Cassio Carvalheiro

domingo, 29 de janeiro de 2012

CONFRARIA DO RISO – Raquetadas - 001.2012

CONFRARIAS  DO RISO
Sob este título, são  comentadas no blog algumas contribuições das Confrarias, observando-se o uso de termos e conceitos do Burlesco. 

A Dra Lucia dá o tom competente à sua resposta a ouvintes em uma estação de rádio.

Enviada pela CONFRARIA DO RISO – Raquetadas (09.11.2010)

Em “Raquetadas 03 ” a análise das respostas  da  “Dra. Lúcia”, foi feita apenas com a      
Indicação ao final de cada resposta, das opções (1 – lógico), (2 – ideológico) ou (3 .
Comportamental), que definem protocolos utilizados no Burlesco.
.
Além dos protocolos, em seu texto o Burlesco associa a matiz ou
direcionamento psicológico das falas em relação ao interlocutor (ouvinte), como
indicadores de traços de caráter do agente (neste caso, Dra.Lucia), identificada, 
na categoria ESPIRITUOSO  como ESPECIALISTA na galeria de estilos do Burlesco.
Em breve postaremos definições gerais deste estilo, como fizemos para a Categoria Genial.

Perguntas e Respostas

a)Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Meu nome é Júlia. É verdade que a gente
pode engravidar em um banheiro público?
Drª.Lúcia: - Sim! Acho melhor você parar de trepar lá!(2)

b) Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Eu sou a Vera e queria saber porque os
homens vão embora logo depois de transar com a gente no primeiro
encontro?
Drª.Lúcia: - Porque o encontro acabou. Caso contrário, seria casamento!(1)

c)Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Eu sou a Rosa e eu queria um conselho!
Como faço para seduzir o rapaz que eu amo?
Drª.Lúcia: - Tire a roupa! Se ele não te agarrar, caia fora que é gay!(1)

d)Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Terminei com meu ex porque ele é muito
galinha e agora estou com outro. Mas ainda gosto do ex e as vezes
ainda fico com ele! O que devo fazer?
Drª.Lúcia: - Quem é mesmo a galinha nesta história?(3)

e)Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Aqui é a Rose e eu queria saber porque
os homens se masturbam mesmo quando são casados?
Drª.Lúcia: - Minha amiga...jogo é jogo...treino é treino!(1)

f)Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Me chamo Jefferson e eu gostaria de
saber como faço pra minha esposa gritar por uma hora depois do sexo!!!
Drª.Lúcia: - Limpe o pau na cortina.(3)

g)Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Meu nome é Suzi e eu gostaria de saber
qual a diferença entre uma mulher com TPM e um pitbull?
Drª.Lúcia: - O batom, minha filha!(3)

h)Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Aqui é o Sílvio e eu gostaria de saber
porque esses furacões recebem o nome de mulheres?
Drª.Lúcia: - Porque quando eles chegam são selvagens e molhados e,
quando se vão, levas sua casa e seu carro junto com eles  eles!(1)

i)Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Sou feia e pobre. O que devo fazer para
alguém gostar de mim?
Drª.Lúcia: - Ficar bonita e rica!(2)
                  

j)Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Aqui é o Gabriel, me diga, porque não
se pode confiar nas mulheres?
Drª.Lúcia: - Como alguém pode confiar em algo que sangra por cinco
dias e não morre?(1)
                   

