Cassio Carvalheiro

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

CONFRARIA DO RISO ESSAS E OUTRAS - 002.2012


ref. Comportamentos 
A Confraria do Riso "Essas e outras" postou:

   

    Aposentados e as competências.... Essas e outras!‏



Moacyr, gostei!(vou postar no Blog) 
foto 1:três velhinhos aposentados conversam sobre suas atividades atuais.
foto 2: Palhaço Tiririca, Deputado Federal , diz que vai montar um circo quando se aposentar. 

Comentários
Tem lógica a relação entre a atividade atual do aposentado e sua atividade anterior. 
O terceiro funcionário, aposentado do Congresso Nacional montou um puteiro, e portanto, continua em atividade 
atual coerente com o ambiente anterior... 
O Ti-ri-ri-ca ri de tudo e bate firme: para ele o Congresso Nacional é um Grande Circo.

Burlesco
O Burlesco cita as palavras de Henry Bergson (1859-1941) : 
" Para que uma coisa seja cômica é preciso que entre o efeito (atividade atual) e a causa
(atividade anterior) haja uma desarmonia".

Exposto o esquema acima, o blog Confrarias do Riso quer saber de seus visitantes e seguidores:   

Escolha uma figura do Senado ou da Câmara Federal e dê sua opinião sobre o que ele irá fazer quando se aposentar.


obs.: caso queira postar sua resposta sem cadastrar-se no blog, use o e-mail: j_nagado@hotmail.com 


(j_nagado - 29.02.2012) 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

2.4.2 O Comportamento e o Riso – cont.(2)


2.4.2 O Comportamento e o Riso – cont.(2)

Crica
Comportamentos bizarros criam situações de tensão em uma comunidade, que libera seu  sentimento de desaprovação e ira contra indivíduos que apresentam tais tipos de comportamentos.  Criadores de casos, os populares “cricas” em geral são  alvos dessa desaprovação e ira e por isto, seu comportamento também é considerado  burlesco.

 Códigos de Comportamento

 Códigos de comportamento produzem bons e maus comportamentos e associam  pessoas semelhantes no caráter e tipo de comportamento. Um desses códigos chegou a se tornar Lei - a Lei de Gerson, que pregava que todo mundo devia  “Levar vantagem em tudo”, gerando comportamentos cômicos (por exemplo, político no palanque abrindo sua frente na base de cotoveladas para poder aparecer na foto) ou comportamentos nefandos (o mesmo político, trocando sua nota miúda por nota graúda na sacola de óbolos da igreja).

 Rimos de pessoas bem intencionadas quando fazem apologia de certos códigos  de comportamento que as seduzem pelo enunciado. Certo político (novamente um político) tinha cabos eleitorais que pediam votos dizendo que “ele rouba, mas faz”, Conheci vários desses cabos eleitorais, honestos, das mais diferentes profissões e que certamente não tinham compromisso (o chamado “rabo preso”) com esse político. Apenas acreditavam que “ele faz” (obras). Sim, ele abria contas polpudas em bancos no exterior, com dinheiro desviado das obras públicas super faturadas em seu governo. No caso, os discursos tanto do lado do político corrupto como do cabo eleitoral são muito cômicos  principalmente quando esse político vai parar na prisão (isto já aconteceu no Brasil) e o cabo eleitoral tenta justificar o injustificável. (j_nagado – 23.02.2012)

2.4.2 O Comportamento e o Riso – cont.(1)


2.4.2 O Comportamento e o Riso – cont.(1)
Idiossincrasias
Indivíduos cuja disposição de temperamento os faz reagir inesperadamente e  de modo transparente e pessoal às injunções de agentes externos, são logo percebidos  pelo poder de agitar o público, principalmente quando repentinamente emite uma notável idiossincrasia, criando a expectativa de um grande desempenho do indivíduo.
Isto aconteceu com um Presidente da Câmara dos Deputados, em Brasília, que  num momento de arrebatamento político disse aos   seus pares:  “A Câmara não será o supositório do Governo” (!?)
Quem pensou que ouviria um grande discurso político, logo caiu na gargalhada ao imaginar tão grotesco supositório. 

