. 

Concluindo:

Como vislumbrar a riqueza do pensamento pré-socrático, por si só, pleno de questionamentos gerados  pelo  processo dialético , senão através de oxímoros?

As reflexões sobre os fragmentos de Heráclito  produziram  resultados realmente importantes para o desenvolvimento filosófico, embora  só extemporaneamente percebidos pela humanidade.

Portanto, o Neves tem plena razão :

” Não vejo oxímoro nos seus pensamentos filosóficos, mas vejo uma esforçada tentativa de classificá-los assim”.

(José Nagado – 28.05.2013)



Ufa!

POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS – (Parte 5.4)

POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS 
(tertúlia domingueira)

5.4 OXÍMOROS

Considerando esse introito vamos estabelecer a  conexão  entre o oxímoro e o pensamento   dos Pré-Socráticos, mormente de Heráclito, sem “enrolations”.
A língua alemã   

Um interessante ensaio literário (preciosidade) diz que em "Hegel poeta" Haroldo de Campos , nos textos de Fenomenologia do espírito, identifica no estilo hegeliano, uma associação entre “ambigüidade formal e conteudística”, o que seria uma característica da poesia.

O texto de Haroldo de Campos explica a constituição plurissignificativa dos conceitos de Hegel pelo uso de "palavras-oxímoros" da língua alemã, que contêm simultaneamente um significado e o seu oposto, a forma de “exploração metafórica e metonímica” de significantes que revelam a natureza questionante do texto hegeliano. (Como exemplo, citado por Haroldo, de Aufhebung, do verbo aufhben, que quer dizer tanto "abolir" quanto "preservar").
Ref. Alea : Estudos Neolatinos - Alea vol.8 no.1 Rio de Janeiro Jan./June 2006 - Da idéia ao texto: uma digressão “filopoetosófica” – Antonio Andrade

Antítese e Oxímoro

A Antítese e o Oxímoro são figuras de linguagem a serviço da construção de idéias contraditórias.
A antítese em oposição a uma tese , subsidia significados pertinentes ao contexto ou domínio analisado, seja na poética, música, filosofia política, etc. A síntese, nesse contexto, se coaduna com o sentido de unidade (ideologia), harmonia (música) e outros significados próprios de cada contexto.
A Antítese atribui uma contradição explícita através de dois sentidos distintos. (A/B).
O Oxímoro, estabelecendo a ligação de duas imagens aparentemente excludentes, representa  uma intensificação especial da Antítese.
O Oxímoro (ou Antilogia) é  uma forma de antítese lúdica e paradoxal, que atribui a uma dada expressão, dois sentidos (A e B) teoricamente incompatíveis.
Isto significa que (A) não só é negada por (B), como também, e simultaneamente, se pretende impor a afirmação dessa mesma negação, instaurando uma “realidade terceira” que funciona como termo dialético da síntese e que ultrapassa o puro movimento de afirmação e negação.
(Ref. Google: Guilherme Ribeiro – Recursos Estilísticos – Antítese – Oxímoro – Paradoxo)

Vejamos alguns exemplos de oxímoros:

Camões

“O amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente”; (Camões)
Tentando responder   racionalmente o que é o amor, o poeta (Camões) afirma uma propriedade do amor (arde sem se ver) e  em contrapartida surge sua negação ( é ferida que doi e não se sente).  Nesse caso, perante esses contraditórios, a síntese corresponde a indagação não respondida.


Shakespeare

Em “A Linguagem de Shakespeare” , Frank Kermode; tradução de Barbara Heliodora – Rio de Janeiro: Record 2006,  o autor cita o uso dos seguintes oxímoros (pgs. 32, 152, 168): “nobre servo”, “alegria derrotada” e “ardilosa loucura”. O primeiro oxímoro foi utilizado em “Coriolano” e os dois outros em “Hamlet”.

Considerando a objetividade deste texto destaco os comentários sobre o oxímoro “nobre servo”, apanhado na fala (texto) em que Aufidius medita sobre sua preocupação e desconfiança com relação  ao atual aliado Coriolano, seu antigo inimigo.

...”Primeiro ele foi / Um nobre servo para eles (romanos), porém não foi capaz/ De arcar com equilíbrio suas honras./...”

Trata-se do dilema de Aufidius, a quem o “nobre servo” representa um misto de  respeito, afeição  e inveja, asseverando sua dificuldade para assumir uma posição a respeito da superioridade hierárquica de Coriolano.

O texto ressalta a natureza e  riscos de poder e equanimidade dos atos de Coriolano, em  reticentes pensamentos de Aufidius, ameaçadoramente obscuros e destituidos de uma base retórica.