Obs.: a Confraria do Riso – Raquetadas – freqüenta o Big Ball Tênis     

sábado, 28 de janeiro de 2012

2.4.1 REVENDO COMPORTAMENTOS – Um experimento

Behaviorismo radical – Um experimento

Um experimento (na verdade, uma “pegadinha”)  divulgado recentemente na Internet, submete  a um vexame deplorável, todo internauta que se diverte vendo belas garotas inicialmente vestidas, ficarem nuas quando é solicitado um “clique” do mouse sobre uma  “máscara mágica”, a cada garota apresentada. Essa é a fase do reforço positivo.
Garota após garota, desnudada com um simples “clique” do mouse sobre a máscara mágica, entusiasma o internauta até que aparece uma figura barbuda (parece o Lula, o atual presidente da República!), que em nada lembra as lindas e deliciosas garotas até então mostradas. Claro! Condicionado, o internauta  só quer ver mulher pelada, e tenta clicar o mouse sobre a máscara mágica, que sai do lugar.
Afoito, o internauta tenta clicar a máscara na sua nova posição. Novamente, a máscara muda de posição. E assim, o nosso internauta vai para sua terceira tentativa para conseguir, novamente, ver...mas ver o que? O Lula pelado? Aqui o internauta cai em si, olha para os lados para verificar se alguém viu o vexame que passou.
Como se  viu, o internauta não foi castigado com o aparecimento do Lula pelado e, por outro lado, seu ato foi simplesmente extinto, isto é, não produziu resposta.
Essa é uma aplicação da teoria do Behaviorismo Radical.
Pode parecer surpreendente, mas, para eliminar um comportamento, a Extinção é mais eficaz do que a Punição.
Resumindo, o experimento eliminou um comportamento indecoroso do internauta, que nunca mais vai querer ver qualquer coisa (boa) no Lula.!!! (j_nagado  28.01.2012)

2.4.1 REVENDO COMPORTAMENTOS – (c) John B. Watson, (d) Skinner

2.4.1 REVENDO COMPORTAMENTOS – continuação

c) Behaviorismo
John Broadus Watson (1878–1958)
É considerado o fundador do  comportamentalismo (ou simplesmente behaviorismo), para quem a chave para compreensão do comportamento deveria ser apenas e simplesmente os comportamentos concretos e observáveis.
Estudioso de Pavlov e seguidor das idéias realistas de Auguste Compte  (1798 – 1857), Watson com seu behaviorismo metodológico estuda   o comportamento como função de certas variáveis do meio, sob o argumento de que determinados estímulos levam o organismo a dar determinadas respostas. O interesse de Watson concentra-se na busca de uma psicologia livre de conceitos mentalistas e de métodos subjetivos da psicologia, que pudesse reunir condições de prever e de controlar o comportamento.
Considerando o que John B. Watson disse, o motorista da historinha do início deste capítulo deve continuar a andar por aí dando socos nos capôs de outros carros. 

 d) Behaviorismo radical
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990)
Behaviorismo Radical é uma corrente anti mentalista proposta por B. F. Skinner que defende que  nosso comportamento pode ser condicionado (tese do Condicionamento Operante) em função das conseqüências (reforçadores). Assim, um estímulo (uma ação) tem como conseqüência uma resposta (um efeito) que pode ser reforçadora (agradável) ou não. A resposta pode não ser reforçadora quando houver Punição (castigo) ou Extinção (o estímulo não produzir resposta). Pode parecer surpreendente, mas, para eliminar um comportamento, a Extinção é mais eficaz do que a Punição. Isto  faz lembrar os métodos (a extinçao) de Hitler com seus campos de concentração.
Vejamos um experimento dessa época   para comprovar o conceito de Reforço. O sádico espírito científico (e psicológico) dessa época tinha seus métodos, como por exemplo,  observar o comportamento da cobaia (podia ser você) com muita sede, colocada em frente a uma torneira:
>Você  abre a torneira e bebe água (Reforço Positivo);
>Você  abre a torneira e leva um choque (Punição)
>Você abre a torneira e não sai nada (Extinção). Isto é sadismo.!
Um pouco de sadismo para eliminar um comportamento, pode ser uma das  abordagens possíveis do Behaviorismo Radical do americano Skinner (1904-1990).  
Skinner buscava compreender questões humanas, como "comportamento", "liberdade" e "cultura", dentro do modelo de seleção por consequências  rejeitando o uso de variáveis não-físicas e atribuindo um caráter mecânico aos eventos comportamentais, quase fisiológico, uma vez que as razões que estariam subjacentes ao levar o homem a desempenhar um  comportamento deveriam ser tratadas isoladamente, da forma como trataremos  os  comportamentos burlescos  onde abordamos  os motivos que nos fazem rir quando descobrimos “por que fazemos o que fazemos e o que devemos fazer e não devemos”. (j_nagado 28.01.2012)