Nefelibata, Inefável, Nefasto
Rimos solidariamente dos sonhos e fantasias do nefelibata, aquele vive nas nuvens..
Rimos intelectualmente do Inefável, o habitual comportamento de personagens que expõem sutilezas de pensamento que poucos chegam a entender, estando a graça nas suas possíveis traduções ou versões desse pensamento.
Rimos nervosamente do nefasto que se manifesta diabolicamente, curtindo uma   tragédia iminente ou saboreando as minúcias de um desastre sofrido.

Sujeito Circunstancial, Sujeito Adverbial e o Mentiroso
Nem sempre a platéia estará apta a perceber a graça de determinado comportamento, a não ser que esteja previamente preparada para entender as sutilezas de alguns cidadãos  conhecidos por sua posição na sociedade, como desses que  citamos abaixo, é claro, sem declinar nomes: 

Rimos criticamente do chamado  “sujeito circunstancial”, que se envolve de corpo e alma com as normas dos ambientes sociais em que convive, tornando-se  o   criador de pequenas regras  e de grandes brigas na comunidade, por causa dessas normas
Rimos sarcasticamente do “sujeito adverbial”, aquele que parecia impoluto, mostrando uma posição social e intelectual admirada pela sociedade  e de repente é pego cometendo deslizes, como certo juiz que participou do desvio de verbas públicas destinadas à construção de um fórum do Tribunal de Trabalho do Estado de São Paulo..

Rimos iradamente do sujeito que pratica ou tenta encobrir um crime abominável, quando  procura, com  mentiras estapafúrdias ou álibis ardilosos, calar a verdade.
Tornamo-nos complacentes com esses tipos de comportamentos burlescos,  verdadeiras injúrias à nossa inteligência e ao nosso sagrado direito de ficar indignado  ou até de sacrificar o sujeito, quando substituímos a injúria pelo riso, que apenas o ridiculariza. (j_nagado – 23.02.2012)

2.4.2 O Comportamento e o Riso


2.4.2  O Comportamento e o Riso
Sob este título vemos o riso como um refinado produto da observação do comportamento humano, talvez o mais humano e inteligente produto desse bípede, como o Burlesco irá mostrar. As vezes rimos inocentemente de cenas de comportamento de animais quando, em essência, eles estariam  contrariando naturalmente aquilo que chamamos de convenções sociais ,  imitando mazelas do homem ou até quando mostram aspectos curiosos de sua espécie, mas que contrariam hábitos e costumes   desenvolvidos pelo homem. 

Quando observamos o comportamento alheio, vemos suas expressões faciais e corporais e a utilização de um amplo repertório de palavras e expressões de significado simbólico ou explícito, indícios de sua particular racionalidade, emoções, estados de espírito, disposições emocionais e (eventuais) distúrbios de emoções. E rimos disso tudo quando percebemos a essência burlesca das representações que o indivíduo expõe, conscientemente ou não, como ator anônimo dessa comédia humana  da qual todos somos observadores.

Sem declarar situações,  procuramos identificar no texto algumas palavras que comportam o riso como seu significado evidente: piadas, gafes, idiossincrasias, (o) nefelibata, inefável,  nefasto, bizarro, (a), mentira, (sujeito) circunstancial,  adverbial,  códigos de comportamentos (“lei de Gerson”, “rouba, mas faz”).

Piadas (anedotas)
Tem sido a maneira de reproduzir situações das quais rirmos de forma piedosa do comportamento alheio, de forma crítica e inteligente de nosso próprio comportamento, das mazelas, vícios e hábitos anti - sociais do homem e de forma maldosa rimos até de defeitos físicos ou mentais dos nossos parceiros neste mundo. E  rimos de muitas coisas mais.

Gafes
Sempre que o comportamento de um indivíduo se desenvolve saborosamente nesse tom de convenções sociais distorcidas e princípios que contrariam o comportamento  humano habitual, o riso do observador ocorre naturalmente, e algumas vezes de forma inconveniente,  como resposta isenta de qualquer sentimento maldoso,  sádico, religioso, etc. 
Tal é o caso, por exemplo, quando rimos de forma contida ao percebermos alguma gafe cometida em uma ocasião solene, mesmo que sejamos o autor da gafe. (j_nagado-23.02.2012)