Segue-se uma série de tentativas de explicação, utilizando-se Shakespeare  de sinédoques, hendíade e metáforas como recursos criativos  para simular o movimento do pensamento, nisto  reconhecendo-se o pensamento de Heráclito. (“tudo flui”)

Entre as várias explicações, a síntese: “... basta um (defeito) para explicar seu destino, e mesmo assim é difícil alguém falar deles, sendo tão grandes as suas virtudes”.

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Gostaria que alguém explicasse tanta profundidade. (j.nagado)
(José Nagado - 28.05.2013)

POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS – (Parte 5.3)

POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS 
(tertúlia domingueira)

5.3 Os caminhos de Heráclito    

Certamente  muitos filósofos encontraram aspectos pontuais e iluminados nos fragmentos de Heráclito, relevantes para o acesso aos caminhos de suas próprias doutrinas, justificando-se aí a apropriação extemporânea e indébita dos méritos, embora de  “Profundidade histriônica” (o oxímoro), veementemente reclamado pelos Pré-Socráticos .  

Pós-Socráticos

Platão (427 – 347 a.C) e Aristóteles (384 – 322 a.C)  procuraram conciliar (!!)as afirmações de Heráclito com as de Parmênides, visando assim superar o impasse a que chegara o racionalismo grego com a oposição de conceitos dessas duas doutrinas.

Protágoras (480 a.C – 410 a.C) e outros  sofistas (início do séc. V a.C) aproveitaram idéias de Heráclito de Éfeso sobre o valor (utilidade) do conhecimento humano.

Os estóicos (panteístas) adotaram sua teoria cosmológica do fogo primordial ou Logos;  modernamente, Heráclito é considerado o precursor de muitas noções sobre os fenômenos da natureza.

A Heráclito e Parmênides os dois principais filósofos do pensamento pré-socrático interpretados das mais diversas maneiras através dos séculos, couberam-lhes, no terreno da reflexão filosófica, apresentar as questões e respostas, para os problemas e impasses que definiram, nos séculos seguintes, os caminhos da razão no Ocidente.

O painel exposto acima  apresenta sucintamente os primórdios da Filosofia com o prenúncio de uma nova era da razão, sob os auspícios de conceitos primeiros de lógica, metafísica e dialética, onde a dialética, conceituava o princípio de discussão de qualquer tese baseado na elaboração da antítese como processo principal.

Idealismo alemão - Hegel(1770-1831)
Hegel, influenciado pelo pensamento de Heráclito afirmou: “Não existe frase de Heráclito que eu não tenha usado em minha Lógica.”

Vale a pena registrar aqui, o verbete do “Aurélio”: (3).Hist.Filos. Conforme Hegel (v. hegelianismo), a natureza verdadeira e única da razão e do ser que são identificados um ao outro e se definem segundo o processo racional que procede pela união incessante de contrários – tese e antítese  - numa categoria superior, a síntese.
Hegel dizia que as concepções filosóficas do passado eram sem vida, não históricas e tendenciosas. Por isso, defendeu a forte ligação entre História e Filosofia. (entendeu?)

Marxismo - Karl Marx (1818-1883)
O Pré-Socrático Heráclito, para quem a vida resultava da luta entre os opostos, tinha  Marx e Darwin (1809-1882)como seguidores, mas por motivos diferentes. Para Marx (1818-1883), era a luta de classes sociais e para Darwin(1809-1882), era a luta pela sobrevivência da espécie. Cada qual realmente vivia em sociedades opostas uma à outra.

Uma historinha deliciosamente filosófica (cuja origem estou procurando encontrar), dizia que a mulher de Darwin, muito religiosa, recusou a autoria do marido Darwin, para um prefácio em livrinho (“O Capital”, simplesmente)  do Marx, onde este pretendia o engajamento do  biólogo  às suas idéias políticas. Raciocínio equívocado do filósofo ou incongruência dialética ? 

Friedrich Nietzsche (1844-1900),

Conforme relatam suas biografias, Nietzsche e Heráclito possuiam grande afinidade filosófica, mostrando ambos, profundidade nos pensamentos sempre abertos à interpretação bem como semelhanças nos discursos  contrários às crenças religiosas e grande exaltação à vontade de poder. Essa  afinidade com Heráclito extendeu-se à disposição de esmiuçar seu discurso de forma consistente e tentar decifrar-lhes a variedade dos enigmas propostos.