2.4.1 Revendo Comportamentos - (a) Pavlov, (b) Darwin

Embora plenamente previsíveis e controláveis, é certo que situações reais  podem provocar comportamentos bizarros de pessoas envolvidas, como vimos acima, mas também podemos rever comportamentos que podem ser construídos a partir dos estudos dos cientistas do comportamento humano. Para isto, vamos estender o olhar crítico do burlesco sobre as pesquisas de alguns dos cientistas citados no livro “Nature via Nurture”

Observação: Para fins de divulgação no blog, alem de bastante resumido  o texto será dividido em 4 postagens.

a) Condicionamento respondente
Ivan Petrovitch Pavlov (1849-1936), fisiologista russo estudou os chamados Comportamentos reflexos condicionais.
b)Teoria da evolução
Charles Robert Darwin (1809 – 1882) naturalista britânico, alcançou fama com a sua teoria da evolução que provocou grande impacto no meio científico, também chamada evolucionismo.
Novas teorias evolutivas surgem de tempos em tempos, confirmando ser o evolucionismo um campo minado pela controvérsia, além de competir com o criacionismo, na antiga celeuma entre a importância da genética e da cultura.
Evolução e seleção natural, além de fonte de sérias controvérsias científicas, tem promovido o humor, através de piadas e histórias muitas vezes politicamente incorretas quando procuram caracterizar comportamentos racistas, religiosos  ou fazer comparações de comportamentos duvidosos ou fantasiosos de indivíduos com animais.
A literatura nos fala de Tarzan, criado desde bebê por gorilas, e, adulto, andava pendurado em cipós pela floresta e urrava para assustar seus inimigos, como faziam seus criadores, mas nunca se  ouviu falar de macaco criado por humanos que  tenha saído por ai a cometer infrações de trânsito e  urrar contra outro humano. Bem, vimos lá no início que não é bem assim, mas deixa pra lá. Afinal, não era um macaco que estava envolvido.
j_nagado (28.01.2012)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

2.4 – Comportamentos - Um ato bizarro

Um ato bizarro
Certo dia, ao iniciar o retorno à esquerda no trânsito de São Paulo,  sofri um abalroamento. Eu permanecia dentro do meu carro, quando o motorista do outro carro veio tirar satisfações comigo, sabendo esse idiota, que ele estava completamente errado. Olhando pelo retrovisor, eu o vira espertamente passando à direita da  fila de carros que se forma na faixa especial à esquerda na Avenida (Ricardo Jafet, em São Paulo) tudo devidamente sinalizado para que  os carros em fila entrem a esquerda, seja para cruzar ou para fazer o retorno na avenida. Quando o semáforo abriu, aquele motorista idiota  entrou repentinamente à esquerda e abalroou o meu carro, junto à ilha que limita a entrada de mais de um carro nesse retorno. O que se viu, foi muito cômico: o sujeito se postou em frente ao meu carro e bateu com as duas mãos fechadas no capô do  carro e depois foi até o meu lado e deu um soco no vidro lateral do carro, que ainda estava levantado. O sujeito urrava: “Viu o que v. fez no  meu carro?“. O motorista de um caminhão que estava logo atrás tirou a cabeça para fora e gritou: “Vamos chamar a polícia aí do posto da esquina, que vai tomar a carteira desse vagabundo folgado que furou a fila”.
Enquanto isso, vendo que eu não me alterara e nem mostrava medo algum, o idiota foi até o seu carro, procurou alguma coisa e parou, ameaçador, em frente do meu carro. Minha esposa, ao meu lado, gritou  “Cuidado, ele está armado!”, e saiu rapidinho do carro. Foi muito cômico o que se viu a seguir. O sujeito era baixinho, gordo, e estava agitado, procurando alguma arma, que, pelos movimentos nervosos que fazia, devia estar na sua cintura, onde apalpou várias vezes. Enquanto isso, o motorista do  caminhão desceu do seu veículo disposto a dar uns sopapos no idiota. Este, vendo a situação ficar feia para o seu  lado, entrou no seu carro e conseguiu fugir, antes que o sinal fechasse para ele.
O quê levou aquele sujeito a ter um comportamento tão grotesco, ali naquela movimentada avenida?  Ele sabia que tinha sido o culpado pelo acidente e que o dano no seu carro, afinal,  não tinha sido tão grande. A impaciência do motorista do caminhão e dos outros motoristas que se achavam na fila pode tê-lo pressionado psicologicamente a cometer aquele  “ato grotesco”,  hilariante mesmo. Mas, qual o sentido de “procurar” uma arma que ele sabia que não tinha?  
Ato falho, ou qual seja o nome que se possa dar a tal comportamento irracional daquele sujeito, o melhor que se pode dizer, é que naquele momento ele vivia a  realidade de um trânsito violento, onde deveria se impor de alguma maneira, mesmo que tivesse que recorrer a uma arma para impor respeito, situação que já vira muitas vezes  no noticiário e já gravado no seu inconsciente. Seu comportamento nada mais representou que o limite do estado de coisas dessa realidade chamada trânsito, aflorando intempestivamente do seu inconsciente, mas de forma hilária!  Bizarra!
J_nagado (23.01.2012)