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

2.4.1 Construindo Comportamentos - comentários finais


Comentários    

Esta rápida apresentação de alguns cientistas do comportamento humano dentro do Burlesco, não tem por objetivo o debate “natureza x criação”, o quê o livro “O que nos faz humanos” trata com muito mérito, principalmente quando trata das descobertas  científicas de  funções especializadas dos genes e  dos cromossomos.
Uma idéia que o livro citado nos deu, foi  atribuir uma estrutura genômica ao ser humano que observamos, com  um conjunto de variáveis conhecidas que lhe determinariam o comportamento. Chegar a este conceito sem ferir nenhum dos fundamentos científicos que agravam a pesquisa séria é impossível, mas é bom lembrar que  estamos no ambiente do Burlesco e a pesquisa ainda não terminou. 
Em Burlesco damos importância ao motivo da ocorrência do riso de um observador em relação ao comportamento de outro  ser humano, e para tanto avaliamos os resultados das pesquisas daqueles cientistas, alguns dos quais envolvidos em experiências pouco humanitárias.
Por exemplo, Lorenz, seguidor de Hitler,  é criticado por sua tentativa de aplicar suas teorias do “imprinting” animal sobre o gênero humano, quando afirmava que o os “humanos são autodomesticados  e que isto os levava à deterioração física,  moral e genética”. O caso do eleitor pobre, material e intelectualmente,  que é cooptado pelo político mau caráter por meio de presente barato pode ser um exemplo da aplicação daquele conceito de “imprinting”. Indivíduos   sem   oportunidade de viver dignamente,  ter livre - arbítrio e aspirar ver - se livre da ignorância herdada à beira da sociedade são tristes vítimas desse tipo de político.   O elemento desse extrato da  sociedade é tragicamente cômico,  paradoxalmente cômico, quando também se observa a mesma deterioração física,  moral e genética daqueles que vivem às custas da corrupção e que tiveram todas aquelas oportunidades que são  pleiteadas pelos pobres. 
A abordagem do evolucionismo permite a análise da ocorrência de “trombadas” da natureza que podem ter gerado algumas das excrescências humanas  que vemos por aí, como sugere a existência de políticos corruptos e outros exemplos da fauna que se mescla com o gênero humano.
O Burlesco não irá aderir a nenhuma teoria ou terapia comportamental  como guia para obter o riso, mas, sim, irá explorar pontos essenciais das conclusões  dos diversos filósofos e cientistas do comportamento ou de suas eventuais divergências para analisar estilos de comportamentos e definir uma estrutura para o Burlesco. 
A teoria do Condicionamento Operante do behaviorismo radical (Skinner), por exemplo, toma por base um viés daquele princípio do positivismo lógico, através do qual podemos afirmar que “o significado de (um comportamento) uma proposição  é  dado na sua verificação (demonstrado no riso)”. Espera-se, pois, que “todo erro na premissa não apareça na conclusão”. 
A afirmação acima é pessoal e coincidentemente recorrente com o Contrutivismo (“não existe observação neutra da realidade”) e com a filosofia Positivista que vincula o positivismo lógico ao behaviorismo Radical defendido por Skiner.
As práticas verbais das divergências entre cientistas do comportamento se mostrarão verdadeiras lições do burlesco e assim serão experimentadas no texto.(j_nagado - 14.02.2012)

(j_nagado / 13.02.2012) 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012


2.4.1 REVENDO COMPORTAMENTOS – cont. j) “Imprinting”
Konrad Lorenz – (1903 – 1989) austríaco naturalista  Konrad Lorenz (1903 - 1989), um dos fundadores da etologia (o estudo do comportamento animal), ensina   que o “imprinting” é um tipo de aprendizagem, ainda que contendo um elemento inato muito forte.
Etólogo,  fez estudos comparativos do comportamento humano e animal. 
Fez um re-estudo do instinto e do conceito vital do “imprinting” e muitos outros, até o mundo se deparar com a revolução cognitiva iniciada na década de 1950, com Noam Chomsky, conferindo ao cérebro uma perfeita adaptabilidade do comportamento, graças a participação dos genes na constituição das diferentes partes do cérebro, pré-projetadas para diferentes tarefas.
(j_nagado) - 12.02.12