Para reflexão:
Em “ecce homo” – pg.186 – Nietzsche sustenta que a tragédia grega surgiu da fusão de dois componentes: o apolíneo e o dionisíaco....

Em relação às críticas dirigidas à obscuridade de Heráclito, Friedrich Nietzsche sustenta que "é provável que jamais um homem, em tempo algum, tenha escrito de um modo mais claro e mais luminoso." Como se observa, além da proximidade iconoclástica, ambos se aproximam também pela acusada obscuridade nietzscheana.


Heráclito  e a Justiça

A doutrina de Heráclito, especialmente considerada em relação a dimensão da luta e do jogo de contrários, conjugado com a doutrina do Lógos levou os especialistas a uma análise sobre os fundamentos da Justiça e a legitimidade da ordem jurídica, cuja fundamentação  encontra-se nos gregos, considerados os grandes filósofos da Justiça. O complexo pensamento Heraclitiano, conduz a uma profunda perspectiva transdisciplinar, entre o pensar originário nos pré-socráticos e a Filosofia do Direito. Essa concepção de Justiça originada na complexidade do pensamento Heraclitiano  demanda preliminarmente uma aproximação com alguns conceitos básicos, tais como o devir, a luta dos opostos, a prevalência do Lógos. A Razão (Logos) consistiria precisamente na unidade profunda que as oposições aparentes ocultam e sugerem: os contrários, em todos os níveis da realidade, seriam aspectos inerentes a essa unidade.



(Ref. Hilda Helena Soares Bentes - PERCURSOS HERACLITIANOS: A DIMENSÃO DA LUTA, DO JOGO DE OPOSTOS E DO LÓGOS NO CONCEITO DE JUSTIÇA, cita diversas fontes no * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 5513cognominado, por essa razão, de "Obscuro" (Skoteinós) ou "Heráclito, o Fazedor de Enigmas")

(José Nagado - 28.05.2013)

POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS –ambiente filosófico(Parte 5.2)

POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS - ambiente filosófico (parte 5.2)
(tertúlia domingueira)

 5.2 O ambiente filosófico dos Pré-Socráticos

Cosmologia

Vimos que os pensamentos filosóficos (pueris e superficiais, mas originais”) dos Pré-Socráticos foram vistos  sob a perspectiva cosmológica, “dos quais se serviram grandes filósofos posteriores para sedimentarem suas doutrinas, ainda que elas fossem o contraditório e a simples negação desses pensadores originais”.
Heráclito e Parmênides, principais filósofos Pré-Socráticos, refutaram de vez a cosmogonia e a teogonia da Grécia Antiga porém,  pontos antagônicos os destacaram em aspectos diferentes da filosofia.


Lógica, Metafísica e Dialética

Racionalizações a respeito da lógica, metafísica e dialética contidas nos pensamentos dos Pré-Socráticos, implantaram o ambiente dos primórdios da filosofia ocidental, seara onde importantes filósofos  pósteros colheram as sementes de suas doutrinas.  
Lógica

"O Obscuro" (como Parmênides chamava seu desafeto Heráclito), de  pensamentos aparentemente contraditórios e sem sentido, tinha um amor declarado por Lógos (a lógica, a razão).Embora não  tenha utilizado a lógica tão intensamente quanto Parmênides, os pensamentos de Heráclito a respeito da lógica foram de fundamental importância para pensadores como Aristóteles e Hegel.
O princípio de Identidade  e o princípio de Contradição, da Lógica,  tiveram origem nos pensamentos desses dois filósofos, respectivamente, Parmênides e Heráclito.



Metafísica



Parmênides promove um salto qualitativo da  filosofia, restrita até então somente á investigação da natureza e indo além do mundo sensível, caminhando a partir daí para a Metafísica, seguindo uma concepção totalmente distinta dos pensamentos do “filósofo obscuro” (Heráclito).
Considerado o pai da Dialética, Heráclito (540 – 490 a.C) dizia que “tudo flui”, referindo-se a sua doutrina do estado do fluxo - a “metafísica de Heráclito”  hipocrisia utilizada geralmente  para homenagear sua célebre obscuridade.
A metafísica de Parmênides é definida como a Metafísica da Identidade, significando isto a  “busca da essência imutável e eterna do ser”, contrapondo á mudança constante, de “tudo flui” da doutrina de Heráclito.  
O ser em Parmênides não  nasce e padece; o ser é estático e absoluto; para o ser só existe o “é”.
A grande polêmica filosófica da época atribuia a Parmênides discordar de Heráclito quando este afirmava que nada é permanente, que tudo está em constante mutação, incessantemente (“tudo flui”), de tal forma que  não é possível banhar-se duas vezes num mesmo rio.