Burlesco (Continuação)

O legado dos cientistas do comportamento humano é apresentado em um texto relativamente extenso, e por isto, o item (2.4 – Comportamentos) deste Blog deverá  expor apenas  os títulos das experiências  e nomes dos respectivos cientistas do Comportamento associado a alguns exemplos ou modelos que interessaram ao desenvolvimento do texto do Burlesco.

2.4 – Comportamentos

No prólogo do livro “Nature via Nurture”  - O que nos faz humanos (Ridley, Matt  Rio de Janeiro. Record. 2004.) - (ref. 21), o autor cita as idéias de 12 cientistas pioneiros do estudo do comportamento humano no século XX, e ao longo do livro utiliza essas idéias para apresentar aspectos técnicos e descobertas da genética e da neurociência para explicar como o ser humano, pode ao mesmo tempo ter livre-arbítrio e ser motivado pelo instinto e pela cultura. Muitas das idéias desses cientistas foram bastante difundidas e algumas até se tornaram anacrônicas nestes novos tempos, porém continuam como marcos espaciais no imenso campo  de criatividade onde se alimenta o Burlesco.

Utilizando nosso senso critico poderemos encontrar nessas idéias os  fundamentos do instinto e da cultura preservados na sociedade, e descobrir a essência de comportamentos risíveis dos indivíduos, embora estudiosos ainda fiquem constrangidos em estabelecer   relações sistemáticas dessas idéias com o Burlesco. Vejamos, por exemplo, os dados que o ato de um cidadão podem nos fornecer. (j_nagado - 23.01.2012)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

(2.3) ARGUMENTOS - continuação

(2.3) – ARGUMENTOS  - (CONTINUAÇAO DO TEXTO DO BURLESCO)

O argumento  é uma proposição resultante da composição das variáveis: espaço (psíquico - social),  causa e condicionamento (psíquico / psicológico), cujas definições apresentamos resumidamente neste blog:

Espaço
Sugere a situação ou local,  de fácil identificação, física, social  e contextual,    onde  ocorre ou é relatado um fato real ou imaginário.   

Causas
É o motivo conceitual ou a matéria prima para a geração do burlesco, relacionada direta ou indiretamente ao comportamento do homem :
a) Causas institucionais, que colocam o homem como referência de todas as manifestações relacionadas ao ambiente social, econômico, político e ideológico do país (costumes, crenças morais, filosóficas, etc), como vítima ou arquiteto de transgressões sociais ou de situações de tensão.
b) Disposições psicológicas, associadas aos valores morais, filosóficos, teológicos, mitológicos e sentimentais que se tornam fatores de adaptação ou não ao ambiente do homem.
c) Fatores biológicos, psíquicos ou psicológicos relacionados à natureza (genética) e criação (ambiente) do homem, responsáveis pelo seu instinto de preservação, imaturidade, agressividade e irritabilidade decorrente de frustrações, inadaptações, sexualidade, auto - estima, anseios, rivalidade e outros déficits existenciais que possam submeter o indivíduo ou grupos de indivíduos a tensões instantâneas ou duradouras passíveis de serem aliviadas com  uma boa gargalhada ou risada.