2.4.1 REVENDO COMPORTAMENTOS – cont. i) Construtivismo


 i) Construtivismo

Jean W.F. Piaget – (1896 – 1980) – Epistemologia Genética 
Piaget desenvolveu a teoria do Construtivismo analisando  o comportamento psicológico humano, base da idéia de que novos níveis de conhecimento podem ser indefinidamente construídos através das interações entre o sujeito e o meio, em um processo permanente de desenvolvimento cognitivo, interação com o objeto que o perturba  e sucessivas e permanentes relações entre assimilação e acomodação do objeto às estruturas cognitivas do indivíduo.
(j_nagado / 12.02.2012)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

2.4.1 REVENDO COMPORTAMENTOS – cont. h)Cultura


h)Cultura
Franz Boas – (1858 – 1942) – Prússia (atual Alemanha) - sociologia-antropologia

Nascido em família judia, entrou para a universidade como estudante de física. em 1877, porém mais tarde tornou-se geógrafo, até finalmente decidir-se pela  etnografia,  onde embora tenha feito estudos de craniologia  não se dedicou    a  antropologia física  e sim a antropologia cultural (abordagem de  questões folcloristas).
A escola boasiana postulava uma etnologia baseada na história dos povos, citada frequentemente como "particularismo histórico". Aqui, uma critica a Boas, a ironia desse “particularismo”, que aviltava sua possibilidade de teorização sobre a humanidade e a cultura como um todo.
Mesmo condenado dessa forma,  seu legado seria mais justo com a denominação de "historicismo cultural", através do qual a história deveria mostrar-se isenta de pré-noções e pré-conceitos.  E para isso, seria necessário conhecer a história dos povos a partir dos informantes das respectivas histórias particulares do passado daquela cultura. Queria uma história baseada nos fatos e era contra as grandes teorias históricas.
Boas criticou os determinismos biológicos e geográficos, além da crença no evolucionismo cultural. Foi contemporâneo de Emile Durkhein, para quem  “a  cultura modela a natureza humana e não o contrário”.
Margaret Mead e Ruth Benedict alunas de Boas, expoentes na antropologia norte americana fundaram a linha de pensamento boasiana chamada "Cultura e Personalidade", aproximando psicologia e cultura. Acreditava-se que para estudar a cultura teria que se olhar também como cada indivíduo age na sociedade,  teoria  nada simpática às concepções de Durkheim.
Franz Boas fez severas críticas aos antropólogos simpáticos ao método evolucionista, em evidência na época, que tentavam descobrir leis gerais contemplando estágios evolutivos em que todas as sociedades passariam, necessariamente.
.
Boas cria o conceito plural de Culturas, em que cada uma delas tem sua própria história; contrapondo com o pensamento evolucionista que concebia uma cultura humana universal.. O objetivo da pesquisa antropológica de Boas  seria compreender os fenômenos dessas culturas particulares, o sentido que os elementos de cada cultura tem para seus membros, e não estabelecer leis gerais, como pensavam os evolucionistas. É importante ressaltar que os evolucionistas não eram necessariamente racistas, mas eram apenas etnocêntricos, visto que admitiam o "selvagem" como etapa de sua própria linha evolutiva".
Relativismo cultural talvez seja uma boa justificativa para diversas ideologias, algumas cruéis, que se encontram por aí.  (j_nagado - 10.02.2012) 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

2.4.1 REVENDO COMPORTAMENTOS – g) Consciência coletiva



g) Consciência coletiva – socialização


Émile Durkhein (1858 – 1917) - sociólogo francês
Considerado um dos pais da sociologia moderna, principalmente pelo reconhecimento da existência de uma "Consciência Coletiva", constituída durante a nossa socialização e composta pelo conteúdo de nossas mentes cuja função é nos orientar como devemos ser, sentir e nos comportar.
Durkhein considera que o homem só se tornou Humano porque foi capaz de aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo social para poder conviver no meio deste, caso contrário seria apenas um animal selvagem; é a sociologia  vista na forma dos fatos sociais  e da socialização do indivíduo.
Durkhein em seu  livro O Suicídio (1897) tratando desse fenômeno dentro da dimensão social dos comportamentos humanos, credita esse gesto como resultado do esgarçamento da rede de solidariedade social. Na Escola Superior da França, foi contemporâneo de Henry Bergson,  o autor de Riso , no qual o riso é considerado como uma reação inconsciente para manter a saúde do tecido social, sancionando os desvios de comportamento.  
Bérgson (e o Riso) será citado mais adiante no item 3 – Estrutura, que trata de um modelo para  geração de estilos no Burlesco. .  (j_nagado. 09.02.12) 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