Dialética



Heráclito cria uma modalidade de raciocinar, de conhecer o mundo, a  dialética, através da qual  vislumbra a unidade (o uno) pelo viés da contradição: polos opostos (tese e antítese)   constituintes de uma proposição mutuamente relacionada, alcançando-se, ao final, uma visão sintética (síntese) da realidade. 

(José Nagado - 28.05.2013)

POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS – oxímoros (Parte 5.1)

 POST – 007.2013 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS - oximoros (Parte 5)
(tertúlia domingueira)


5.1 Introdução

Em Pré-Socráticos - Parte 2, um oxímoro  avalia   o pensamento cosmológico daqueles filósofos através da  sobreposição de duas palavras (“profundidade histriônica”). Nesta (Parte 5) faremos  uma conexão entre  oxímoros  e o ambiente dos pensamentos filosóficos dos pré-Socráticos, incluindo-se nesta parte, o pensamento do filósofo Parmênides de Eléia (530 a.C-460ª.C), um dos principais protagonistas do  palco do mundo pré-socrático, onde se questiona:

(3) Não vejo oxímoro nos seus pensamentos filosóficos, mas vejo uma esforçada tentativa de classificá-los assim”.

Formulado dessa forma, esse questionamento suscitou reflexões a respeito da natureza essencial  daqueles  pensamentos, até  chegarmos a uma ponderação que justifica “uma esforçada tentativa de”  classificá-los como oxímoros,  conquanto   pensamentos passíveis de interpretações, para além do tempo em que foram gerados. 

Assim:

Heráclito de  Éfeso
Heráclito (540 – 490 a.C) deixou uma obra (“Da natureza”) composta de fragmentos curtos (cerca de cento e trinta e cinco), dividida em três seções, versando sobre o Universo ou o Todo, sobre a política e a última, sobre teologia. Nesses fragmentos Heráclito revela sua doutrina utilizando uma linguagem ambígua e problemática, características do  estilo aforismático  e de cunho oracular das suas mensagens.  

Recebeu a alcunha de "Obscuro" principalmente em razão da obra a ele atribuída por Diógenes Laércio, “Da  Natureza”. Na vulgata filosófica, Heráclito é o pensador do "tudo flui" (panta rei) e do fogo, que seria o elemento do qual deriva tudo o que nos circunda. [Wikipedia]


Os registros biográficos de Heráclito de Éfeso, cujos antepassados foram fundadores da cidade, comumente o descrevem como um pensador altivo e arrogante. Sabe-se, igualmente, que seu humor é sombrio e melancólico por viver isoladamente, desdenhando o convívio dos pensadores poetas de sua época os quais considerava inferiores à sua linhagem e à sua capacidade intelectual. Esse perfil ensejou entre os comentadores uma série de apreciações negativas, que carecem, todavia, de base histórica.
Embora de família aristocrática, não teve mestre na adolescência, quando dizia que "não sabia nada". Na idade adulta, revelando cômico comportamento anti-social e dizendo que "sabia tudo" decidiu se afastar da plebe inculta da cidade e habitar os campos, onde se alimentava apenas de ervas, o quê o acabou matando  de hidropsia. (se fosse hoje, diriam que foi overdose).

Fragmentos

A seguir, alguns fragmentos da obra de Heráclito revelam seu espírito crítico e aspectos doutrinários:  

Fragmento 49 – mostra desprezo pela plebe inculta e bárbara: pois "se há um que é o melhor, esse, para mim, vale dez mil."

Fragmento 40 - Heráclito não poupa nem as figuras mais glorificadas da cultura grega, condenando-lhes o eruditismo: "A muitos a ciência não ensina a ser inteligente. Pelo menos não o ensinou a Hesíodo e Pitágoras, e depois, a Xenófanes e Hecateu."  

Fragmento 5 - Contra as práticas religiosas populares de seu tempo, investe contra aqueles que "com outro sangue se purificam como quem, maculado de lama, na lama fosse lavar-se."

Fragmento 10 - Heráclito afirma enigmaticamente: "Conexões: completo e incompleto, concordante e discordante, consonante e dissonante; de tudo, um; de um, tudo."


Fragmento 80 – Heráclito reflete sobre o jogo de contrários que rege o universo e a existência, a perpétua luta entre as oposições e as transformações radicais que se operam na natureza, proclamando, desafiadoramente, que "importa saber que o Prélio [...] é comum, e que a justiça é querela, e que tudo sucede segundo a querela e a necessidade."


(José Nagado - 28.05.2013)