Essas causas ocupam espaços diferenciados na estrutura utilizada para definir os estilos do burlesco nos próximos capítulos. Até o momento associamos as causas institucionais à geração de piadas, com base em fundamentos originados nos princípios da lógica.

Condicionamentos
Condicionamentos são fatores psicológicos que levam um indivíduo a alterações (cordiais, volúveis, ambíguos, vulgares, etc) de juízos, alterações de atributos (de coisas, pessoas, juízos), limitações de juízos ou ratificação da razão sob um ponto de vista inusitado, como se viu nas piadas. 

Qualquer condicionamento prejudicial (bloqueios) ou favorável  à ocorrência do riso, afeta uma situação,  uma ação ou um personagem, caracterizando o ambiente para geração  do burlesco e alterando a projeção do alcance nos Domínios do Burlesco.

Vemos então, que o alcance resulta de uma infinidade de fatores condicionantes como a empatia com o interlocutor, o tipo de humor (inadequado., adequado, agressivo), valores morais, formas de atenção, estado de espírito, sensibilidade, e perturbações da percepção de afetividade, emoções, da falta de imaginação, deficiências de condições fisiológicas e psicológicas da memória, perturbações da memória, fragilidade na associação de idéias, influências externas nas tendências, vontade, personalidade,  caráter, falha de comunicabilidade, etc. do indivíduo.

Revisão: 18/10/09

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DO BURLESCO - conceituaçao básica

2.1 Fundamentos e Princípios do burlesco-conceituação básica – postagem 27.12.2011

A partir da identificação dos elementos de uma piada agora vamos conceituar os Fundamentos do burlesco como um conjunto de princípios básicos que o legitimem ou a razão de ser como tal.
Como vimos, o conceito de  fundamento da piada  é colocado de forma explícita (fundamento: a “sogra” é motivo da atitude pouco afetiva do “genro”), como motivador de uma ação ou de um conhecimento, cuja verdade (do fundamento) não é questionada, associado ao comportamento do genro para receber a sogra (atitude pouco afetiva). 
Nesse espaço belicoso e conhecido das divergências entre genro e sogra, o genro vê a sua oportunidade de “dar o troco“, procurando evitar até a “demonstração de alegria do cão”, perante a chegada da sogra.
Essa relação entre o Fundamento e o comportamento (“dar o troco”) gera a graça, através do seu desfecho, aquilo que em uma piada chamamos de argumento.(evitar a “demonstração de alegria” do cachorro).
Sob o aspecto do burlesco,  este argumento será identificado como tonalidade ou matiz  do desempenho do agente, que estará associado à idéia do seu  “estilo burlesco”.
Portanto, como “up-grade” do argumento da piada, a tonalidade ou matiz do desempenho do agente (atitude pouco afetiva do “genro”) deve ser entendido como a “expressão objetiva da verdade” desse agente, estabelecida em certo espaço psicológico e social  conhecido   e especialmente preparado (intenção de cortar o rabo do cão) para  a ocorrência o burlesco.
Generalizando essa idéia  podemos considerar que tonalidade (ou matiz) do desempenho de um agente associado a Fundamentos do Burlesco se aplicam ao seguinte esquema:

O burlesco expressa o significado para a relação entre uma idéia ou ação desejada  e um fundamento implicitamente utilizado e captado pelo interlocutor (ou público alvo).      
(j_nagado – 27.11.2011)

CONFRARIAS DO RISO - ESSAS E OUTRAS – 001.2012


Confrarias do Riso


Moacyr,  boa noite!

Tenho recebido muitos e-mails interessantes da Confraria  “Essas e outras”,   demandando bastante atenção para não me dispersar em relação ao objetivo do blog e das Confrarias do Riso, procurando a essência das questões do Burlesco.