2.4.1 REVENDO COMPORTAMENTOS –cont. (f) inconsciente




Freud – dissidência com Jung e Adler

O apogeu da Psicanálise nos anos 1950 e 1960, encontrou diversas dissidências da matriz freudiana, principalmente com Carl Gustav Jung (1875 - 1961), psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicologia Junguiana e com Alfred Adler (1873 – 1937), psicólogo e psiquiatra, ambos  discípulos de Freud que participavam da expansão da psicanálise no começo do século XX. C. G. Jung, foi, inclusive o primeiro presidente do Instituto Internacional de Psicanálise (IPA), antes de sua renúncia ao cargo e de seguidor das idéias de Freud. 
Jung interpreta a libido como energia  não apenas sexual, rejeitando assim a teoria da (repressão) origem sexual das neuroses de Freud. Em sua perspectiva mais ampla, o inconsciente coletivo – os famosos arquétipos –, articulando-se com o consciente e o inconsciente individual, estruturam a personalidade  do indivíduo.
Alfred Adler, igualmente dissidente da matriz freudiana, focando na sociabilidade do indivíduo, encontrou nos complexos de inferioridade, denotados por atos na maioria das vezes de  natureza inconsciente, de que todos padecemos, causados por situações de inferioridade física ou mental, a causa direta do desenvolvimento da personalidade numa determinada direção, tendo em consideração um processo de compensação mais ou menos complexo envolvendo o
desejo de poder e de dominação.
Jung e Adler foram incidentalmente citados aqui para créditos futuros de suas definições ou teorias no texto do Burlesco. (j_nagado - 08.02.2012)

2.4.1 REVENDO COMPORTAMENTOS - Sigmundo Freud – (cont)


Sigmundo Freud – Posturas 

O Cômico, o Humor e o Chiste
Em “Os dez amigos de Freud”, (Rouanet, Sérgio Paulo –– São Paulo: Companhia das Letras, 2003), ref. (17), o autor comenta a obra de Mark Twain enquanto fonte de exemplos e justificativas dos comportamentos conforme as teorias freudianas, que entre outras coisas identificou “posturas” relacionadas com  o Cômico, o Humor e o Chiste, que no Burlesco,  estão associadas a estilos de comportamentos (burlescos), dos quais falaremos mais adiante.
Assim,
- representamos o Cômico quando tentamos colocar do nosso lado o julgamento crítico do interlocutor.
- mostramos o Humor quando nos desobrigamos da necessidade de experimentar -sentimentos penosos.
- exibimos o Chiste  quando procuramos nos desembaraçar do julgamento crítico do interlocutor.
O inconsciente e o chiste
Para Freud o Chiste é um compromisso entre os impulsos localizados no inconsciente e as exigências do pensamento crítico e tem como objetivo básico proporcionar o prazer. Dessa relação do inconsciente com os chistes (piadas e gracejos) resultariam as piadas inócuas e as tendenciosas.
As piadas inócuas, como os jogos de palavras, representação pelo oposto, condensação, etc. nos proporcionam prazer apenas por causa das técnicas utilizadas para formá-las, e consistem  basicamente nos mesmos processos utilizados pela censura para gerar o conteúdo manifesto dos sonhos. Nestes, os desejos são confrontados com a censura através de associações da mente, usando grande poder de condensação de idéias e deslocamentos para sentidos presumivelmente oposto das idéias das críticas.
Já as piadas tendenciosas são aquelas que tendem a cumprir alguma finalidade, e o seu objetivo é a satisfação de desejos inconscientes,
A formação de um chiste e sua constituição como o pensamento expresso por ele gera satisfação e nos fazem rir e ainda com mais intensidade neste caso, em que a piada cumpre um propósito ou uma "tendência" embutido no pensamento expresso pelo chiste.
Segundo Freud, piadas constituem uma forma de nos libertarmos de nossas inibições para expressar instintos agressivos, sexuais, cinismo, etc., que, de outra forma, não seriam levados ao nível consciente.
 Percebemos como as piadas nos livram de nossas inibições quando rimos, por exemplo, de uma piada de conteúdo sexual, bem contada, com o rigor da  técnica que torna esse conteúdo uma piada. Caso contrario, provavelmente não riremos, e o contador será qualificado apenas como uma pessoa de mente "suja". A piada bem elaborada, de maneira geral o é,  quanto mais velada for a expressão  do seu conteúdo.
Freud ilustra com um chiste, como uma pessoa subalterna se livra das inibições, ao atacar uma pessoa superior a quem se dirige como ao expressar conteúdo sexual envolvendo a mãe deste. (j_nagado)

2.4.1 REVENDO COMPORTAMENTOS – cont. (f) inconsciente


 (f) inconsciente  

Sigmundo Freud (1856 – 1939) - psiquiatra
Tratando-se  do inconsciente juntamos as descobertas do médico austríaco Josef Breuer (1842-1925), omitido na referência bibliográfica mencionada no início deste capítulo, utilizadas no método terapêutico empregado por Freud. Além de fundamentos médicos de Breuer, como doutrina, a literatura psiquiátrica informa que Freud  aplicou muitos fundamentos filosóficos do pensamento de Platão (427-347 a.C),  e do filosofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860).
Eivado de termos técnicos do campo da psiquiatria muitos já sobejamente conhecidos e explorados pelo humor (de Wood Allen, por exemplo), o texto do Burlesco levará o leitor  a fazer associações com cenas ou situações engraçadas, vistas na vida real, em filmes, quadrinhos, piadas, etc. ou simplesmente imaginadas.
O legado deixado por Freud subsidia o conhecimento de muitos padrões psicológicos, analisados sob a luz de seus métodos, que buscam no inconsciente dos seres humanos, as respostas e soluções para comportamentos revelados nos meandros de suas neuroses e distúrbios psíquicos. Segundo Freud, esses impulsos determinam nossos pensamentos, ações e até mesmo   sonhos, via de regra irracionais, mascarando de várias maneiras necessidades básicas, mas inconscientes do ser humano, como por exemplo, os desejos sexuais reprimidos  desde a infância.
A partir da incorporação desses conhecimentos pela Psicanálise um número grande de conceitos subordinados novos, como os de atos (falhos) sintomáticos, sublimação, perversão, tipos de personalidade, recalque, transferência, narcisismo, projeção, introjeção,  etc, foram introduzidos ao jargão psiquiátrico, transmudando a psicanálise em um modo novo de associar condições psíquicas  a estados de infelicidade  ou de  comportamentos anti-sociais, e originou o tratamento clínico psicológico e psiquiátrico moderno.
As explicações da teoria de Freud referentes ao inconsciente, desde sempre  exploradas para fazer rir poderão ser vistas no texto do Burlesco. 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

2.4.1 REVENDO COMPORTAMENTOS – continuação

e)Doenças Psiquiátricas

Emil Kraepelin (1856 – 1926), psiquiatra alemão,  criador da moderna psiquiatria e genética psiquiátrica para quem as doenças psiquiátricas têm origem em desordens genéticas e biológicas contrariando  a abordagem de Sigismundo Freud, que tratava e considerava os fatores psicológicos como as causadoras de doenças psiquiátricas.
Suas teorias dominaram o campo da psiquiatria no início do século XX e nos dias de hoje a essência dessas teorias é explorada por autores que identificam   tendências ou comportamentos burlescos vistos pela psiquiatria sob a ótica da desordem genética e biológica ou dos fatores psicológicos, sem qualquer preconceito ou preocupação ética no trato de problemas dessa natureza.
Tendências neuróticas já são consideradas coisas comuns e manifestações como depressão, ansiedade aguda ou crônica, tendências obsessivas compulsivas, fobias e até desordens de personalidade são mostradas livremente, principalmente em tiras humorísticas de jornais.  
Neurose caracteriza um distúrbio emocional e não deve ser confundida com psicose, uma Psicopatia, que se caracteriza pela  perda de contato com a realidade quando o indivíduo experimenta  excitação psíquica e depressão psíquica.
Embora seja politicamente incorreto rir das ditas doenças psiquiátricas, sem dúvida, o riso assume uma função moral ou ideológica, por exemplo, quando debocha do gosto pelo dinheiro público  e apelos exagerados à expansão do nome, explorados por políticos alucinados (psicótico) pelo  poder.