A leitura do ambiente burlesco busca encontrar o significado  das coisas, seja no sentido lógico, ideológico ou comportamental. Assim, comentamos dois e-mails.

1.       Casada com um tal Calvin....

A piada expõe a questão ideológica da alienação (emancipação?) da mulher atual, não só pelo poder que adquiriu com o cartão de crédito e com o celular, mas também pelo acesso ao “status” que lhe dá o cãozinho de estimação. As palavras do  Policial (“OK. Vamos procurar pelo cachorro primeiro!!!”) expõem de maneira precisa esta assertiva.

2. frases de humor kkkkk boas elas

Princípios da lógica revelam o sentido engraçado de piadas e frases. Considerem duas das frases enviadas.

Princípio de (não) Contradição: Gaúcho que é gaúcho não navega na internet; atravessa a nado! 
Princípio de Razão Suficiente: Não ria de tudo, pois quem acha tudo gozado, é faxineira de motel...    
... Fui.
Ab.
 Nagado


Sob este título, são  comentadas no blog algumas contribuições das Confrarias, observando-se o uso de termos e conceitos utilizados no Burlesco. 

ESSAS E OUTRAS – 001.2012

2.3 Argumentos –(Extrato de texto do Burlesco)


A definição de argumento utilizado na consecução de uma piada faz parte do  sentido estrutural que se pretende dar ao Burlesco.
Assim, retirando-lhe o caráter sério fundamentado na opinião corrente ou no senso comum, o argumento no burlesco  estabelece relações   relevantes entre  a  racionalização subjetiva de um ponto de vista e as premissas supostamente verdadeiras contidas na  proposição de uma  idéia ou ação,  tornando-o pragmaticamente válido, o que resulta, nestes termos, em uma exposição  de retórica claramente  impositiva.
Este argumento “pragmaticamente válido” define uma designação alternativa para uma aceitação grotesca e indulgente de causas, tornando a verdade e a falsidade apenas  uma questão de convenção, ou como dizem os políticos, “estão em aberto”.
Vamos tomar a quarta piada apresentada   anteriormente para mostrar como isso ocorre no burlesco,

Piada
Um gaúcho se encontra com outro:
-         Barbaridade, tchê! Estou voltando de São Bento do Descampado! Que cidade, piá!
-         Gostou?
-         Gostei nada!. Lá só tem prostituta e jogador de futebol.
-         Pera lá, homem. Minha mãe vive lá!
-         Ihhh, rapaz, a véia tá jogando um bolão!

Como vimos, essa piada analisada sob os aspectos dos Domínios do Burlesco, nos diz que:
Natureza: explora de forma simpática o estereótipo do sujeito que não leva desaforo pra casa. 
Eficiência: sem intenção maldosa, a mãe de um dos personagens foi colocada entre dois juízos (prostituta e jogador de futebol). Intencionalmente ou não, ofender a mãe de alguém, já cria a tensão necessária para qualquer piada produzir o riso.
Captação: A piada explora o fato de que não havia uma terceira alternativa de juízo para a mãe. Reduzindo a legitimidade a apenas uma das alternativas, no caso, jogador de futebol, excluiu a possibilidade de outra saída honrosa para o primeiro gaúcho. (neste sentido, fica implícita a noção de fundamento)
Alcance: A palavra prostituta, poderia causar bloqueios, mas o argumento utilizado (“a véia tá jogando um bolão”) legitimou apenas o jogador de futebol, transferida para uma figura familiar, a mãe, que provoca o riso.
Nesta análise, podemos dizer que o fundamento burlesco implicitamente utilizado foi a “saída honrosa”, que em lógica chamaríamos de “Princípio do Terceiro Excluído” (em alguns casos podemos chamar de “Princípio da Inclusão”).
Observa-se que o argumento utilizado (“a véia tá jogando um bolão”), modifica a causa do “estranhamento” do segundo gaúcho, preserva a idéia do valor moral representada pela figura da mãe e elimina (legitimou a mãe do gaúcho como jogador de futebol) qualquer condicionamento prejudicial (bloqueios)  à ocorrência do riso, evocado dentro desse espaço psíquico-social - “Situação / Mãe / Prostituta,Jogador de futebol” - explorado na piada.  Em outras palavras, o argumento “pragmaticamente válido”, teve como resultado levar o primeiro gaúcho a  colocar do seu lado o julgamento crítico do outro gaúcho.
Do que foi visto, podemos considerar  que o argumento  é uma proposição resultante da composição das variáveis: espaço (psíquico - social),  causa e condicionamento (psíquico / psicológico), cujas definições apresentamos:

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

CONFRARIAS DO RISO - BESTEIROL DO JULIO – 001.2012

CONFRARIAS  DO RISO
Sob este título, são  comentadas no blog algumas contribuições das Confrarias, observando-se o uso de termos e conceitos utilizados no Burlesco. 

BESTEIROL DO JULIO – 001.2012

Subject: RSRSRRSRS - Cachorrinha no cio.
Date: Fri, 6 Jan 2012 16:32:28 -0200
Cachorrinha no cio...

Uma garotinha pergunta à sua mãe:
-Mamãe, posso levar nossa cachorrinha para andar em volta do quarteirão?
A mamãe respondeu:
-Não, porque ela está no cio.
-O que é isso? perguntou a menininha.
-Vá perguntar a seu pai, ele está na garagem.
A garotinha foi até à garagem.
-Paizinho, posso levar a LulaBelle para uma volta no quarteirão?
Eu pedi à mamãe, mas ela disse que a cachorrinha está no cio e então eu vim falar com você.
O Papai disse:Traga a LulaBelle aqui.
Ele pegou uma estopa, embebeu-a em gasolina e esfregou as costas da cachorrinha com a estopa
a fim de disfarçar o cheiro, e disse:
-Tudo bem, pode ir, mas mantenha LulaBelle na coleira e só dê uma volta em torno do quarteirão.

A garotinha saiu e voltou poucos minutos depois sem a cachorrinha na coleira.

Surpreso, o papai perguntou:

- 'Onde está a LulaBelle?'

(VOCÊ VAI ADORAR A RESPOSTA!)

A garotinha disse:
-"Acabou a gasolina na metade do quarteirão, mas tem um cachorro empurrando ela de volta."
 


Caro Julio, boa noite!
Parece que v. não lê meus e-mails, caso contrário teria algo a dizer em relação ao item  (6) do Besteirol do Julio – 03 de jun. 2010, que repito a seguir:
6. Da série "PPP" - Pensamentos Profundos e Perenes"‏
Um dos pensamentos vale para o próprio autor das PPP:
“É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que v. é um idiota do que falar e acabar com a dúvida” (A.Lincoln)
 Apesar do seu precavido silêncio, continuo postando comentários para o seu “Besteirol do Julio”, pois v. foi escolhido a dedo, com a precisão de um proctologista (ou com a sabedoria do Encantador de Moscas – do item (2)  do mesmo Besteirol citado acima), pois a mosca Curiosamente teima em pousar   no dedo que v. aprecia.
Resta olhar, sob o ponto de vista do Burlesco, e aqui v. justifica a escolha, a tremenda piada que v. enviou, mesmo sem perceber sua profundidade.(olha o dedo!).

Cachorrinha no cio
Essa piada tem como fundamento, uma questão importante na psicologia infantil: Porque os adultos não respondem honestamente as perguntas feitas pelas crianças?
O argumento da piada,  “Acabou a gasolina na metade do quarteirão, mas tem um cachorro empurrando ela de volta”, confronta a lógica (insuficiente)  da resposta da mãe   com a postura do pai (que preferiu não experimentar sentimentos penosos com uma explicação plausível).
Do confronto dessas duas proposições, emerge o comportamento Cândido da menina, com uma resposta deslocada da imagem erótica para outra,  agradável para os pais (“nossa filha é inocente”), que provoca nosso riso.
Júlio, o título deste comentário serve também para lembrá-lo de visitar-nos na CONFRARIA DO RISO – http://licburlesco.blogspot.com  e convidá-lo a apresentar seus comentários como a primeira (2005)  Confraria  do Riso citada no blog.

Abraço
Nagado